Estudo do Comportamento do Urubu-de-cabeça-preta Coragyps atratus na Universidade Estadual de Londrina
Por: Isadora Sawoniuk • 28/3/2019 • Artigo • 1.836 Palavras (8 Páginas) • 248 Visualizações
Estudo do comportamento do urubu-de-cabeça-preta Coragyps atratus
na Universidade Estadual de Londrina
CAROLINE GAIGUER DA CRUZ¹, ISADORA CAROLINE SAWONIUK¹, JOSÉ VITOR DOS SANTOS DURANTE¹, JOÃO VICTOR DA ROCHA MUSEGANTE¹, LARA MOURA DOS SANTOS¹ E LORENA FÉLIX IASTRENSKI¹.
1: Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina
Resumo
O urubu-de-cabeça-preta Coragyps atratus é uma ave amplamente distribuída nas Américas, estando assim presente no Brasil. Poucos de seus aspectos comportamentais são estudados. Este trabalho teve como objetivo registrar e analisar o comportamento de Coragyps atratus. O objeto de estudo foi uma única família de urubus que estava presente no telhado do laboratório de bioquímica da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A partir das observações, foi construído um etograma e posteriormente realizado amostragens scan e animal-focal. Foram obtidas altas frequências de observação, limpeza e manutenção e movimentos sem se locomover. Pelo conjunto do que foi analisado, conclui-se que estas aves apresentam cuidado parental e fazem limpeza e manutenção das penas frequentemente e por longos períodos de tempo. Isto pode contribuir para a melhor compreensão da espécie podendo ser usado em programas de manejo e conservação da fauna.
Palavras-chave: Coragyps atratus , etograma, cuidado parental.
Introdução
O urubu-de-cabeça-preta é uma ave comum em todos os biomas brasileiros, com uma distribuição que acompanha a colonização humana, por isso é frequente em ambientes urbanos (WikiAves, 2018). Ele é representado pelas subespécies Coragyps atratus atratus, que foi o objeto de estudo neste trabalho, Coragyps atratus brasiliensis e Coragyps atratus foeten (ordem Cathartidae).
Sua dieta é composta por carcaças de animais mortos ou materiais em decomposição, animais abatidos e debilitados, e carrapatos. Isto permite a prestação de um serviço de sanitização ambiental para o ecossistema, inclusive, eles possuem sistema imune e trato digestivo especializado para este tipo de alimentação (Aves de Rapina Brasil, 2018).
O Coragyps atratus geralmente é identificado pela coloração negra, com rémiges primárias claras e pescoço e cabeças nus. Esta espécie apresenta dimorfismo sexual pouco aparente: a fêmea possui quase o dobro do peso do macho. A nidificação ocorre em árvores mortas ou em abrigos mais reservados e são colocados dois ovos por vez, com incubação que dura aproximadamente 32 dias (Sazima, 2011). Estas aves exibem cuidado parental, um comportamento que foi observado neste trabalho.
Quanto a aspectos comportamentais dos urubus, o tema mais explorado até então foi a interação deles com carcarás, em que estes fazem allopreening com finalidade de reafirmação social e limpeza (Souto, 2008). Dessa forma ambas as espécies se beneficiam, o carcará auxilia na vigilância emitindo gritos de alerta, e o urubu ampara na localização do alimento, pois possui olfato mais desenvolvido e não são dotados de siringe (Carmo, 2015).
Os comportamentos registrados neste trabalho evidenciam a carência de estudos publicados sobre esses animais, pois pouco material relativo Coragyps atratus ao foi encontrado. O esclarecimento dos comportamentos e de porque eles são executados pode ser usado em programas de manejo e conservação da fauna do urubu-de-cabeça- preta.
Material e métodos
As observações foram realizadas entre os meses de outubro e novembro de 2018, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no município de Londrina, km380 Rodovia Celso Garcia Cid. Ordenadas 23°19’19’’S e 51°12’04’’W. Área total de
2.226.013 m² sendo 181.675,82 m² de construção. A UEL conta com várias espécies de ‘vegetais que contribuem para o fornecimento de alimento e abrigo aos animais que habitam o campus.
Dentre esses animais encontra-se o Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta), foco desta observação. A família foi localizada no telhado do laboratório de Bioquímica do Centro de Ciências Exatas (CCE) (Figura 1)
[pic 1]
Figura 1: plano do campus da Universidade Estadual de Londrina Fonte: http://www.uel.br/eventos/anointernacionaldaquimica/figuras/campus.png).
Primeiramente foram feitas observações e construído um etograma pelo método contínuo Ad libitum (Altmann, 1974) descrevendo todos os comportamentos do animal. Foram realizadas 10 observações com 10 minutos cada.
Em seguida foram realizadas observações individuais de comportamento pelo método scan sampling (Altmann, 1974). Foram feitos registros de 10 minutos para cada animal com intervalo de 5 minutos. Os dados foram registrados e organizados em uma planilha.
Com o método de focal sampling (Altmann,194) foi registrado o tempo em que o evento comportamental do individuo aconteceu, também em um intervalo de 10 minutos, o que foi posteriormente organizado em uma planilha. Após as observações, os dados foram utilizados para plotar gráficos proporcionando a visualização da duração total e a frequência de cada comportamento.
Resultados
Durante os primeiros períodos de observação foi levantada uma gama de 54 comportamentos, observados através da metodologia Ad libitum (á vontade) durante a familiarização com indivíduos estudados. A partir disso, foi possível a elaboração do etograma.
Para o tratamento dos resultados observados e elaboração do etograma foi feito o agrupamento dos comportamentos em 11 categorias, sendo elas: cuidado parental direto, forrageamento, interação, limpeza/manutenção, observação, movimento sem locomoção, deslocamento (não voo), voo, termorregulação, vocalização e diversos.
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