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ANÁLISE INSTITUCIONAL DA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO “ÔNIBUS 174”

Por:   •  13/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  5.683 Palavras (23 Páginas)  •  277 Visualizações

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ANÁLISE INSTITUCIONAL DA POLÍTICA DE SEGURANÇA PÚBLICA

A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO “ÔNIBUS 174”

RESUMO

A presente Análise Institucional da Política de Segurança Pública é elaborada principalmente a partir da apreensão do documentário “Ônibus 174”, obra dirigida por José Padilha, referente à provável tentativa de assalto que se transformou em sequestro num ônibus no Rio de Janeiro, cometido por Sandro Barbosa do Nascimento. Tal evento repercutiu internacionalmente, tendo horas de transmissão ao vivo pela televisão, fazendo da mídia um ator a parte nesse palco. No decorrer da análise iremos também recordar a infância de Sandro e sua adolescência, quando aos quinze anos foi um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, além de refletir criticamente sobre o documentário e a Política de Segurança Pública.

Ao assistir o documentário e pensar na criação da análise o tema se mostrou tão indignante que foram pesquisadas com paixão outras fontes de informação na ânsia de tentar encontrar onde está o erro desse desastre. Onde? Não foi encontrado porque não houve um, único, e sim vários erros. Mais ainda: quanto mais informação, mais a certeza que a sociedade impregnada de alienação deseja o fim da violência perpetrada pelos meninos que vivem nas ruas. Mesmo que para isso se assista na TV a realidade de uma violência ainda maior e se concorde com ela. Devido a essa intensa pesquisa tentamos aqui retratar os fatos o mais veridicamente possíveis para que do episódio do sequestro do ônibus se embase a análise da instituição: seu histórico, objetivos, atendimento às demandas, população atendida, recursos, limitações e possibilidades, entre outros.

INTRODUÇÃO

Esta análise tem o objetivo de dar início a um debate acadêmico da disciplina de Laboratório de Técnicas e Instrumentos I sobre um documentário dirigido pelo diretor José Padilha, que trata de um episódio de violência urbana ocorrido há mais de 16 anos, no dia 12 de junho de 2000 na zona sul do Rio de Janeiro, mais precisamente, uma provável tentativa de assalto dentro do ônibus da linha 174: Central – Jardim Botânico que evoluiu para um sequestro dramático com duração de mais de quatro horas e a atuação da polícia, órgão da Política de Segurança Pública, objeto desta análise, no mesmo.

Esse documentário nos traz muitos assuntos para reflexão tais como:

- a falta de políticas públicas;

- os problemas dos meninos de rua (menores abandonados);

- a desigualdade social;

- a dita “invisibilidade social”;

- a violência urbana;

- o despreparo dos profissionais.

Esse trágico acontecimento nos faz refletir também sobre a falta de implementação de políticas públicas nas áreas de Assistência Social, Educação, Saúde e outras. Faz-nos pensar criticamente sobre o despreparo dos policiais envolvidos no desempenho da segurança pública para lidar com questões delicadas. Ainda pior é a constatação de que nos dias de hoje, essa triste realidade persiste e a violência urbana só aumenta.

É preciso entender as relações sociais e enfrentar a realidade posta, dialogando sobre o assunto e não fingindo que isso não existe como demonstra o senso comum e, por fim, intervir nessa realidade. Nesse caso típico de violência urbana nos concentraremos na política de Segurança Pública.

Os “Sandros” existem, nascem e morrem todos os dias. Assistimos no nosso cotidiano os resultados do preconceito, da discriminação, da indiferença e da desigualdade social. Nada está oculto, tudo está ao nosso redor, em nossa família, no nosso trabalho, na sociedade e principalmente nas ruas.

Para nos aprofundarmos nas questões acima mencionadas, será necessário, um breve resumo do contexto sócio histórico, político e econômico no qual o adolescente Sandro do Nascimento estava inserido, resgatando uma síntese de sua breve história.

1. DA FAVELA À CHACINA DA CANDELÁRIA

As origens de Sandro são meio nebulosas, até seu nome gera controvérsias, há afirmações de que ele se chamava Sandro Rosa do Nascimento ou Alex Junior da Silva. Durante o episódio do sequestro do ônibus, Sandro dizia que se chamava Sérgio e chegou a dizer a uma das passageiras que o nome de sua mãe era Clarice e havia sido esfaqueada.

De acordo com a maioria das informações, inclusive de seus tios, Sandro Barbosa do Nascimento nasceu em São Gonçalo em 1978, filho de Clarice Rosa do Nascimento, abandonada pelo pai biológico de Sandro quando este soube da gravidez. Sua mãe, grávida de cinco meses, foi atacada e morta por três pessoas, no bar da família na favela onde moravam. Ela foi esfaqueada até na garganta, ficando com uma faca enfiada nas costas, o bebê em sua barriga ainda se mexia. Ninguém a socorreu de imediato. Sandro tinha seis anos de idade e assistiu tudo, foi em busca de socorro. Não foi ao enterro da mãe, disse que ia jogar futebol ou soltar pipa. Era a negação da realidade, sua maneira de não sofrer mais.

Sandro passou a morar com a sua tia Julieta Rosa do Nascimento e sua família, o marido e o filho dela, mas aos onze anos fugiu porque não se sentia parte daquela família e não conseguia esquecer a morte trágica da mãe. Ele tinha dificuldades de aprendizagem na escola, aliás nunca aprendeu a ler ou escrever e não teve assistência de um psicólogo.

Após fugir foi viver nas ruas do Centro do Rio de Janeiro, mais precisamente na Candelária, lá teve contato com Yvone Bezerra de Mello, artista plástica e mentora da ONG para menores: Projeto Uerê, que descreve Sandro como um menino muito amoroso. Fez amizade com diversos meninos que viviam nas ruas, passou a ter acesso a substâncias psicoativas.

Quando ele virou mais um menino que vivia nas ruas adotou o apelido de “Mancha”. Nas ruas acabou se viciando em cola e cocaína principalmente, e praticando furtos. Ele frequentava a região da Igreja da Candelária, onde recebia comida e onde se abrigava junto a outras crianças e jovens nas mesmas condições dele. Até uma noite de Julho de 1993, a noite de uma chacina. Sandro é um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, um dos acontecimentos

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