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Trabalho Sobre 0 Self Do Terapeuta: Caminho Pessoal E Clínico De Diferenciação

Por:   •  28/11/2023  •  Artigo  •  4.692 Palavras (19 Páginas)  •  25 Visualizações

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0 TRABALHO SOBRE 0 SELF DO TERAPEUTA: CAMINHO PESSOAL E CLÍNICO DE DIFERENCIAÇÃO

E TRANSFORMAÇÃO

O trabalho sobre o self do terapeuta: caminho pessoal e clínico de diferenciação e transformação

Escrever sobre o trabalho do Self do terapeuta é um desafio, pois ele é um trabalho vivencial-pessoal sobre a pessoa do terapeuta, em que aparece seu processo de desenvolvimento pessoal e profissional em suas relações, histórias de vida e significados das dificuldades como terapeuta. Nesse trabalho desnuda-se quem somos e o que somos a partir das narrações, nossos scripts familiares e seus ele mentos nodais (GRANDESSO, 2000). Promove-se um reencontro com as histórias de nossa vida que levam à compreensão da origem e do significado das dificuldades como Terapeuta de Família e Casal.

Ao dar a importância ao trabalho do Self do terapeuta, atende-se a necessidade de entender a si mesmo, para se orientar entre os limites internos e externos das relações interpessoais, já que é impossível separar sua vida como pessoa no mundo de sua profissão (GOOLISHIAN; ANDERSEN, 2000). Dessa maneira o terapeuta aprende a não se deixar paralisar pelas emoções que sente vindas de suas marcas das relações. Este trabalho ajuda a refletir e questionar a postura do terapeuta e seu lugar dentro do sistema terapêutico para compreender que ser terapeuta é um processo de transformar-se e transformar através de uma postura aberta sobre as pessoas, seus problemas e as situações de impasse (GRANDESSO, 2000).

0 Self e o terapeuta

O Self do terapeuta é o entrelaçamento de vários sistemas em interação, que contribuem para formar um mapa complexo no qual a harmônica conexão entre as partes é fundamental (LAD- VOCAT, 2014). A família de origem do terapeuta é uma fonte de conhecimento e de competência e pode ser colocada a serviço de um processo de mudança do próprio terapeuta como também do sistema que atende (LADVOCAT, 2014). No encontro da família em terapia e a família interna do terapeuta se estabelecem conexões que podem incluir uma confusão entre a família interna do terapeuta e a que está diante dele. Essa confusão pode ser nomeada de impasse, que faz o terapeuta ficar impactado e, para sair disso, precisa ir na direção de sua diferenciação entre ele e a família/casal s que atende (ANDOLFI, 1984). Ele precisa fazer a autorreflexão, ou seja, a reflexão da ação e redirecionar sua autorreferência da observação dessa dinâmica de interseção, para poder se diferenciar dessa família. Para isso é necessário saber que tipo de confusão o terapeuta está vivendo naquele momento. Isso pede que coloquemos as esculturas em cena e observemos as semelhanças entre elas; depois, temos que olhar essas estruturas e dizer qual é o problema do terapeuta. Mas não se sabe se o problema é em relação ao que a família sente ou ao o que o terapeuta sente. Isso é um paradoxo, e precisamos pensar que existe naquela família o que o terapeuta sente e o que sente o terapeuta existe na família, e o terapeuta pode falar disso. Ele pode abrir um espaço para falar o que vê quando está vendo. Se listarmos as semelhanças e diferenças e anularmos os opostos, o que aparece é a ressonância, como um espaço de ponte de acesso do terapeuta ao sistema construído a partir das interseções entre as histórias da família e a sua própria história (ELKAIM, 1988). A ressonância é o que amplia o campo das possibilidades na relação para as mudanças no sistema. E as interseções referem-se às conexões criadas e não separáveis dos contextos em que nós existimos e que nos constroem como pessoas.

