Uma Pesquisa de Campo

Como  abordado por Silvia Lane em seu livro "O que é Psicologia Social?", o pensador francês Augusto Comte (1798-1857) é considerado por muitos o fundador da Psicologia Social, que tem como objeto de estudo a influência que a sociedade exerce no comportamento, tanto consciente quanto inconsciente, dos indivíduos. No entanto, ela foi considerada como estudo científico sistemático apenas após a Primeira Guerra Mundial, tendo sido utilizada com o objetivo de entender as crises que abalavam o mundo.

A influência social inicia-se no ambiente familiar, responsável por transmitir um conjunto de valores e também de introduzir o conhecimento acerca dos papéis sociais ou, em outras palavras, de instruir "os menores" a maneira adequada para se portar em cada situação. Ao longo de toda a sua vida, o sujeito terá contato com outros grupos sociais, entre eles: escola, igreja e trabalho que exercerão o mesmo papel.

A Psicologia Social utiliza a pesquisa-ação, termo cunhado na literatura por Kurt Lewin, como instrumento para investigar os problemas que se apresentam no cotidiano dos indivíduos participantes de um determinado grupo, requerindo uma ação social por parte do experimentador no sentido de modificá-lo para acelerar sua transformação.

É caracterizado pela coleta de dados no contexto, ou seja, no ambiente em que o grupo a ser pesquisado está inserido, de acordo com a visão gestaltista de Lewin, em que o todo é diferente de suas partes. Porém, a atuação do investigador é mais ampla, sendo necessário sua participação na tentativa de melhorar a dinâmica dessa comunidade a partir do cossentimento explícito de seus integrantes.

A base dessa pesquisa é representada por um ciclo composto por quatro etapas: planejar, após o problema ser identificado elabora-se uma possível solução; agir, a proposta anterior é colocada em prática; monitorar, as implicações são observadas e descritas  e, finalizando, os resultados são avaliados. Sendo esse padrão utilizado pela maioria dos processos que tem como objetivo a melhoria.

 A investigação em ação, portanto, se refere à ação da investigação; sua localização como parte do tema. Conversar sobre o que entendemos, ampliar argumentos, narrar e publicar o que parece importante narrar ou publicar, não são atividades eventuais e opcionais. Estamos no campo-tema porque disciplinarmente achamos que podemos ser úteis e é sempre bom lembrar que, ao contrário da posição confortável da separação de problema e solução na famosa frase atribuída ao Lenin – se somos parte da solução, provavelmente somos também parte do problema.

Spink, Peter Kevin. Pesquisa de campo em psicologia social: uma perspectiva pós-construcionista. São Paulo: PUC, 2002. P. 36-37. Programa de Pós-Graduação em Educação, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002.

Diferente do método citado anteriormente, a pesquisa experimental  é amplamente utilizada para verificar a validade de hipóteses que estabelecem relação de causa e efeito. É caracterizada pelo controle das variáveis, podendo diminuir ao máximo erros que podem se apresentar durante os experimentos. Entretanto, quando se trata de objetos sociais, como por exemplo: indivíduos, grupos ou instituições, as limitações para realizar tal pesquisa se tornam evidentes em razão da ética estabelecida contrária à determinadas manipulações.