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OS TRANSTORNOS MENTAIS NO PERÍODO PÓS-PARTO

Por:   •  25/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.557 Palavras (11 Páginas)  •  202 Visualizações

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TRANSTORNOS MENTAIS NO PERÍODO PÓS-PARTO

Depressão pós-parto (DPP)

Segundo Iaconelli (2005), a depressão pós-parto (DPP) é um quadro clínico, de origem hormonal ou psicológica, que pode ser severo ou agudo havendo necessidade de fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico, pois dependendo do caso, é necessário o uso de medicação.  A autora afirma que a DPP pode ocorrer com qualquer mulher, mesmo as que tenham boa organização psíquica. A DPP acomete entre 10 a 20% dos casos, e pode iniciar na primeira semana após o nascimento do bebê, permanecendo até dois anos.

Para a autora, as manifestações psíquicas mais comuns no pós-parto, são blues ou tristeza materna, depressão e psicose pós-parto. Embora seja sabido que isso pode ocorrer a qualquer mulher, há fatores comuns de risco que vem sendo estudados, e demonstram alta correlação com a DPP e de acordo com Iaconelli:

mulheres com sintomas depressivos durante ou antes da gestação, com histórico de transtornos afetivos, mulheres que sofrem de TPM, que passaram por problemas de infertilidade, que sofreram dificuldades na gestação, submetidas à cesariana, primigestas, vítimas de carência social, mães solteiras, mulheres que perderam pessoas importantes, que perderam um filho anterior, cujo bebê apresenta anomalias, que vivem em desarmonia conjugal, que se casaram em decorrência da gravidez. (Iaconelli, 2005)

Ainda com Iaconelli (2005), verificamos que é importante observar sintomas como irritabilidade, tristeza, desinteresse pelas próprias atividades de rotina, baixa autoestima, sensação de incapacidade e falta de interesse pelos cuidados com a criança, podendo haver em casos extremos, pensamentos suicidas e homicidas em relação ao bebê, citando também que o quanto antes puder diagnosticar, mais fácil se torna evitar, atenuar e reduzir a duração da DPP.

Segundo Kail (2004, apud Harris et al., 2004) a biologia contribui para a ocorrência da depressão pós-parto, pois durante as últimas fases da gravidez os níveis de hormônios são elevadíssimos. E mais, se as mulheres já estavam deprimidas antes de engravidar ou até mesmo por não terem planejado a vinda do bebê e a ausência de ajuda de outro adulto também podem acarretar na depressão (Kail 2004, apud Brockington, 1996; Campbell et al.; 1992)

Kail (2004, apud Murray, Fiori-Cowley & Hooper, 1996) ainda afirma que os bebês não são afetados caso o período de depressão dure poucas semanas. No entanto, se a duração for de meses, provavelmente, os bebês fiquem deprimidos juntos com a mãe, com o risco de obter outros problemas de comportamento.

Para Neto e Elkis (2007 apud Studd; Panay, 2004), sobre o que leva a mulher à depressão pós-parto “o único fator ambiental que parece ser significativo é a percepção da mulher a respeito do suporte afetivo do parceiro”. (2007, p. 420). Embora, também haja o aspecto hormonal envolvido nesta nova fase em que a mulher fica ansiosa e muita cansada devido à mudança brusca de vida.

Tristeza materna

Segundo Iaconelli (2005), a tristeza materna também conhecida como baby blues, ocorre em 80% dos casos, e mesmo sendo comum, sofre o preconceito de um tabu cultural com relação a adaptação da mulher nesta fase, na qual passa por grandes mudanças psicológicas e no corpo, estando muitas vezes diante de uma realidade totalmente diferente da idealizada, como podemos ver nas palavras da autora:

Precisamos estar atentos às mães que veem no parto uma coisa em si, com o “pequeno inconveniente” de ter que criar o filho depois. Atualmente temos visto um “culto ao parto”, uma verdadeira idealização deste momento, que afinal é apenas uma das etapas de uma tarefa infinitamente maior: criar um ser humano. (Iaconelli, 2005)

De acordo com a autora acima, o bebê surge como um outro ser humano aos olhos da mãe, fazendo seu lugar na configuração familiar anterior (casal), de forma a deixar preservada a vida sexual dos pais, remetendo-os á sua própria infância,  o que a autora afirma ser um quadro benigno, encontrando uma configuração familiar saudável em um mês. Referente aos sintomas, a autora aponta Irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição, tristeza, insegurança, baixa autoestima, sensação de incapacidade de cuidar do bebê e outros.

Psicose puerperal

        Stefanelli, Fukuda e Arantes (2008) afirmam que, além da depressão, há casos em que as mulheres são acometidas pela “psicose puerperal” que inicia subitamente, em torno dos primeiros dias após o parto, podendo durar até três semanas. A ocorrência é de um caso entre 500 a 1.000 nascimentos. Os sintomas são alucinação, delírios, ligados a ideias de suicídio e infanticídio. O quadro é raro, mas não pouco grave, pois acarreta em prejuízos funcionais e possível morte da mãe e do bebê por parte daquela. Tal transtorno é denominado de “depressão psicótica pós-parto” ou somente “psicose pós parto”. É importante que seja identificado o quanto antes, bem como o tratamento seja iniciado com urgência, para que possa evitar novas ocorrências, as quais poderiam acarretar em consequências graves para toda a família.

        De acordo com Nunes, Bueno e Nardi (2005), a psicose pós-parto tem início entre as seis semanas após o parto. Embora ocorra em uma mulher a cada mil partos, o risco aumenta com o histórico deste transtorno na mãe e na família.

        Para os autores, a etiologia pode ser baseada em uma doença mental primária, ou então, a fatores que resultam de uma síndrome mental orgânica em associação com eventos perinatais como, perda sanguínea, infecções, toxemia, que consiste em intoxicação por excesso de toxinas ou intoxicação por drogas. E acrescentam que, somente na ausência desses fatores, é que se pode pensar “em um quadro primário do pós-parto.”.

        Para eles, os sintomas podem vir de queixas de inquietação, insônia, instabilidade de humor e sentimentos de fadiga. Após estas características pode ocorrer confusão, afirmações irracionais, suspeição, bem como ideias obsessivas sobre o bem estar e a saúde do bebê, inclusive, não amá-lo, machuca-lo, ou ambas ideias, concomitantemente.

        Os autores afirmam que “a psicose pós-parto não deve ser confundida com a tristeza pós-parto, condição normal que ocorre em 50% das mulheres. Essa síndrome depressiva leve é autolimitada e não compromete o desempenho da mãe.”. Em contrapartida, afirmam que a psicose pós-parto é uma emergência da psiquiatria.

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