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Psicopatologia Do Suicídio

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Por:   •  18/11/2013  •  1.091 Palavras (5 Páginas)  •  496 Visualizações

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Psicopatologia do suicídio

Com relação às teorias psicológicas, a primeira con-ceitualização do instinto demorte (

tanatus

) veio a partir de Sigmund Freud. Em

Luto e Melancolia

, de 1917, opsicanalista declara sua crença de que o suicídio representaria uma agressãovoltada para o íntimo, contra um objeto de amor introjetado e ambivalentementeinvestido, além de um desejo anteriormente reprimido de matar outra pessoa(Freud, 1953). Baseado nas idéias de Freud, Karl Menninger em

El Hombre Contrasi Mismo

concebe três componentes de hostilidade envolvidos: o desejo de matar, odesejo de ser morto e o desejo de morrer (Menninger, 1952).

Não há consenso em afirmar que uma determinada estrutura psicodinâmica ou depersonalidade estejam vinculadas diretamente ao suicídio. Mas algumas fantasiassão constantemente descritas pelas vítimas como desejos de ajuda, poder,vingança, controle, punição, sacrifício, fuga, renascimento ou, ainda, de reuniãocom os mortos (Cantor, 1976; Hendin, 1991; Beautrais et al., 1999).

A psicopatologia é de extrema importância na gênese de numerosos casos e,segundo alguns autores, em até 90% deles há um diagnóstico psiquiátrico presenteou critérios que satisfaçam retrospectivamente a um diagnóstico (Desjarlais, 1997).Em hospitais psiquiátricos, a mortalidade por suicídio é marcadamente aumentada,cerca de 3 a 12 vezes maior que a da população geral, e vem crescendo nosúltimos anos (Engberg, 1994; Casadebaig e Philippe, 1992). Acredita-se que osparentes de primeiro grau dos pacientes psiquiátricos têm um risco quatro vezesmaior de cometerem o ato (Roy, 1983).Verifica-se que 70% das vítimas apresentavam depressão ou alcoolismo comodiagnósticos psiquiátricos de eixo I, 30% a 65% delas eram portadoras dedepressão primária. O maior risco para ambos os sexos vem justamente quando háum transtorno do humor associado (Roy, 1999). Aí a chance aumenta cerca de 30vezes, em relação à população geral (Guze e Robins, 1970). Já o risco entre osalcoolistas é maior de 20 a 60 vezes (Murphy e Wetzel, 1990). Nos EUA, desde1950, o abuso de substâncias também tem sido um fator importante para oaumento das taxas em menores de 30 anos (Rich et al., 1986).

Entre os esquizofrênicos, 10% a 15% acabam cometendo suicídio (Tabbane et al.,1993), a maioria durante os primeiros anos da doença. Portanto, uma vez que seuinício dá-se tipicamente na adolescência ou no começo da idade adulta, os autorestendem a ser relativamente jovens. Os sintomas depressivos nesses pacientesestão, mais uma vez, estreitamente correlacionados (Roy, 1999).

Fatores biológicos, como níveis baixos de 5-HIAA no líquor, têm sidoparticularmente associados com tentativas violentas (Mann et al., 1989; Nordstromet al., 1994). A influência dos componentes genéticos advém da constatação deuma concordância significativamente maior entre pares de gêmeos monozigóticosque os dizigóticos (Roy, 1991).

Nas populações étnicas nativas, a associação entre suicídio e a presença depatologias mentais pode ser encontrada na maioria, entre os poucos trabalhos járealizados.

Em 1975, Lewis relatou uma síndrome de depres-são e mutismo entre os índiosnorte-americanos Oglala Sioux, conhecida como wacinko. O quadro eracaracterizado por graus variáveis de retraimento social, medo patológico e retardopsicomotor, até o mutismo, imobilidade e, por fim, comportamento suicida.

Um estudo realizado com um grupo de índios norte-americanos de umacomunidade grande do sudoeste dos EUA encontrou uma prevalência de transtornode estresse pós-traumático (PTSD) comparável às taxas de comunidades expostasa eventos extremos (como sobreviventes de massacres, incêndios, combates, etc.).Havia também correlação positiva entre o PTSD e outros transtornos psiquiátricos,como depressão e abuso/dependência de substâncias (Robin et al., 1997).

Outro estudo epidemiológico em índios adolescentes norte-americanos entre 9 e 15anos, na sua maioria do grupo Qualla e Cherokee, mostrou uma correlação positivaentre um diagnóstico psiquiátrico primário e o abuso de álcool subseqüente, alémda alta prevalência do consumo de tabaco, maconha e outras drogas ilícitas(Federmann et al., 1997).

A análise de uma amostra de pacientes esquimós do oeste do Alaska que haviamtentado suicídio entre 1992 e 1993 revelou que o consumo prévio de álcool estavapresente em quase todos os casos. A maioria tinha um diagnóstico de depressão oualcoolismo. Outros dados relevantes foram um precipitante psicossocial (comoperda parental na infância) ou interpessoal recente, além da limitação na habilidadede verbalização da angústia (Gregory, 1994).

Outra amostra, selecionada dentre os pacientes de um serviço psiquiátricodestinado

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