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Relato de Experiência dos Alunos de Psicologia da Faculdade CESUSC com os Integrantes da Associação Alegre Mente

Por:   •  24/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.482 Palavras (6 Páginas)  •  178 Visualizações

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Relato de experiência dos alunos de psicologia da Faculdade CESUSC com os integrantes da Associação Alegre Mente

                O trabalho de realizar atividades juntamente com a Associação de Usuários do CAPS (Alegre Mente; Centro de Atenção Psicossocial) Ponta do Coral, teve como objetivo promover a interação dos usuários com os alunos, bem como com a comunidade. A partir disso, desenvolveram-se atividades voltadas às necessidades dos usuários do CAPS para a intensificação da socialização, assim como a cooperatividade, autonomia, criatividade, protagonismo, exercício da cidadania e o sentimento de pertencimento - principalmente dos usuários -, sempre visando a criação de vínculo e aproximação entre os dois personagens, compartilhando, então, saberes e responsabilidades a partir de uma diferente perspectiva de intervenção.

        Dito isto é possível se fazer uma articulação clara com a teoria trabalhada durante todo o semestre que ressaltou a importância e a responsabilidade que nós, como futuros profissionais, precisamos ter a respeito da saúde mental dos nossos pacientes. Compreender a história das instituições psiquiátricas é de caráter fundamental, para que erros não sejam cometidos novamente. Apesar de ser recente no Brasil, a reforma psiquiátrica proporcionou um avanço significativo no tratamento psicológico, com a criação da rede de atenção psicossocial foram ampliadas as possibilidades do indivíduo, que passou a ter o reconhecimento da sua cidadania, além do abandono da via da hospitalização. É certo que ainda há muito o que se fazer neste campo porém esses pequenos degraus alcançados já permitiram abrir terreno para outros centros terapêuticos como algumas associações sem fins lucrativos, que não só acolhem esse indivíduo, fornecendo um ambiente complementar a rede de assistência, como também dão voz aos seus usuários, lutando pelos seus direitos e reivindicações. Associações que muitas vezes são fundadas tanto pelos próprios usuários como por suas famílias, que organizam e estruturam debates e ponderações sobre o que se refere a reforma. É o senso de cidadania e de responsabilidade que eclode nesse meio, saber que possui voz e que apesar de suas características ainda pode ser considerado capaz de gerenciar atividades cotidianas faz com que essas pessoas passem a enxergar sua própria existência de uma outra forma, menos limitatória e punitiva e, aos poucos, quebrar o estereótipo do louco perante a sociedade.

        Encontros com o grupo:

        O primeiro contato estabelecido com os usuários do CAPS foi em sala de aula, na qual os usuários integrantes da Associação explicaram à turma como a mesma funciona, que dificuldades enfrenta e a importância que tem em suas vidas e em seus processos psíquicos, neste encontro começou-se a discutir a possibilidade da união da turma aos usuários para realizar a festa junina, ideia que logo de início foi bem aceita. O segundo encontro também funcionou nestes moldes, em que os usuários foram até a faculdade, neste momento as discussões e definições sobre a festa se desenvolveram.

        Nestes primeiros momentos foi possível notar a presença de uma certa tensão no ar por parte da turma, que estava preocupada em recebê-los bem e em não cometer nenhum tipo de ato preconceituoso ou pergunta que pudesse deixá-los desconfortáveis. Com a intenção de provocar um sentimento de acolhimento, a turma preparou um café da manhã de recepção. É bastante importante destacar a quebra de paradigma que estes encontros iniciais proporcionaram, pois os preconceitos desenvolvidos estruturalmente em nossa sociedade ainda se fazem muito presentes, então essa aproximação pode ser capaz de desconstruí-los, resultando em uma relação mais horizontal e fomentando a autonomia.

        É importante destacar também a importância dos encontros terem acontecido na Faculdade CESUSC, e não no CAPS - local que já frequentam constantemente -, atitude que provoca uma ampliação em relação aos espaços que podem ocupar e os põe em um papel protagonista de fala, em que são escutados ativamente perante suas solicitações, colocações e relatos.

        Ao ocupar o espaço de fala que é deles, os usuários mostraram suas dificuldades principalmente no que diz respeito à conquista de seus direitos, como a liberação do passe de ônibus, relatando o sofrimento gerado, a luta para a reforma do casarão (antiga sede do CAPS que foi fechada por motivos de estrutura precária), a mudança para a casa nova e os desafios que esse novo espaço enfrenta (como a distância, falta de espaço, dificuldades para remontar o brechó, importante fonte de renda da Associação), insuficiência no atendimento médico, principalmente quando se trata de psiquiatras, entre outros. É nesse momento que fica claro o importante papel que a associação tem na promoção de autonomia dos usuários, que busca garantir uma existência com o mínimo de qualidade de vida possível, levando-os a reconhecerem seus direitos, criticar suas realidades e participarem politicamente em prol disso.  

        A partir deste encontro inicial a turma foi subdividida em pequenos grupos que ficariam responsáveis por determinadas tarefas como: arrecadação de donativos, preparação dos alimentos e a confecção de itens decorativos. Todas essas tarefas foram formuladas e concretizadas sob o consentimento dos usuários que participaram diretamente e ativamente em cada uma delas. Foi criado um grupo em um aplicativo de mensagens para que pudéssemos trocar informações a respeito do processo de construção da festa julina. Encontramos algumas dificuldades a respeito do horário e comprometimento por parte dos alunos, pois muitos deles tinham horários restritos por conta de trabalho e outras obrigações.

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