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HISTERIA NA CONTEMPORANEIDADE

Por:   •  22/2/2022  •  Monografia  •  2.193 Palavras (9 Páginas)  •  68 Visualizações

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CENTRO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

HISTERIA NA CONTEMPORANEIDADE

CICLO I – quinta-feira/manhã

São Paulo – Novembro – 2016

Os estudos sobre a histeria são um marco para a psicanálise Freudiana. Através da investigação clínica de diversos casos foi possível verificar que este fenômeno está diretamente ligado à cultura. Sendo assim, é possivel observar e compreender as mudanças ocorridas nos sintomas histéricos ao longo dos anos.

Desta forma, a histeria torna-se tema central desta discussão, para investigar como se dá os sintomas de tal neurose na atualidade.

  1. Conceituação histórica de histeria

Historicamente, desde Charcot a histeria estabeleceu-se como uma patologia sem etiologia orgânica portanto psicológica. Os sintomas característicos eram : Paralisias, anestesias, desmaios entre outros. Tais sintomas se davam como uma imitação do sintoma orgânico. A investigação de Freud sobre os motivos da simulação trilharam um caminho ao inconsciente. ( Fonseca, 1997)

É importante destacar que a histeria foi constantemente vista como um fenômeno predominantemente de ordem feminina e a estrutura histérica foi importante para a compreensão da psicologia da mulher. Mas a principal importância desse ligação seria o valor da sexualidade no desenvolvimento das doença psiquicas. ( Fonseca, 1997)

2. O mecanismo psíquico

Para Freud somos seres pulsionais. Na formação psíquica, as pulsões vão registrando traços que correspondem a representações. Neste momento pode-se localizar o recalque originário que funda o inconsciente instaurando a perca da primeira experiência, tornado-a mítica. (Freud, 1900)

Num segundo momento  as representações vão se identificando com outras novas para que assim possam passar pela censura, pelo recalque. Por fim, o que está recalcado retorna. Este sempre ligado a algo conflitivo, pode ser prazeroso, e geralmente o é porém é uma representação intolerável. (Freud, 1917)

Freud afirma que os histéricos sofrem de reminiscências. O sintoma é portanto a evidência de que algo foi deslocado e não está acessível a instância do consciente.

 O sintoma é uma dentre outras formas pelas quais o recalcado pode retornar.

3. A sexualidade

 3.1 O trauma

Por certo tempo acreditou-se que a causa dos sintomas seria um acontecimento traumático, uma sedução real. Porém Freud compreendeu que a fantasia do trauma ou da sedução seriam suficientes para despertar a neurose. Fato e fantasia tem o mesmo peso. ( Fonseca, 1997)

Ao caracterizar a ordem sexual  e fantástica como plano central da histeria, Freud marca decisivamente a conceituação como conhecemos hoje. ( Fonseca, 1997)

Neste momento o erotismo é localizado no psiquismo do sujeito e marca a sua leitura na modernidade.

3.2 A origem da organização sexual

Freud afirma que a origem da história libidinal representada pelos traços psíquicos oriúndos das fixações pulsionais estão presentes ainda na infância. Esta dinâmica que irá ordenar a sexualidade. (Birman, 2001)

Sobre a sexualidade humana, Freud (1905) aborda três temas centrais: as aberrações sexuais, a sexualidade infantil e as transformações da puberdade.

A organização sexual transita entre as fases oral, anal, fálica, latência e genital. Esta última terá seu destaque na puberdade, as outras estão presentes desde a infância até a fase adulta. Com isso Freud localiza a sexualidade no corpo, no auto erotismo.

Freud teoriza sobre dois pontos importantes para a compreensão da neurose histérica. O complexo de Édipo e a diferença sexual (falo).

O discurso Freudiano sobre o complexo de Édipo era uma narrativa do ponto de vista do masculino. O menino tem o desejo de ter a mãe para sí e polarizava esse amor com o ódio ao pai, que o impedia de tê-la. (Birman, 2001)

A princípio afirmou que para a menina seria válido o contrário. Posteriormente atualizou a teoria já que a mãe é a figura originária para ambos. Em meio a esta discussão inseriu-se a articulação entre a inexistência do pênis e a inveja do pênis. (Birman, 2001)

Se no édipo masculino a angústia de castração era uma fantasia significante, o arrancando da mãe e lhe conduzindo ao mundo paterno, na mulher, onde a castração era real no corpo pela ausência do falo esta era conduzida a busca do orgão faltante. (Birman, 2001)

Birman ( 2001)  afirma que na histeria a memória do recalcado é sempre convocada a retornar trazendo consigo suas reminiscencias erógenas. Tais reminiscencias estariam presentes por exemplo nas convulsões histéricas. Sendo sua exibição barulhenta e espetacular uma memória do gozo do sujeito provenientes das marcas pulsionais.

Nesse contexto Freud destaca a conversão como a modalidade de defesa da histérica, o deslocamento do registro psíquico do retorno do indesejado para o registro corporal.  

4. Cultura e subjetividade

4.1 Histeria na modernidade

Birman (2001) destaca que ao longo dos tempos as mulheres foram resistindo a hieraquizarção da sexualidadade. Precisamente no século XIX houve a resistência à sua restrição à  condição maternal.

As figuras femininas que resistiam eram: “Antes de mais nada, a prostituta, que vivia do comércio do amor e do sexo. Em seguida, a infanticida, que matava ou abandonava os seus filhos logo ao nascer. Finalmente, a ninfomaníaca, que era insaciável no seu gozo. Em todas essas figuras emblemáticas da resistência feminina, o que se destacava era a afirmação do erotismo contra a camisa-de-força da maternidade, de forma que a patologização empreendida pela psiquiatria era a mediação para regular a criminalização de que tais figuras eram objeto no espaço social.” (Birman, 2006)

A quarta figura de resistência seria a histérica. Esta condensava traços das três anteriores a fim de afirmar o seu erotismo contra o ideal materno. Contrariando também o modelo da diferença sexual.

A grande diferença entre a histérica e as três figuras de resistência citadas é que ela não passava ao ato, ficava apenas no imaginário.

4.2 O novo mal-estar

Birman (2011) em sua releitura de o mal-estar na civilização afirma que a psicanálise é um leitura da subjetividade e de seus impasses históricos e antropológicos. Para ele, este texto nos coloca de frente à critica psicanalítica da modernidade o que nos depara com a condição trágica do sujeito neste mundo.

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