O terapeuta em seu trabalho aciona qualidades internas relacionais empáticas, mas também precisa aprender a posição principal de um terapeuta, que é colocar o centro do corpo na relação, independente do que a família traz. Isso quer dizer que quem olhar de fora deve reconhecer o terapeuta em 10 minutos, porque o terapeuta merece uma posição diferenciada entre sua postura e a família (ANDOLFI, 1984). As coisas que acontecem na família ativam problemas internos do terapeuta, que precisa distinguir essa confusão, pois será pior se ele não souber quem é ele e quem é a família. Se o terapeuta estiver preocupado com sua história, não escuta o paciente, e a ação substitutiva que faz é exatamente o oposto da disponibilidade, e isto vem dessa confusão entre a sua história pessoal e a que está sendo demandada a ele. O terapeuta fica perdido no tempo da dupla entre a família e a própria história, e o risco é ficar envolvido demais com a história da família em atendimento.

0 lugar do terapeuta

Como se faz para tirar os recursos do terapeuta com essas questões? Qual posição deve ficar? Não se pode falar do problema da família sem falar onde está o terapeuta, pois o lugar dele é um produto da relação da família. O terapeuta centrado na terapia tem que olhar para as dificuldades, os impasses dele e dos membros da família e para as qualidades de sua ressonância interna a fim de transformá-los em recursos terapêuticos (ANDOLFI, 1984). A terapia funciona para um terapeuta que pensa, e seu pensamento levará a intenção. A experiencia terapêutica é um espaço para pensar, não é um fim em si mesmo. Tem que haver uma separação do terapeuta para a família. O terapeuta tem que se destacar no sentido de se diferenciar, caso contrário não há terapia (BOWEN, 1998). O trabalho é onde falta: se está muito, sai; se está pouco, entra. O terapeuta pode tocar o nó do conflito, o impasse, deixando-se tocar sem deixar de ser ele próprio. Sem envolvimento emocional intenso que o impeça de se move e, nem tão distante a ponto de não tocar na família. É entrar no tema sem ficar preso nele, sabendo que parte sua entra em relação com a família, percebendo e lendo as ressonâncias entre ele, o terapeuta e sua família de origem. Essa capacidade de mover-se é com um pensamento que o leve a ser coerente com a família e não ser coerente com o pensamento da família, o que o levaria a uma fusão com a família.

Na minha experiência, o trabalho do Self do terapeuta é a res posta para as questões levantadas anteriormente. Este trabalho inicia como experiência vivencial e, à medida que o tempo passa, vai trazendo, à luz da consciência, elaborações muito importantes e de clareza enorme dos pontos de impasse do terapeuta em sua história relacional familiar. E, se não estiver comprometendo seu trabalho com as famílias com temas coincidentes, num tempo ou noutro vai comprometer. Esses impasses estarão presentes nas interações, bloqueando não só a experiência com a família como também a própria experiência do terapeuta em sua vida. A partir da possibilidade de contato, no trabalho do Self do terapeuta, com espaços interativos de sua família, se toca o seu espaço pessoal vendo defesas atuando sobre a cena ou sendo desarmadas e abrindo sua capacidade autor- reflexiva de sua história e de seu contexto sobre si mesmo. O espaço pessoal na vivência ficando mais claro, pelo desmembramento de uma cena ou questão com a família do terapeuta, torna o encontro rico em possibilidades e realmente dinâmico. Os efeitos são muito abrangentes, podendo ocorrer mudanças objetivas, como visuais (identifica posições de lugar e forma), atitudes, relações, mudanças internas emocionais, perceptivas e do sentir na sensação, cognição, compreensão e redefinições, entre outras. Há um processo por analogia de discriminar, diferenciar, clarear, limpar através de ampliação de pontos de confusão por onde o terapeuta pode ser absorvido e capturado na história da família e na sua própria história, e isso é o que vai garantir a possibilidade de caminhar no processo terapêutico com a família e com sua própria vida.

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