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Laraia "Cultura: um conceito antropológico"

Por:   •  28/5/2019  •  Resenha  •  1.584 Palavras (7 Páginas)  •  725 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ.

 

 

Primeira Avaliação.

LARAIA, Roque de Barros, 1932. Cultura: um conceito antropológico. 14. ed. Rio de Janeiro: Jorge "Zahar” Editora, 2001.

 

Disciplina: Antropologia Educacional.

Professora: Kassya Christinna Oliveira Rodrigues.

Acadêmico (s): Gisele Venâncio.

                                      Thiago Henrique Queiroz Silva.

 

 

 

Óbidos – 2018

Introdução

Laraia (2001) em seu livro "Cultura: Um conceito antropológico", a partir de experiências e conhecimentos adquiridos ao longo de sua vida, introduz o leitor ao conceito antropológico de cultura. Com o livro dividido em duas partes: “a primeira diz respeito ao desenvolvimento do conceito de cultura a partir das manifestações iluministas até os autores modernos”, e a segunda com enfoque em “demonstrar como a cultura influência o comportamento social e diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica. ”

Primeira parte: “DA NATUREZA DA CULTURA OU DA NATUREZA À CULTURA.”

LARAIA inicia a primeira parte do Livro "Cultura: um conceito antropológico" tratando nos capítulos 1 e 2 sobre determinismo biológico e geográfico, respectivamente. No primeiro caso, o ser humano estaria condicionado a agir e comportar-se conforme sua biologia, já no segundo o ambiente físico seria o responsável pela diversidade cultural. Conceitos refutados pelo próprio autor, uma vez que "as diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas através das diversidades somatologicas ou mesológicas", pois a cultura em si estaria no ato de aprendizado, da sua apropriação, no processo de endoculturação. As diferenças entre os gêneros não são explicadas pelas diferenças hormonais, mas pela forma que se deu a educação, da mesma forma que não ocorre uma “ação mecânica das forças naturais" sobre o homem, pois de todos os seres vivos, o ele foi capaz de romper barreiras e se tornar o “mais temível dos predadores." E se esses tipos de pensamentos etnocêntricos fossem válidos, ocorreria um padrão comportamental biológico e geográfico, algo que na prática não ocorre. Entrando no capítulo 3 o autor nos relata, ao mesmo tempo que discorre sobre a historicidade do conceito cultura, citando vários autores. Vê-se o pensamento de Edward Tylor (1832 – 1917) que sintetizou o termo “culture de “kultur” - "simboliza os aspectos espirituais de uma comunidade"- e “civilization -“relações materiais de um povo." Com esse termo abrangendo a cultura como forma de aprendizado. Da mesma forma que John Locke (1632-1704) “ ensaiou os primeiros passos do relativismo cultural ao afirmar que os homens têm princípios práticos opostos”. Na sequência LARAIA, no capítulo 4 retrata o desenvolvimento do termo cultura, percebem-se pensamentos etnocêntricos e ao mesmo tempo europeus, onde ao estabelecer-se uma escola evolutiva, ocorria um processo discriminatório, com sociedades classificadas de forma hierárquica. Para Tylor "A diversidade é explicada “ como resultado da desigualdade de estágios existentes no processo de evolução", porém ele negava a questão do relativismo cultural. Se esse Darwinismo Social fosse verdade, apenas uma sociedade - no caso a mais avançada - seria a responsável por todas as invenções. Para o autor, todos são capazes de adquirir e acumular conhecimento, da mesma forma de utilizar esse conhecimento para o repasse ou para as invenções. Uma vez que "O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado." No capítulo 5 a questão de como surgira a cultura, foi umas das primeiras preocupações para os estudiosos e não faltaram proposições para respondê-la. Enquanto Lévi-Strauss considerava "que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma", para o neo-evolucionista Leslie White "a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro foi capaz de gerar símbolos.", e para os mais religiosos a cultura surgiu no momento em que o humano recebeu a alma de Deus, além de muitas outras. Mas para LARAIA, o aparato biológico humano se desenvolveu junto com a cultura, algo simultâneo, pois foi relatado por Clifford Geertz que o Australopiteco Africano possuía uma estatura não superior a um metro e vinte (1,20 m), e um cérebro um terço (1/3) menor que o do homo sapiens, e mesmo com essa condição cerebral, essa espécie já praticava a caça e a manufatura de objetos, além de um sistema rústico de linguagem, levando ao pensamento de que a  maior parte do crescimento cortical humano foi posterior e não anterior ao início da cultura. Findando a primeira parte, no capítulo 6, o autor ressalta que entender cultura é mais que aprender um conceito, é entrar na própria natureza humana, uma vez que nascemos com várias possibilidades, porém só vivemos uma, visto que " a criança está apta ao nascer a ser socializada em qualquer cultura existente. (...), entretanto, será limitada pelo contexto real e específico onde de fato ela crescer." Cultura é portando uma condição, são símbolos partilhados por um povo, por uma sociedade.

