TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

PROTEÇÃO À TESTEMUNHAS E PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO

Por:   •  16/4/2017  •  Trabalho acadêmico  •  6.350 Palavras (26 Páginas)  •  297 Visualizações

Página 1 de 26

DEVRY | FANOR - FACULDADE NORDESTE

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

PSICOLOGIA JURÍDICA


PROTEÇÃO À TESTEMUNHAS E A PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO

ALINE BERNARDO

ANA BEATRIZ MEDEIROS

HELENICE MARIA PINTO DE CARVALHO

RAIMUNDO LIMA

ROGÉRIO PAULO







FORTALEZA – CE

2016

1. INTRODUÇÃO

        A violência é um fator predominante no Brasil e atualmente aparece com mais voracidade e efetividade. A quantidade de pessoas mortas nos últimos anos é de extrema preocupação. Ocupa os maiores índices de violência e mortes do mundo. Segundo a Cartilha de Desmilitarização da Polícia e da Política (2015), mais de um milhão de pessoas foram assassinadas no Brasil nos últimos 30 anos. A estimativa é de uma morte a cada dez minutos (p. 13).

Quando se observa o que permeia esse cenário tão violento e letal, logo se identifica uma lógica capitalista e interesses políticos envolvidos, além de uma cultura de violência e impunidade. Em uma sociedade de consumo e conflitos de interesses, onde há um sistema de exploração do trabalho, a realidade social e cultural afeta e é afetada de diversas formas. Em razão disso, é de suma importância a valorização dos Direitos Humanos (VALADÃO, 2005).

Os Direitos Humanos são direitos universais inerentes à todos os seres humanos, independente da orientação sexual, raça, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou escolaridade, que “garante a proteção da dignidade da mesma, evitando os abusos e omissões do Estado” (BAGATINI, 2012, p. 01). A Declaração dos Direitos Humanos foi elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1948, três anos após a Segunda Guerra Mundial.

É importante destacar que a ditadura militar no Brasil é um exemplo histórico de violação dos direitos humanos, em que o próprio Estado permitiu, numa justificativa política de melhoria para o país, tais violações.

Durante o regime autoritário, os mais básicos direitos e liberdades foram suprimidos, sob as marcas da tortura sistemática, das detenções arbitrárias, dos desaparecimentos forçados, da perseguição político-ideológico, da censura, e da ditadura do Executivo Federal em relação aos demais poderes. (Piovesan, 2003, apud Valadão, 2005 p.400).

As ameaças atualmente mudaram o foco, posto que, se na ditadura militar os indivíduos eram perseguidos por seu posicionamento político, hoje os sujeitos alvos são, prioritariamente, das camadas menos favorecidas da sociedade e até mesmo aqueles que se indignam, lutam ou reclamam para que a instituição jurídica legitime seus direitos de defesa e de outros. Contudo, muitos acabam sendo reprimidos ou mortos.

               A impunidade e o desinteresse das instituições responsáveis pela prevenção e proteção da vida tornam-se banais e naturalizados. Em relação à isto, Alencar, 2000, apud Valadão, 2005 afirma que:

O direito à vida garantido pelas Constituições do país não é acompanhado dos bens materiais que efetivam esse direito. Vive-se hoje sob o paradoxo de popularizar o tema Direitos Humanos, e ao mesmo tempo, depara-se com violações desses mesmos direitos. (p.27).

O sistema de garantia de direitos não é efetivado, a realidade é o descaso, graves falhas no exercício desses direitos e principalmente do direito a vida. Tendo em vista que os direitos humanos, perante a constituição, são iguais e devem ser garantido a todos, o que se nota são as constantes violações dos mesmos. Muitas pessoas acabam ficando em situações onde correm risco de morte e ficam à margem da própria sobrevivência e proteção, afetando diretamente suas vidas e de seus familiares. Sobre essa condição, Valadão (2005) declara que:

O indivíduo que tem conhecimento dos violadores encontra-se, geralmente, em posições de riscos para sua integridade física e psicológica, para a sua vida e de seus familiares. Sendo assim, não sabe o que fazer, a quem recorrer e também em quem confiar. Vive o terror do medo, da angústia de ver “a morte rondar a sua porta”. Não consegue dormir nem se alimentar direito. O que acentua seu estresse e sofrimento. Aceita uma vida de clandestinidade como condição de sobrevivência e em busca de proteção contra o sofrimento. (p.10).

Nesse sentido verificou-se a necessidade e urgência da criação de programas legais, que pudessem resguardar a vida de vítimas ou testemunhas ameaçadas de morte, uma vez que não se pode permitir a violação do direito a vida, que necessita de suporte do estado para sua efetivação, diante de situações que fogem do controle e possibilidades de defesa do indivíduo em questão.

A lei de n°9.807, de 13 de Julho de 1999 da Constituição Federal, foi criada para garantir constitucionalmente à proteção a vida de pessoas em situação de risco. Existem vários critérios e aspectos dentro da lei para caracterizar e acessar o perfil desses sujeitos. Dessa forma a Constituição Federal:

Estabelece normas para a organização e a manutenção de programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação policial e ao processo criminal. (Constituição Federal, 1988).

Pode-se destacar alguns critérios da legislação brasileira no que diz respeito aos programas de proteção a testemunhas, como ocorrer a proteção quando a vítima é exposta a grave ameaça ou que haja uma contribuição com depoimentos que ajude a polícia (municipal, estadual ou federal) na investigação do crime presenciado. (LUCENA, et. al., 2013). Considera-se como critério para a adesão o fator de coação, grave ameaça aos aspectos físicos e psicológicos do indivíduo, cabendo ao estado oferecer proteção e suporte para a vida do mesmo. Ademais, é importante ressaltar que existem programas em que não necessariamente a vítima está contribuindo judicialmente como testemunha, mas que está sofrendo risco de morte.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (41.6 Kb)   pdf (256.3 Kb)   docx (33.4 Kb)  
Continuar por mais 25 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com