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PSICOLOGIA DO ESPORTE MULHERES NO ESPORTE: BARREIRAS E PRECONCEITOS

Por:   •  30/8/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.639 Palavras (7 Páginas)  •  185 Visualizações

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PSICOLOGIA DO ESPORTE

MULHERES NO ESPORTE: BARREIRAS E PRECONCEITOS


2. INTRODUÇÃO

        Atualmente, para que possamos entender a participação feminina no esporte, é importante retornar à história e compreender que o papel da mulher na atividade esportiva está ligado ao seu papel social na história da humanidade. Na década de 1870, na Inglaterra, o ciclismo exerceu grande influência para que as mulheres adquirissem independência física. No final da década de 1890, nos Estados Unidos da América, tal atividade oferecia às mulheres uma recreação ativa e saudável, fazendo com que o uso de espartilhos fosse repensado e a calça fosse inserida no guarda-roupa feminino (Pierro, 2007).

        No esporte, a luta por direitos iguais é refletida nos Jogos Olímpicos. Em 1896, Barão de Coubertin, o idealizador dos Jogos Olímpicos Modernos, não propôs a participação feminina nas competições, alegando que as atividades atléticas tornavam as mulheres indecentes e, pressupostos médicos, alegavam que exercícios poderiam comprometer as funções maternas. Assim, a representação feminina nos Jogos Olímpicos ocorreu somente a partir de 1900 em Paris, mas com um número insignificante de participantes e somente em modalidades restritas, como tênis e golfe. Tais esportes eram considerados, esteticamente, bonitos e não ofereciam contato físico entre as participantes (Pierro, 2007).

        Até o ano de 1924, a representação feminina nas Olimpíadas não chegava a 5% do total de participantes e, somente em 1928, as mulheres puderam competir nas modalidades: ginástica, pista e atletismo. Em 1912, foi permitida a participação feminina na natação, em Estocolmo. As Olimpíadas que ocorreram em Los Angeles (1932) e Berlim (1936), obteve 10% de representação feminina do total de participantes. O desempenho feminino foi ganhando notoriedade após apresentarem rendimentos que se equiparavam aos homens. As mulheres buscavam direitos iguais, porém, mulheres atletas, musculosas e fortes ainda eram vistas como “menos femininas” pela imprensa e pela sociedade. Médicos e administradores esportivos colocavam em dúvida a identidade sexual dessas atletas (Goellner, 2004; Pierro, 2007).

        Nos jogos da década de 50, houve aumento significativo da participação feminina, mas os médicos ainda mantinham a ideia de que provas de longa distância, como a maratona, poderiam causar danos à saúde da mulher. Movimentos feministas passaram a questionar o papel da mulher na sociedade na década de 1960, criticando pressupostos de que a mulher deve se dedicar a casa, família, feminilidade e não à prática de atividades esportivas (Goellner, 2004; Pierro, 2007).

        Na década de 1960, músculos femininos passaram a ser mais aceitos pela sociedade através do movimento fitness que cultuava a beleza do corpo feminino. Porém, esportes que envolviam contato físico ainda estavam associados aos atletas masculinos e, portanto, inaceitáveis às mulheres. Na década de 80, médicos passaram a se preocupar com os esportes que provocavam lesões no seio e começaram a apoiar a participação feminina em provas de longa duração e resistência física (Pierro, 2007).

        Apesar da crescente participação feminina nos esportes de alto nível, ainda participavam de menos eventos e recebiam prêmios inferiores aos dos homens. Em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney, as mulheres atletas representaram 38,3% do total de participantes, porém receberam menor cobertura da mídia. Desde a década de 90, congressos para mulheres administradoras esportivas e técnicas são realizados, porém barreiras econômicas, culturais, políticas e religiosas ainda impedem que muitas mulheres adotem a prática esportiva (Pierro, 2007).

        No Brasil, as mulheres eram incentivadas a praticar canto, declamação e dança. No ano de 1910, algumas poucas mulheres que tinham suporte familiar, praticavam tênis, basquete e natação e muitas mulheres participavam como estimuladoras de torcidas. Em 1920, o país começa a receber mulheres para práticas esportivas em clubes. Nas décadas de 20 e 30 surgem as primeiras esportistas brasileiras: Maria Lenk, 17 anos, nadadora, foi a primeira mulher brasileira que se destacou no esporte e a primeira mulher a representar o Brasil numa competição Olímpica, em 1932 (Goellner, 2004; Pierro, 2007).

        Em 1930, em São Paulo, houve o primeiro campeonato feminino de bola ao cesto. Nesta década teve início o movimento de esportivização feminina da sociedade brasileira. Somente na segunda metade do século XX ocorreu o primeiro evento esportivo exclusivamente feminino, os Jogos da Primavera. Tal evento auxiliou a reformular tabus acerca do assunto. Em 1980, a jogadora de vôlei Isabel atuou nas quadras até o quinto mês da gestação, mostrando que gravidez e prática da atividade física podem caminhar juntas (Goellner, 2004; Pierro, 2007).

        Apesar das mulheres brasileiras marcarem presença nas Olimpíadas desde 1932, apenas seis medalhas de um total de 67 foram conquistadas pelo sexo feminino. Somente no final dos anos de 1990, as mulheres atletas brasileiras ganharam a medalha Olímpica. Nos Jogos Olímpicos de Sydney em 2000, 46,08% dos atletas brasileiros eram do sexo feminino, porém estes dados não significam que exista no Brasil incentivo politicamente organizado para que as mulheres pratiquem esportes (Pierro, 2007).

        De acordo com Parpinelli (2016), a igualdade de oportunidades no esporte está longe de ser uma realidade. Atletas mulheres encontram mais dificuldades de se estabelecer, tanto individual quanto coletivamente. Os salários são mais altos para homens e as seleções femininas possuem mais dificuldades para obter patrocínio. A mídia não possui uma grade de programação para os esportes femininos assim como tem para o masculino. O jornalismo esportivo concentra-se praticamente no debate do futebol masculino.

        No Brasil, as mulheres possuem barreiras que dificultam sua inserção no meio esportivo, pois os esportes continuam sendo avaliados e classificados por gênero. Nossa cultura prega que a força, resistência e competição são características masculinas. Mulheres atletas também são consideradas masculinizadas pelas características psicológicas que carregam, como a determinação, a persistência, a busca de superação e o controle da dor (Hillebrand, Grossi e Moraes, 2008; Pierro, 2007).

        Mulheres atletas, além da estrutura social que dificulta a inserção e a permanência nos esportes, também precisam encarar barreiras do preconceito familiar, fazendo com que o ingresso no âmbito esportivo ocorra de forma tardia. A dificuldade de inserção também pode ocorrer a depender do esporte, como por exemplo, o futsal feminino que por não ser considerado um esporte olímpico, dificulta o crescimento de mulheres praticantes, seja pela falta de patrocinadores ou pela não divulgação da mídia (Santana & Freitas, 2015).

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