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RESENHA CRITICA "a importância desta atividade para o trabalho da ronda, para a formação das/o estagiarias/o, para vida das mulheres, para os parceiros, para o enfrentamento á violência contra mulheres."

Por:   •  21/2/2019  •  Resenha  •  1.426 Palavras (6 Páginas)  •  343 Visualizações

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Explique a importância desta atividade para o trabalho da ronda, para a formação das/o estagiarias/o, para vida das mulheres, para os parceiros, para o enfrentamento á violência contra mulheres.  

  [1]RAISSA MARIANE DE SOUZA SANTANA

A arteterapia, sem pormenorizar, se configura como um recurso terapêutico que usa diferentes linguagens expressivas para auxiliar pessoas em estado de sofrimento. O participante ao ver a sua própria produção é incitado visualmente e manualmente a sentir e refletir. E um dos grandes prazeres em manusear os objetos escolhidos para o  artesanato, é utilizar a criatividade para encontrar soluções plásticas para a transmissão das suas idéias. Com maior ou menor intensidade, todas as pessoas têm potencial criativo e os usam das variáveis formas buscando solucionar conflitos e problemas habituais, assim como, ressignificar ou compreender suas experiências de vida.

De forma sintética e em concordância com a conceituação feita acima, Sei (2009), arrisca-se a dizer que a Arteterapia se configura como:

uma estratégia de intervenção terapêutica que visa promover qualidade de vida ao ser humano por meio da utilização dos recursos artísticos advindos principalmente das Artes Visuais, mas com abertura para um diálogo com outras linguagens artísticas. Foca-se o indivíduo em sua necessidade expressiva e busca-se ofertar um ambiente propício ao surgimento de uma expressividade espontânea e portadora de sentido para a vida. (Sei, 2009, p. 6)

 É através do poder de dá forma ao barro  no decorrer do ato criativo,  que possibilita as participantes uma forma de crescimento pessoal. Silveira, enfatiza como importante e essencial ao individuo, “dar forma, mesmo rudimentar, ao inexprimível pela palavra: imagens carregadas de energia, desejos e impulsos” (2001, p.86). Nessa perspectiva, a finalidade da atividade artística realizada na Operação Ronda Maria da Penha, partiu pelo pressuposto de que através da arteterapia a mulher pudesse se desnudar para si, harmonizando-se com sua força interior e seu intimo criativo.

O trabalho da Ronda busca efetivar a proteção demandada pelas mulheres em situação de vulnerabilidade, mas visa alcançar para além do atendimento, pois prioriza-se a oferta do acolhimento a essas mulheres violadas, que possuem Medidas Protetivas. Tendo como ferramenta para atingir esse objetivo, a atividade de Arteterapia nesse processo, contribui com o espaço de acolhimento

 possibilitando que essas mulheres tenham um contato com a arte e com os relatos das outras, das estagiarias e também de policiais da ORMP (Operação Ronda Maria da Penha) para uma auto-reflexão.

Mas, além desse primeiro pedido de socorro atendido, em que são concedidos acolhimento e orientações as mulheres acompanhadas pela tropa, essas atividades possibilitam que elas recebam este espaço alternativo para  contribuir com o autoconhecimento, o desenvolvimento da autoestima e um possível empoderamento. O contato com o material nas atividades, com  a argila e as tintas propicia a elas um melhor dialogo consigo mesma, pois externam e exprimem imagens, formas e cores que simbolizam suas experiências de vida e anseios que as vezes são ocultados e nem sempre tituláveis pelos seus discursos.

Para a formação dos estagiários, as atividades desenvolvidas  oportunizam uma boa bagagem profissional, que transpira para a pessoal e da subsídios para uma reflexão sobre si, suas experiências e expectativas de atuação. Até porque o objeto escolhido para ser realizado dava bastante espaço a auto reflexão, onde se tinha muito a dizer sobre nós mesmo e muito haver com  nossos diálogos com o mundo interior. Um suporte ímpar para o desenvolver critico de contextos. Esse processo terapêutico, para nós, estagiários também oferece subsídios e força para acolher as assistidas e ainda reagir diante das suas resistências internas ou qualquer obstáculos múltiplos externos ao processo. Como se antes de ir para fora, "em direção ao outro", fosse necessário, "voltar-nos para dentro" para poder escutar o chamado.

Com esse espaço de integração é disponibilizado também a oportunidade de criar um vinculo com essas assistidas, e através deste contato se permite desenvolver uma empatia, pois ao ouvir as experiências e historias que trazem em si ilimitadas formas de enfrentamento á situação violência, algumas com sucesso e outras não completamente, e poder vivenciar as mudanças que foram significativas para as assistidas permite refletir sobre nossas vidas e as coisas que também nos afligem, além de fomentar estratégias para o enfrentamento das demandas ali encontradas.

A oficina de Arteterapia apresenta-se como um excelente instrumento de resgate da autoestima dessas mulheres que sofreram violência doméstica e familiar, pois proporciona um espaço e um momento para o desenvolvimento da percepção subjetiva sobre suas vidas, sobre si mesmas e sobre a violência com o uso das expressão artística. Mediante as expressões artísticas podemos captar questões da personalidade,  marcas mentais que dificultam o desenvolvimento, e através da tomada de  consciência criar um  novo  trajeto  utilizando a ação criativa. A fala de uma assistida confirma isto, quando ela compara o trabalho com argila, com a sua vida

" Enquanto a argila não seca, podemos modelar até fazermos algo que nos agrade, e quando erramos podemos voltar e refazer, mas quando ela secar não vamos poder fazer mais nada. Assim é nossa vida, temos que saber nos refazermos enquanto a tempo, para que não chegue um momento em que perdemos o controle e não podemos fazer mais nada".  (Assistida da ORPM, 2018).

Essa fala da assistida, confirma a força que Arteterapia tem frente as violências, oportunizando mudanças no enfrentamento das conseqüências ocasionada por essas violências, mas também com a prevenção desta, que ao compartilhar com amigos e familiares o que foi aprendido acaba gerando uma ampliação do conhecimento. Outra proposta do trabalho artístico é com seus desdobramentos emocionais trazer uma auto reflexão para a fomentação de um olhar crítico sobre a sua própria realidade, e as mudanças ocorridas nela,  sendo esse o foco do projeto que é a ressignificação.

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