TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fatores fisiológicos do envelhecimento

Por:   •  7/5/2019  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.941 Palavras (8 Páginas)  •  166 Visualizações

Página 1 de 8

Introdução

O envelhecimento é um processo contínuo que começa desde que nascemos e inevitavelmente nos conduz à morte. É um processo de deterioração da função de órgãos e das funções biológicas que não é estimulado por uma noxa particular , como acontece nas doenças - em vez de termos este estímulo que é a noxa temos um estímulo que é o tempo.

Envelhecer é um processo contínuo que:

 Depende do fator tempo

 Acontece em todos nós, mesmo que morramos antecipadamente (até mesmo nós já estamos a envelhecer)

 Determina a degradação das funções fisiológicas.

Envelhecer não é estar doente, uma vez que a doença pressupõe que haja qualquer coisa que a desencadeie. Por exemplo: uma infecção urinária alta (uma pielonefrite) por um microorganismo como a E. Coli pode levar a um quadro de febre e de choque, com falência multi-orgânica. Sabe-se que a falência associada a sépsis por um microorganismo identificado está correlacionada com a infecção, e portanto se a tratarmos podemos tentar vencer essa falência de órgão.

No envelhecimento isto não acontece: existe um factor tempo, um relógio que começa no momento em que nascemos e que também determina falência e deterioração de órgãos. Vai portanto determinar que a manutenção da homeostasia se torne cada vez mais complexa porque, se há deterioração progressiva da função dos órgãos, o indivíduo em questão deixa de conseguir fazer face a desequilíbrios da sua homeostasia.

Teorias de Envelhecimento

Há N teorias de envelhecimento entre as quais não há consenso. Algumas delas são teorias sociológicas/psicológicas que colocam a perda de papel social como o determinante para o processo de envelhecimento (a abstinência de papel social).

Também há teorias médicas e biológicas que têm comum a verificação de uma tendência para a morte celular.

Existem vários exemplos de teorias biológicas:

 A teoria relacionada com os telómeros: portanto sabe-se que sempre que uma célula se divide há encurtamento dos telómeros e que à medida que eles vão encurtando se vai sinalizando a morte celular programada. Chega a um ponto em que há um encurtamento tal que há morte celular programada. Isto é protector para doenças como o cancro, mas determina a morte celular e o envelhecimento.

 Há teorias dos radicais livres, em que o stress oxidativo ou acumular de radicais livres determina a morte celular.

No fundo há uma série de teorias que têm este denominador comum: perceber o que é que do ponto de vista biológico pode ser determinante neste processo de senescência.

Conclusão da Introdução

Como eu vos disse, o envelhecimento é um processo natural, não é doença, porque a doença implica um desencadeante etiológico que aqui desconhecemos. Enquanto que a doença precisa de um desencadeante etiológico, o envelhecimento precisa de um desencadeante temporal. E portanto envelhecer acaba por ser uma deterioração de função que interliga genética, ambiente e esgotamento de recursos. Tudo isto determina alterações que são universais a partir de uma certa altura, por órgão e por sistema.

O indivíduo idoso (o indivíduo que já tem o processo de envelhecimento com vários anos de evolução) é um indivíduo que vai ser necessariamente diferente de um indivíduo jovem e portanto vai ter, a nível dos vários órgãos e sistemas, idiossincrasias que são determinadas pelo tal processo de envelhecimento.

Propõe-se agora percebermos o efeito do envelhecimento nos diversos sistemas:

Alterações Relacionadas com o Sistema Nervoso

 Perda de massa

 Substituição de neurónios por gliose

 Declínio nos neurotransmissores, alterações na vasculatura do sistema nervoso central

 Acumulação de amilóide

 Perda de axónios motores e sensoriais

 Alterações da mielina e depois consequentemente alterações no músculo esquelético associado.

Há consequentemente alterações do músculo esquelético associadas a esta degeneração do SNC. Do ponto de vista anatómico e fisiológico tudo isto são manifestações deste processo de envelhecimento e não de doença.

Se olharmos para os pares cranianos, naturalmente, mesmo sem doença, um indivíduo idoso vai ter uma alteração da acuidade visual, alterações dos reflexos fotomotores e da acomodação, uma diminuição do olfacto e uma diminuição da audição.

Do ponto de vista motor vamos ter alguma rigidez ou eventualmente espasticidade. Do ponto de vista sensorial temos diminuição da sensibilidade, sobretudo vibratória e táctil, e da capacidade de discriminação e de estereognosia. Do ponto de vista da coordenação, há também alterações.

Quanto ao sistema nervoso autónomo, há um estudo que foi feito há relativamente pouco tempo, tanto em ambiente hospitalar como em ambiente de lares de idosos, em que se tentava avaliar a prevalência de hipotensão ortoestática no indivíduo idoso. Verificou-se que mais de 60% dos idosos têm efectivamente hipotensão ortostática sintomática . A hipotensão ortostática é extremamente prevalente no indivíduo idoso porque há degeneração associada. Há alterações na temperatura sendo muito frequente o indivíduo idoso doente não ter febre mesmo tendo uma infecção grave com compromisso de órgão associado.

Do ponto de vista cognitivo isto é do senso comum. Efectivamente, o indivíduo idoso tem uma alteração da memória, sobretudo de curto prazo, e uma alteração da performance do discurso. Por todas as características já referidas, o indivíduo idoso torna-se mais susceptível a todo um conjunto de doenças, como a demência. Existe deterioração cognitiva se tivermos, por exemplo, um acidente vascular cerebral, que pode ser o ponto fulcral para depois haver uma deterioração grave cognitiva e um consequente quadro demencial. Há também mais susceptibilidade ao delírio quando um idoso é colocado fora do seu espaço habitual, é mais natural que fique desorientado e agitado, porque deixa de se conseguir habituar a um ambiente externo novo. Isto para vos dizer que todas estas alterações fisiológicas que nós falámos agora, que no fundo são comuns a todos os idosos, não devem ser consideradas quase como patológicas.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (13.8 Kb)   pdf (114.3 Kb)   docx (14.4 Kb)  
Continuar por mais 7 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com