O Caso Fictício

S.A é uma menina de 3 anos, diagnosticada com autismo. No primeiro encontro foi

observado que a criança emite o som das vogais A, I e U, embora não exista função

comunicativa. Ela costuma passar a maior parte do seu dia no tablet. Quando este é

removido, ela se joga no chão e começa a tirar a roupa, parando somente quando

recebe o dispositivo eletrônico de volta. Na primeira sessão, a interação geral foi

bastante difícil, com S.A. apenas observando o ambiente e parecendo distraída

enquanto a terapeuta tentava despertar seu interesse para diversos brinquedos e

atividades. Enquanto a terapeuta apresentava um jogo de encaixe, S.A alinhou as peças

dispostas e quando foi tentado modificá-las, gritou retirando a mão da terapeuta das

peças. O único jogo que ela não alinhou foi quebra-cabeça, mas ela seguia a mesma

ordem da direita para a esquerda da montagem deles. Na sessão, quando S.A tentou

pegar uma boneca fora de seu alcance, não houve tentativa de solicitação a terapeuta,

a criança ao não conseguir pegar iniciou choro, se atirando ao chão. Quando a terapeuta

perguntou “Qual você quer?” segurando a boneca em uma mão e uma bola na outra, a

criança pegou a bola pois estava mais próximo da mesma. Segundos depois ela se

redirecionou à boneca novamente. Na escola, quando um colega se senta ao seu lado

para montar junto o quebra-cabeça, ela grita e puxa a peça que o outro está segurando.

A professora tentou introduzir atividades lúdicas para auxiliar na socialização de S.A,

mas não obteve sucesso. S.A é filha única e em casa foi observado que não existe

independência dela para nenhuma atividade de vida diária. Necessita que um dos pais

retire suas peças de roupa na hora do banho, limpe seu corpo e escove seus dentes.

Quando está na hora de secar o cabelo e ligar o secador, S.A grita e se joga no chão,

batendo seus pés com força. A mãe relata que só consegue secar seus próprios cabelos

quando a criança está na escola ou dormindo, pois quando foi tentado com S.A presente

ela reproduzia o mesmo comportamento. Nas refeições só come se a televisão está

ligada no seu desenho favorito. Sempre que visualiza o celular sendo utilizado pela mãe

e pai, ela o puxa e coloca no mesmo desenho. Caso a família não permita a utilização,

S.A chora e grita, se jogando no chão. Os pais evitam de utilizar o celular na frente dela.