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O CONTEXTO HISTÓRICO DA DOENÇA DE TAY-SACHS

Por:   •  26/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  4.888 Palavras (20 Páginas)  •  276 Visualizações

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  1. CONTEXTO HISTORICO DA DOENÇA DE TAY-SACHS

A forma clássica da doença de Tay-Sachs é uma desordem genética fatal em crianças que causa progressivamente a destruição do sistema nervoso central da criança.

Esta doença é assim chamada devido a Warren Tay (1843-1927), um oftalmologista britânico que em 1881 descreveu num paciente de um ano de idade com atraso mental, uma mancha em forma de "cereja-vermelha" na retina dos seus olhos. E também devido a Bernard Sachs (1858-1944), um neurologista nova-iorquino cujo trabalho alguns anos mais tarde  forneceram a primeira descrição das alterações celulares da doença que consistiam em distensão do citoplasma e em inchaço das dendrites, em doentes com o mesmo tipo de atraso. Sachs reconheceu ainda a natureza familiar desta doença, pela observação de numerosos casos, em que a maioria dos bebés com esta doença eram de origem judaica da Europa de leste. 
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  1. O QUE É A DOENÇA DE TAY-SACHS?

A doença de Tay-sachs é uma doença genética muito rara, autossômica recessiva. Na sua forma mais comum ela atinge principalmente as crianças, provocando uma deterioração progressiva das células nervosas e de habilidades físicas e mentais, a qual começa nos primeiros meses de vida e geralmente resulta na morte dos portadores torno dos quatro anos de idade.

  1. CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA DA DOENÇA

 A doença de Tay-Sachs (DTS) é causada pela ausência de uma enzima vital chamada hexosaminidase A (Hex A). Sem Hex A, a substância gorda ou lípido chamado gangliósido GM2 acumula-se anormalmente nas células, especialmente nas células nervosas do cérebro. Esta contínua acumulação causa danos progressivos nas células. O processo destrutivo tem um início muito cedo na gravidez, no entanto, clinicamente a doença só se manifesta quando a criança tem alguns meses. Uma criança com Tay-Sachs aos três ou quatro anos de idade, tem o sistema nervoso tão gravemente afetado, que a vida não é suportável. Mesmo com o melhor dos cuidados, todas as crianças com a forma clássica de Tay-Sachs morrem cedo, normalmente até aos cinco anos de idade.

Um bebé com a doença de Tay-Sachs apresenta-se saudável à nascença e parece desenvolver-se normalmente até aos 4 - 6 meses de idade. Os primeiros sinais da DTS são vários e evidenciam-se em diferentes idades nas crianças afetadas. Frequentemente, por volta dos três meses desenvolve-se uma mancha característica com forma de "cereja-vermelha" na mácula dos olhos (Figura 1). Os sintomas da doença de início desenvolvem-se lentamente, ocorre perda da visão periférica, e a criança apresenta uma resposta anormal ao medo. Pelos dois anos, a maioria das crianças têm várias doenças repentinas recorrentes e uma diminuição da função mental. A criança regride gradualmente, perdendo cada habilidade uma a uma, e eventualmente é incapaz de gatinhar, de se virar, sentar ou segurar coisas. Outros sintomas incluem aumento da perda da coordenação, progressiva incapacidade para engolir e dificuldades respiratórias. Eventualmente, a criança fica cega, com atraso mental, paralisia, e não responde aos estímulos do ambiente que o rodeia. 

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  1. FORMAS DE MANIFESTAÇÃO TARDIA DA DOENÇA

Existem outras formas de doença de Tay-Sachs para além da forma clássica que afeta os bebés?

 A forma clássica infantil da doença de Tay-Sachs é a mais comum. No entanto, existem outras formas raras de deficiência de enzima hexosaminas A que são por vezes conhecidas sob o nome de doença de Tay-Sachs. Estas são normalmente designadas como a forma juvenil  (Figura 2) e a forma crónica ou de manifestação em adulto (Figura 3) da deficiência da enzima Hex A. 
   Estas variantes manifestam-se como uma progressiva perda do sistema nervoso. O defeito enzimático é o mesmo da forma clássica da doença, mas as pessoas com a forma tardia da doença têm uma significante redução da quantidade de Hex A em vez da sua completa ausência.

    Crianças com a forma juvenil de deficiência de hex A desenvolvem os sintomas entre os dois e os cinco anos, e assemelham-se aos descritos para a forma clássica. Ainda que o desenvolvimento da doença seja lento, a morte ocorre normalmente por volta dos 15 anos.

    A manifestação da forma crónica da doença ocorre normalmente entre a adolescência e os 30’s anos de idade, com muitas variações entre os indivíduos. Os sintomas vão piorando ao longo do tempo, começando com sintomas subtis como a perda de habilidade para pequenas coisas e alterações de humor, que somente são notadas em retrospectiva depois de a doença ser diagnosticada. As manifestações neurológicas da doença podem incluir: fraqueza muscular, cãibras, estado debilitado e estremecimentos musculares, perda da coordenação motora, fala arrastada e distonia (distorção da postura devido a contrações musculares), mas a audição e a visão permanecem inalteradas. Os indivíduos afetados apresentam alguns destes sintomas, mas não todos eles. 
    Os sintomas apresentados anteriormente aumentam a dificuldade da pessoa se levantar da posição sentada e, por isso, cai frequentemente. Subir e descer escadas, correr e saltar podem tornar-se tarefas difíceis ou mesmo impossíveis com o avançar da idade, aparelhos ou dispositivos de suporte (Figura 2) como braçadeiras ou bengalas podem tornar-se necessários. Eventualmente pode ser a utilização de cadeiras de rodas (Figura 3) ou mesmo adaptações especiais para o automóvel, como o controlo total do carro ao nível das mãos. 
    Alguns indivíduos com a forma adulta da doença têm o seu funcionamento intelectual diminuído, o que pode envolver diminuição da memória, dificuldade de compreensão  e deterioração do desempenho escolar. Alterações do comportamento podem incluir pequenos períodos de tempo de atenção ou alterações da personalidade. Cerca de 40% das pessoas com a doença de Tay-Sachs de manifestação tardia apresentam sintomas do foro psiquiátrico tais como depressões e episódios psicóticos.

   Uma vez que a doença de Tay-Sachs de manifestação tardia é um estado clínico recentemente reconhecido, e com apenas cerca de 100 casos descritos, há ainda muito que aprender sobre esta forma da doença. Muitas vezes estes pacientes foram incorretamente diagnosticados com outras doenças que apresentam o mesmo tipo de sintomatologia, como é o caso da esclerose amiotrófica lateral ou a doença de Lou Gehrig, entre outras. 
    O prognóstico em longo prazo para as pessoas com esta forma de doença é ainda desconhecido, em especial devido à considerável variabilidade que a doença apresenta de um indivíduo para outro. As expectativas de vida para estes indivíduos parecem ser semelhantes aos indivíduos não afetados. Enquanto não existe cura conhecida, o tratamento médico corrente está diretamente ligado com o controle dos sintomas da doença. Adicionalmente, os serviços de apoio para indivíduos e famílias podem ajudar a lidar com os aspectos pessoais e sociais da vida e com o desenrolar de uma doença crónica. 

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