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Terapia de casais através do viés da terapia cognitivo comportamental

Por:   •  27/9/2021  •  Artigo  •  5.510 Palavras (23 Páginas)  •  104 Visualizações

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Terapia de casais através do viés da terapia cognitivo-comportamental.

*Paulo Roberto dos Santos

**Andreia Cristina dos Santos Kleinhans

Resumo:

Na sociedade atual um número crescente de casais tem evidenciado problemas de ordem conjugal, onde tais crises se mostram como um significativo fator de sofrimento mental. Isto fez com que diferentes abordagens teóricas se debruçassem sobre o tema psicoterapia de casal, na busca de adequar terapias voltadas inicialmente ao cunho individual, para a relação de casais. O presente trabalho visa a compreensão sobre quais fatores desencadeiam problemas de relacionamento e como a terapia de casal na abordagem cognitivo-comportamental pode auxiliar neste processo. Através de revisão bibliográfica com leitura, análise e interpretação de material relacionado ao tema, verificou-se que reestruturação de cognições disfuncionais, manejo dos sentimentos, a alteração da comunicação disfuncional e o desenvolvimento de habilidades para solução de problemas, são os principais objetivos da terapia cognitivo-comportamental de casais.

Palavras-chave:  Terapia cognitivo-comportamental, Terapia de casal, Conflito conjugal.

(*) Autor: Paulo Roberto dos Santos Especialista em Terapia Cognitiva pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva.

(**) Professor orientador: Andreia Cristina dos Santos Kleinhans. Farmacêutica e Bioquímica (UEPG); Psicóloga (Faculdade Evangélica do Paraná); Especialista em Terapias Cognitivas (IPTC); Mestre em Psicologia Como Ciência e Profissão. (PUC Campinas).

Abstract:

In Current society a growing number of couples have evidenced marital problems, where such crises show up as a significant mental distress factor. This caused different theoretical approaches if address on the subject of psychotherapy, in the search of adequate therapies aimed initially to the individual nature of the relationship of couples. The present work aims at understanding about what factors trigger relationship problems and how couples therapy on cognitive-behavioral therapy can assist in this process. Through bibliographical revision with reading, analysis, and interpretation of material related to the topic, it was found that the restructuring of dysfunctional cognitions emotions management, changing the dysfunctional communication and the development of problem-solving skills, are the main goals of cognitive behavioral therapy  

Keyword: cognitive behavioral therapy, Couple therapy, Marital conflict.

Introdução

O humano é considerado um animal gregário, que necessita de vinculação a outros de sua espécie para uma maior probabilidade de sobrevivência, logo a qualidade na vinculação social é um fator preponderante no bem-estar de um sujeito, sendo a relação conjugal uma das mais significativas (Coon, 2006).

Percebemos que em nossa sociedade um significativo número de casais tem encontrado problemas devido a suas relações conflitivas, em 2016 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, através de sua pesquisa estatística de registro civil, apurou que houveram 344.526 divórcios.

        Isto acende um alerta, pois conflitos e insatisfações no casamento tem sido apontado como fortes desencadeantes de transtornos psicológicos, sendo os mais comuns, quadros de ansiedade e depressão (Beck, 1995; Epstein & Schlesinger, 1995; Granvold, 2004). O estresse resultante de uma relação conflituosa pode gerar violência entre parceiros, podendo levar a consequências extremas como homicídio e suicídio (Cortez, Padovani & Williams, 2005)

Isto fez com que diferentes abordagens teóricas se debruçassem sobre o tema psicoterapia de casal, na busca de adequar terapias voltadas inicialmente ao cunho individual, para a relação de casais (Carneiro & Neto, 2008). Estas tentativas podem ser divididas em quatro fases conceituais: aconselhamento matrimonial, teorias psicanalíticas, psicologia sistêmica e por fim abordagens mais atuais voltadas a evidencias de efetividade, onde se destaca a terapia cognitivo comportamental (Gurman & Fraenkel, 2002; Carneiro & Neto, 2008)  

A abordagem cognitivo-comportamental, influenciada principalmente por Aaron Beck, trabalha com a ideia de que os problemas psicológicos possuem sua gênese em crenças centrais disfuncionais que geram pensamentos automáticos negativos e irreais, resultando em emoções também negativas, podendo levar o sujeito a ter uma reação comportamental equivocada, onde a utilização de técnicas podem modificar estes padrões de pensamento, gerando uma melhor resolutividade emocional e comportamental (Beck & Freeman, 1993).

Atualmente, após mais de meio século de existência, a terapia cognitiva de Beck se mostrou válida e efetiva, o que gerou a possiblidade de ser utilizada para as mais variadas problemáticas psicológicas, sendo utilizada inclusive na terapia de casais (Falcone, 2001).

Logo o presente trabalho visa a compreensão sobre quais fatores desencadeiam problemas de relacionamento e como a terapia de casal na abordagem cognitiva comportamental pode auxiliar neste processo. Para isso iremos transcorrer inicialmente sobre um panorama das relações conjugais e seus conflitos, para depois explicarmos da terapia de casais na abordagem da TCC, sobre como ela entende os conflitos e como é realizado a terapia através de seus métodos e técnicas.

Tais informações virão por meio de revisão bibliográfica, analisando livros científicos e pesquisa em banco de periódicos com a utilização de palavras chaves: Terapia cognitivo-comportamental, terapia de casal e conflito conjugal.

A relação conjugal.

Ao longo da história os modelos de relacionamento e papéis conjugais foram se modificando, anteriormente cabia a mulher dedicar-se ao cuidado do lar e criação dos filhos, enquanto que ao homem ficava os papéis da vida pública, sendo o provedor de recursos financeiros, não haviam preocupações a questões afetivas e sexuais da mulher, onde a mesma era considerada submissa (Neto & Carneiro, 2005).

Através de iniciativas de grupos feministas, a mulher vai gradativamente conquistando novos espaços, ela se insere na vida pública, adentra no mercado de trabalho não sendo mais a mulher do lar, enquanto que o homem deixa de ser a maior vulto de poder dentro da casa e perde sua autoridade sobre as mulheres no mercado de trabalho (Carneiro & Neto, 2008).

Segundo Waldemar (2008) estas novas configurações criam crises em papéis sociais anteriormente definidos, não somente nos casais, mas também nas famílias, onde filhos passam a casar e sair de casa cada vez mais tarde, ou mesmo jovens passam a viver juntos sem o contrato legal de matrimônio com consentimento de seus pais. Surgem também novos formatos de relacionamento, que fogem ao molde do casamento tradicional, como por exemplo uniões estáveis, poligamia, uniões homossexuais, além de experiências extraconjugais (Ferro & Bucher, 1999; Waldemar, 2008).

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