Segunda parte: “COMO OPERA A CULTURA.”

Na parte 2, LARAIA pretende “mostrar, de uma maneira mais prática, a atuação da cultura e de que forma ela molda uma vida num ser biologicamente preparado para viver mil vidas". Ele inicia o capítulo 1 expondo que faz parte da formação cultural humana olhar de forma pejorativa para as outras culturas, com um olhar etnocêntrico, e com esse olhar, considerar seu modo de viver e a sua cultura como correta, gerando assim um sentimento de superestima em seu grupo, e inferioridade com os outros. Rir, sentar-se, comportar-se a mesa etc., "ao invés de ser determinado geneticamente, depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo", da mesma forma que muitas vezes crenças e pensamentos repassados culturalmente "contém o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizados para justificar a violência praticada contra os outros." Continuando o desenvolvimento o autor prossegue relatando no capítulo 2 como a cultura motiva o homem e quando eles por livre arbítrio ou de forma forçada abandonam a crença na sua cultura, "perdem a motivação que os mantém unidos e vivos." Da mesma forma que motiva, "a cultura também é capaz de provocar curas de doenças reais ou imaginárias." No capítulo 3, LARAIA relata que um indivíduo não participa completamente da sua cultura, por uma barreira cronológica ou estritamente social. Na primeira percebe-se que um jovem será muito mais ágil que um idoso, da mesma forma que o idoso terá muito mais conhecimento acumulado que um jovem, sem generalizar. A segunda diz respeito as regras e etiquetas sociais, em algumas sociedades uma mulher torna-se adulta no ato da menstruação, que no geral ocorre na adolescência, enquanto o homem precisa de uma idade mais avançada para ser considerado adulto, mas será que ela está pronta para as responsabilidades que vem com a vida adulta? Caso ela quebre a regra qual será a reação do restante? Por isso é necessário o mínimo de conhecimento para operar em um sistema cultural, que se encontra no processo de aculturação. Prosseguindo, no capítulo 4 LARAIA mostra que "todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo transferir a lógica de um sistema para outro. ” Têm-se como exemplo o homem tribal que não possuía microscópios, a partir de suas observações ele construiu suas próprias teorias, assim como não “é nada ilógico supor que é o Sol gira em torno da Terra”, pois esta é uma sensação, então cada cultura ordena seu modo de mundo, e esse modo “dá um sentido cultural à aparente confusão das coisas naturais. ” Com a sociedade para Lévi-Strauss sendo um reflexo dos meios materiais que possuem para entender o mundo a sua volta. Encerrando a parte 2, LARAIA no capítulo 5 mostra como a cultura é dinâmica e está sempre em mudança, as vezes lenta e as vezes brusca, pois os homens “têm a capacidade de questionar os seus próprios hábitos e modificá-los. ” Com as mudanças na maioria das vezes gerando conflitos e questionamentos, uma vez que ocorre a quebra de um padrão cultural. Da mesma forma que se faz necessário a compreensão das outras culturas, “é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema”, sendo este “o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir. ” O autor ao finda o livro com dois anexos. O primeiro mostra experimentos humanos citados por KROEBER em seu artigo “o superorgânico” afim de demonstrar que o que muitos chamam de natureza humana, na verdade faz parte de um processo de aprendizado. Qual a língua e religião da natureza humana? Mas será que a natureza humana independe de um processo cultural? Não, tudo depende de um processo que chamamos de endoculturação, sendo a natureza humana um próprio processo cultural. No anexo 2, LARAIA, relata de forma simples e clara as difusões das diversas culturas que há no mundo, apesar de todos os seres humanos alegarem pertencer a uma só cultura, na sua própria cultura ocorre uma difusão, que para alguns é imperceptível. Querendo ou não cada pessoa tem um pouco da cultura do outro e isso fica evidente no texto do antropólogo Ralph Linton, ele relata o simples dia de um cidadão norte-americano, mas nesse dia simplista, há fazeres e costumes que não pertencem a cultura americana, mostrando como a cultura é difusa.

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