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O Behaviorismo e Laranja Mecânica

Por:   •  30/11/2022  •  Trabalho acadêmico  •  936 Palavras (4 Páginas)  •  153 Visualizações

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JULIANO MALDOS VEIGA -  RGM 11192100212 – PSICOLOGIA - 1º SEM. NOTURNO

CRÍTICA DO FILME LARANJA MECÂNICA – PROFESSOR GABRIEL TARRAGÔ

Behaviorismo e Laranja Mecânica

Laranja Mecânica (1971), dirigido por Stanley Kubrick, é um filme de ficção científica baseado no romance homônimo de Anthony Burgess publicado em 1962. A história é narrada pelo próprio protagonista, Alex, interpretado por Malcolm MacDowell, e retrata uma Grã-Bretanha futurista, violenta e autoritária. Polêmico e provocador, Clockwork Orange (título original) foi censurado no Brasil e posteriormente exibido com tarjas pretas cobrindo a nudez nas cenas.

Nessa fantástica obra de Kubrick não é difícil perceber a inspiração latente da Psicologia Comportamental Cognitiva, principalmente no que tange a tentativa de controlar o comportamento do personagem principal através de uma técnica fictícia de condicionamento chamada de “Tratamento Ludovico”, marcadamente inspirada em Pavlov, que  faz uso do Condicionamento Respondente (S-R) para modificar o comportamento, técnica esta que por sua vez influenciou os trabalhos de John Watson, conhecido como o “pai do Behaviorismo”. A técnica é um processo de aprendizagem e modificação de comportamento através de mecanismos estímulo-resposta. Realizado com o auxílio de um cão como cobaia, o experimento de Pavlov relacionou a exposição de comida e a automática salivação do animal e denominou a comida de “estímulo incondicionado” e a salivação de “resposta incondicionada”. Foi introduzida então nessa relação simples e natural uma sineta (que ele chamou de “estímulo neutro”, pois não tem qualquer relação com o comportamento de salivar). Sempre que a comida era apresentada tocava-se a sineta. Essa ação foi repetida por diversas vezes e depois de algum tempo o cão passou a salivar apenas com a presença do barulho da sineta, reflexo esse que Pavlov chamou de “resposta condicionada”. O ato de tocar a sineta, antes um “estímulo neutro”, foi denominado então de “estímulo condicionado”.

O “Tratamento Ludovico” tem relação com o Condicionamento Respondente na medida em que, em Laranja Mecânica, os médicos do governo aplicam no paciente injeções com uma droga que provoca náuseas. O remédio é o “estímulo incondicionado” e as náuseas provocadas em Alex a “resposta incondicionada”. O “estímulo neutro” foi então introduzido na forma de exposição de imagens extremamente violentas em uma enorme tela que o personagem era obrigado a assistir. O resultado da repetição desse processo foi transformar a violência em “estímulo condicionado” e as náuseas em “resposta condicionada”. Cada vez que Alex se via em uma situação de violência passava a se sentir extremamente mal. O roteiro apresenta um outro detalhe curioso: foi introduzido também, aparentemente sem intenção, um outro “estímulo neutro”: a 9ª Sinfonia de Beethoven e o paciente, que era fã da obra do compositor, passou também a sentir náuseas ao escutar a música como efeito colateral, o que reforça o perigo e a falta de humanismo de se usar o ”Tratamento Ludovico” em pessoas.

Não é raro encontrarmos análises e críticas acerca do filme Laranja Mecânica que relacionam erroneamente o “Ludovico” com a obra de outro behaviorista, B.F. Skinner. Diferentemente de Pavlov e Watson, Skinner trabalhou em sua teoria com a ideia de que o comportamento é influenciado pelas consequências que comportamentos similares tenham gerado para o indivíduo no passado. Chamado de Condicionamento Operante (S-R-S), o trabalho do americano afirma que a ações do indivíduo partem de um contexto pré-existente para que elas sejam realizadas, por exemplo: uma bola em um gramado, juntamente com o histórico comportamental (chamado de “estímulo discriminativo” e representado pelo primeiro “S” da fórmula S-R-S), é o contexto no qual a pessoa emite a resposta de chutar a bola (representado pelo “R”). O resultado dessa ação é chamado de “estímulo consequente” (último “S”) e pode aumentar ou diminuir a frequência do comportamento “chutar a bola” dependendo do resultado da ação.

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