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A CULTURA: CONCEITO DE CULTURA

Por:   •  1/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.474 Palavras (6 Páginas)  •  1.268 Visualizações

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A CULTURA

CONCEITO DE CULTURA

Os povos antigos viam a cultura como sendo uma forma de simbolizar os aspectos espirituais de uma comunidade. No entanto Edward Tylor (1832-1917, apud LARAIA, 1932, p. 25) definiu cultura pela primeira vez, como é utilizada atualmente, como este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

Dessa maneira, entende-se por cultura a forma de viver de um grupo, que partilha dos mesmos hábitos. A cultura não é herdada através da genética, se trata de tudo o que o indivíduo adquire, no decorrer da sua vida, com a sociedade na qual está inserida. Refere-se à adaptação do ser humano aos diferentes ambientes que passa no decorrer de sua trajetória, bem como a capacidade de mudar esse habitat segundo suas necessidades, ou seja, a cultura pode ser um conjunto de costumes e particularidades herdadas de várias gerações, bem como alteradas, criando novas concepções e criando novos conceitos.

 Sendo assim, nota-se que a cultura não é formada em um curto espaço de tempo, leva-se anos para a construção de traços, valores e singularidades de cada sociedade. Para Mello, “na verdade, a cultura, em sentido largo é todo o conjunto de obras humanas”. Dessa forma, o ser humano visto como foco da evolução, partindo do ideal de que em qualquer local onde existam homens, há ideias e padrões comportamentais, e, portanto, há uma cultura.

ETNOCENTRISMO

Faz parte da cultura de cada grupo a maneira de lidar com determinadas variantes: a organização social e sua estrutura, a importância que é dada ao futebol, a forma de se vestir, de se comportar a mesa, as leis que os regem, as maneiras de se relacionar com as pessoas, sejam elas parentes, amigos ou estranhos, as técnicas de trabalho, as habilidades em artes, as crenças e religiões, a forma em que os partos são feitos, etc. Cada cultura engloba suas formas de agir e pensar sobre cada situação, e, todas elas precisam ser respeitadas, por mais diferentes que sejam da cultura em que vivemos.

Cada pessoa é tendenciosa a achar que sua forma de ver é a correta, tendendo a supervalorizar sua cultura e desvalorizar as outras possibilidades, os outros costumes e hábitos que são diferentes dos seus. Ao colocar sua cultura como centro, como a correta, como superior às outras, está se estabelecendo o etnocentrismo. Para Everaldo Rocha (1988), “etnocentrismo é uma visão do mundo onde nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência”.

Com isso, o etnocentrismo nada mais é do que a dificuldade de pensar nas diferenças, uma apreensão em aceitar o que é estranho aos nossos olhos como natural e importante. É contrastar a própria maneira de viver com a maneira do outro e julgar de forma excludente a diversidade, sendo responsável por conflitos sociais e hostilização contra minorias.

Ao entender a cultura alheia como organização diferente, com lógicas e particularidades próprias e não menos importante do que a que se está inserido, sem criar uma competição entre o “eu” e o “outro”, sem explanar seu modo de vida como correto e universal, fala-se em relativização cultural.  De acordo com Everardo Rocha:

“relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Ver as coisas do mundo como a relação entre elas. Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença. 

A IMPORTÂNCIA DA CULTURA PARA O INDIVÍDUO

        É sabido que o indivíduo aprende, no meio em que vive, suas crenças, valores, costumes, etc., padronizando alguns comportamentos e criando uma identidade coletiva. Segundo Laraia (1932), “o homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado.” No entanto, o ser humano não adquire todos os elementos impostos pela sociedade em que está inserido, mas sim particularidades transmitidas pelo contexto social em que vive, ajustando a cultura às suas necessidades e vice-versa.

        A cultura se constitui de um conjunto de seres humanos que interagem entre si e adotam uma forma comum de viver, produzindo personalidades e destacando divergências entre o indivíduo e a cultura a qual pertence. Nota-se, ainda, que a sociedade e seus indivíduos necessitam da existência do fator sociocultural para manterem a individualidade, personalidade e identificação do seu grupo social.

        Dessa maneira, fica evidente a necessidade do indivíduo fazer parte de um grupo para a existência de uma cultura, a qual só existe com a presença de vários seres humanos e a troca de experiências entre os mesmos. De acordo com Arendt, “nenhuma vida humana, nem mesmo a vida do Eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos. Ou seja, está sempre presente na vida humana o fato de viver entre homens” (2002, p. 21).

O filme “O enigma de Kaspar Hauser”, baseado em fatos reais, mostra a vida de um rapaz que viveu isolado durante anos em um porão (desde seu nascimento), sem nenhum contato social, acarretando em prejuízos em seu desenvolvimento e processo de assimilação. Ao ser liberado do local onde estava aprisionado, K. Hauser foi acolhido por uma família, mas não sabia falar, não parecia ter emoções, não possuía partes de suas funções motoras, não sabia se alimentar em uma mesa, não conhecia o que era medo, nem distinguia sonho de realidade. Ao passar a conviver em sociedade e se relacionar com outros seres humanos, ele constrói sua identidade e aprende muitas coisas, porém era um transtorno para o grupo ao qual foi inserido, que já tinha valores constituídos, sofreu retaliações, que acarretaram em sua morte.

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