Uma Meta-análise Sobre Os Estudos De Gestão De Pessoas Na Área De Produção

Gestão de Pessoas: O que andam falando por aí?

Uma meta-análise sobre os Estudos de Gestão de Pessoas na Área de Produção

Autoria: Shalimar Gallon, Betina Magalhães Bitencourt, Patricia Kinast De Camillis,

Angela Beatriz Scheffer Garay

RESUMO: A área de Gestão de Pessoas vem assumindo um papel de grande

responsabilidade perante o desenvolvimento das organizações, ou seja, vem ganhando forças

na medida em que vem tornando-se uma área mais estratégica. No entanto, por vezes, chegase

a pensar que essa vem perdendo espaço, pois todas as demais áreas também passam a se

preocupar cada vez mais com as questões-chave de gestão de pessoas, logo essa poderia

perder sua função no âmbito organizacional. O objetivo deste estudo é identificar como os

assuntos relacionados à Gestão de Pessoas estão sendo observados nas organizações,

especialmente pelas demais áreas, para que, a partir disso, possamos refletir acerca do papel

que a área de Gestão de Pessoas vem assumindo. Para alcançar esse objetivo, elaborou-se uma

meta-análise sobre o que vem sendo publicado sobre Gestão de Pessoas na área de

Produção/Operações em dois eventos, o EnANPAD e o ENEGEP. Foram levantados 192

artigos, nos quais se pode verificar que: a área de Produção vem pesquisando muitos assuntos

da área de Gestão de Pessoas, e embora sejam pesquisas abrangentes, há certa concentração

de assuntos; os focos mais abordados foram: (1) Gestão de Recursos Humanos; (2) Gestão por

Competências; (3) Aprendizagem Organizacional; (4) Qualidade de Vida no Trabalho; e (5)

Treinamento & Desenvolvimento. Além disso, observou-se que a preocupação em pesquisar a

área de Gestão de Pessoas está intimamente relacionada com a busca pelo aumento da

produtividade e do lucro nas organizações pesquisadas.

1 Introdução

Os últimos anos de História brasileira marcaram uma intensa mudança nas empresas

que aqui atuam. Com isso, o estilo de gestão, entre outros parâmetros, foi sensivelmente

alterado. O papel do nível gerencial, que era antes, predominantemente, de controlar, já que

pouco se estimulava o gestor a criar e estreitar laços com seus subordinados, hoje se mostra

diferente. Dessa maneira, tem-se visto uma crescente preocupação em desenvolver o

colaborador, além do conhecimento da tarefa, assim como um cuidado latente com o bemestar

do trabalhador e a sua qualidade de vida. Além disso, essas mudanças que percebemos e

vivenciamos nas últimas décadas, mais do que rápidas, foram aceleradas, e a cada ano tem-se

a sensação de que essa aceleração fica mais veloz (CABRERA, 2002).

Ainda, conforme atesta Bennis (1995), as organizações modernas estão dispostas em

redes, grupos e até equipes interfuncionais, menos em pirâmides. Ele acrescenta ainda que as

empresas encaram muitas formas de competição, e, por isso, devem possuir estruturas

organizacionais flexíveis, sensíveis aos anseios dos clientes e adaptáveis às diversas

mudanças existentes. Além disso, o autor afirma que as organizações bem-sucedidas são

aquelas que acreditam e, principalmente, sustentam a ideia de que sua vantagem competitiva

está baseada no desenvolvimento e crescimento das pessoas dentro delas.

Por conseguinte, a área de Gestão de Pessoas vem assumindo um papel de grande

responsabilidade perante o desenvolvimento das organizações, ou seja, vem ganhando forças

na medida em que vem tornando-se uma área mais estratégica. No entanto, por vezes, chegase

a pensar que essa vem perdendo espaço, pois como todas as demais áreas das empresas

também tem se preocupado com as questões-chave de gestão de pessoas, logo essa poderia

perder sua função no âmbito organizacional. Portanto, o objetivo desse estudo é analisar o que

está sendo discutido em outras áreas da academia sobre Gestão de Pessoas a fim de perceber o

papel que a área vem assumindo nas organizações.

Por isso, com vista a alcançar esse objetivo, o presente estudo trata de uma meta-análise

a respeito do que vem sendo publicado sobre Gestão de Pessoas na área de Produção, ou Gestão

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de Operações e Logística, em dois congressos renomados do País. A escolha dessa área se deu

por ela ser, tradicionalmente, vinculada mais à preocupação com o nível de produção, consumo

de matéria-prima, e procedimentos calculados racionalmente, do que com os processos de

gestão de pessoas envolvidos. Porém, ao partir da ideia de que as organizações tem sofrido

mudanças no seu estilo de gestão, buscou-se verificar até onde a área de Produção tem focado

seus esforços também nas pessoas que nela atuam. Sendo assim foi realizado um levantamento

e uma posterior análise dos principais artigos publicados na área que se encaixam com temas

relativos aos recursos humanos nas organizações. O referencial teórico