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PROTONACIONALISMOS: ORIGENS DAS NAÇÕES E DOS NACIONALISMOS NA EUROPA E ALÉM-MAR

Por:   •  29/10/2018  •  Ensaio  •  2.420 Palavras (10 Páginas)  •  174 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

BRUNO SOUZA DO NASCIMENTO


PROTONACIONALISMOS: ORIGENS DAS NAÇÕES E DOS NACIONALISMOS NA EUROPA E ALÉM-MAR.

Trabalho final da disciplina “Origens Das Nações e das Identidades Nacionais”. Prof.: Alexandre Lazzari. Data de entrega: 07 de Dezembro de 2017.

Nova Iguaçu / 2017

Introdução

Este trabalho tem objetivo de discutir as características primitivas de um possível nacionalismo, na Europa e em suas colônias Alem-mar. Isto será feito a luz do conceito de protonacionalismo popular apresentado por Hobsbawn em O protonacionalismo popular. - Nações e nacionalismos desde 1780. Onde ele discorre sobre uma série de características e exemplos europeus, fornecendo um amplo entendimento sobre este movimento de construção, inicialmente insipiente e pouco concreto, da noção de Nação.

 Considerando Nação como:

Uma grande solidariedade, constituída pelo sentimento dos sacrifícios que fizeram e daqueles que estão dispostos a fazer ainda. Ela supõe um passado; ela se resume, portanto, no presente por um fato tangível: o consentimento o desejo claramente exprimido de continuar a vida comum. (RENAN,1882, Pág. 19)

Compreender os processos passados que levaram a formação deste sentimento de solidariedade se mostra necessário. Deste modo, encontra-se no conceito de Protonação um caminho que se apresenta como o mais viável para o entendimento da formação dos Estados Nações Modernos.

  1. Burke e a descoberta de uma identidade cultural.

Burke nos fala de uma ampliação do conceito em tempos mais ou menos recentes. Escreve o historiador que até o século XVIII:

"O termo cultura tendia a referir-se à arte, literatura e música (...) hoje contudo seguindo o exemplo dos antropólogos, os historiadores e outros usam o termo "cultura" muito mais amplamente, para referir-se a quase tudo que pode ser apreendido em uma dada sociedade, como comer, beber, andar, falar, silenciar e assim por diante." (BURKE,1989, p. 25).

 Peter Burke, em seu livro "Cultura Popular na Idade Moderna" busca pensar sobre a idéia de "cultura popular" entendida, a princípio como uma cultura a parte da elite, ou seja, uma cultura que estaria em meio as camadas populares. Neste sentido, a proposta dele busca superar o desafio a que se refere Hobsbawm, de identificar as características identitárias das camadas menos abastadas e não letradas da população.

É evidente que ele apresenta sua hipótese, a de que a cultura popular, nos inícios do período moderno, não era estranha à minoria culta da ocidentalidade européia, essa a tinha como uma espécie de segunda tradição. Em outras palavras, tanto a maioria da população, quanto sua pequena parcela erudita, compartilhavam de uma cultura popular comum. Percebe-se por essa leitura que até pelo menos a primeira metade do século XVII, as elites participavam das festas de rua e carnaval, juntamente com os grupos menos abastados. Isto significa dizer que ao longo dos tempos modernos, a renascença, as reformas religiosas, a revolução científica e a ilustração fizeram com que a cultura erudita se transformasse, ao passo que entre pequenas e grandes tradições, uma imensa distância foi estabelecida.

Em suma, a cultura popular tradicional passou aos olhos da minoria letrada como algo tão diferente, a ponto de ser exótico, e por isso atraente. No século XIX, essa cultura tradicional se transforma em folclore. Na realidade, as elites intelectuais redescobrem a cultura popular no século XIX, a partir da perspectiva do folclore. Como causa, ou conseqüência de tais transformações, Burke afirma que a reforma Tridentina, assim como as reformas protestantes de um modo geral, empreenderam um esforço de reformulação da religiosidade popular na Europa a partir do século XVI, visando moldar suas extravagâncias carnavalescas e exterioridades.

No que diz respeito, Burke entende que o significado do conceito está em função da hierarquização da sociedade em classes, entre a classe da elite e a classe da não-elite. Assim, a cultura popular seria como uma cultura não oficial, como a cultura da não-elite, das classes subalternas; do outro lado, a cultura oficial pertenceria à elite. Então, para o autor, tal definição chamaria a necessidade de analisar a sociedade, decompondo-a em classes, para, então, entender quem é o "povo comum" detentor da cultura popular. Apesar de manifestar que é vaga a fronteira entre o que se chama de cultura de elite e de cultura popular, e que as duas culturas, em verdade, não permaneceriam estanques, mas em interação, Burke deixa nas entrelinhas que enxerga a cultura basicamente separada em blocos: o bloco da cultura da elite e o bloco da cultura do povo.

Esta abrangência do conceito de cultura mencionado por Burke, não parece gozar dos louros da unanimidade. É possível perceber nessa conceituação uma tendência culturalista, que opondo praticamente, cultura a natureza, faz da primeira uma ocorrência universal, ou seja, todos os povos possuem cultura, e podemos ainda pensar que como desdobramento desse raciocínio, se coloca a questão do relativismo cultural, ou em outras palavras: as culturas são únicas e não passíveis de serem comparadas valorativamente.Dessa maneira, o autor compreende a cultura como produto de uma situação de classe, de modo que a separação da cultura entre elite e povo seria um rígido reflexo da hierarquia social. Contrariando o que ele mesmo denominou de "concepção aristocrática de cultura".

Essa visão sobre a cultura popular, segundo Burke, tornou-se bastante aceita e rapidamente os setores cultos da sociedade passaram a se interessar por coleções de poesia popular, contos populares e música popular. Esse movimento foi denominado pelo historiador inglês como "a descoberta do povo", e ele via uma série de razões para que isso estivesse acontecendo naquele momento histórico. Eram elas: razões estéticas, que se referiam a uma insubordinação contra o artificial na arte culta e conseqüente valorização das formas simples; razões intelectuais, que tinham a ver com uma postura hostil para com o iluminismo, enquanto pensamento valorizador da razão em detrimento do sentimento e das emoções. Havia também ainda com relação ao aspecto intelectual um desprezo para com as regras clássicas da dramaturgia, herdadas do pensamento aristotélico.

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