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RESENHA CRÍTICA: PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

Por:   •  7/4/2017  •  Resenha  •  2.587 Palavras (11 Páginas)  •  998 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA: PEDAGOGIA DO OPRIMIDO

-Thalles Anthony Duarte Oliveira

FREIRE, Paulo. Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e terra, v. 1, 1983.

No livro, o autor, faz um adendo ao medo que as pessoas têm de buscar a liberdade, uma vez que acham que ela será o estopim da desordem. Muitos ainda indagavam sobre a educação libertadora e afirmavam a periculosidade da consciência crítica. Para Paulo Freire, a conscientização nos liberta e não deixam a mercê dos opressores e dos fanáticos destrutivos. Para o autor, o sectarismo, ou seja, a intolerância, a ignorância e o exagero seria um obstáculo a emancipação dos homens. O sectário, por sua vez, por qualquer que seja sua “irracionalidade” que o cega, não percebe ou não pode perceber a dinâmica da realidade. A realidade está muito além do que o sectário pode enxergar, pois ele está cego com seus pensamentos intransigentes.

Paulo Freire nos faz refletir sobre a história da desumanização, haja visto que a criação desta implica em um conjunto histórico provido de períodos anteriores ao que vivemos hoje. A desumanização provoca nas pessoas um sentimento de vocação perdida, ou seja, somos oprimidos a fazermos e sermos o que impuseram para nós, e não o que realmente estamos vocacionados a fazer e ser. Com a violência dos opressores, os oprimidos lutam, cedo ou tarde, contra quem os fez menos. Porem esta luta somente tem sentido quando os oprimidos tentam buscar a humanização sem que se tornem opressores dos opressores.

O grande êxito desta luta seria os oprimidos buscarem a humanização de ambas partes. Para mim, o problema está nos opressores falsos, ou seja, os generosos, que por meio de seu poder persuadizem sobre as pessoas com seu tom generoso e bondoso. Por trás desta farsa, os opressores se mantém como tal e fazem a manutenção deste sistema. Exemplo disso, é o patrão que dá aumento para seu funcionário, porém o exige mais. Ou seja, o patrão está transparecendo ser alguém generoso em detrimento de um maior rendimento em sua empresa. O que devemos fazer é lutar para que estas mãos generosas se estendem menos para nós e cada vez mais surgem mãos humanas, que trabalhem e transformem o mundo. Somente os oprimidos tem o poder, autonomia e a sabedoria de deter os opressores, pois são eles que conhecem a verdadeira e dolorosa realidade de verem seus sonhos e planos sendo desnutridos e esfarinhados pela sociedade injusta, opressora e desumana. A pedagogia da opressão vem nos mostrar que devemos fazer da opressão uma arma contra ela mesma, refletindo sobre o engajamento necessário para a luta da sua libertação.

Há algo a considerar, nos estudos de Paulo, de que os oprimidos nascem em berço dos opressores, aprendem logo cedo a diferença da sua posição social com o opressor, e, enfim, está arraigado a sua existência o fato da opressão. Por fim, o oprimido acaba sendo opressor, quando tem alguma oportunidade de exercer esse papel sobre o outro. A estrutura de seu pensar se encontra condicionada pela contradição vivida na situação concreta de que se formam, no seu pensamento de serem alguém melhores e de serem opressores.

Exemplo disso são os Sem Terras, que por mais que necessitam, não querem a terra para se libertar, mas para obter a posse da terrra e, com esta, tornar-se proprietários ou, mais precisamente patrões de novos empregados. É o oprimido objetivando ser opressor a todo instante em sua vida. Não querem o conhecimento para saber lidar com a opressão, e com este, lutar contra os opressores. Mas querem o conhecimento, pois sabem, que com ele, dominarão os mais ingênuos ou, os mais oprimidos. Esse ciclo, torna-se vicioso e contínuo, pois a todo instante surgem novos opressores ainda mais convictos de sua ideologia segregacionista e novos oprimidos tornando mais opressores.

Mas, enquanto isso, os oprimidos vivem as sombras dos opressores, tornando-os como mestres. Isso mantém cada dia mais uma sociedade dividida em os ingênuos e os espertos. A responsabilidade de sermos livres parte de nós mesmo, uma vez que a liberdade não é algo ganhado, adquirido ou passado por gerações, é algo que deve ser constantemente buscado e mantido. Ninguém tem liberdade de ser livre, pelo contrário, luta precisamente porque não tem.

Daí a necessidade que se impõe de superar a situação opressora. Essa luta pela liberdade é algo difícil de se consolidar devido a imersão dos oprimidos na própria engrenagem da estrutura dominadora. Com isso, temem na medida que buscam serem livres pois isso afeta seus proprietários. Para mim, a manutenção dessas classes está diretamente ligada no ensino, pois o ensino está dividido para aqueles que já estão escolhidos a serem opressores e para aqueles que não têm chances e oportunidades. As escolas particulares, caras e estruturadas servem para que os ricos, donos do mercado e dos meios de produção levarem seus filhos para terem uma educação de qualidade, que defina seu papel na sociedade e para teres conhecimento suficiente para oprimir os ingênuos, que por outro lado, têm uma educação defasada, já controlada pelo governo opressor que se finge de bondoso e provedor da classe operária. Uma educação onde até mesmo os livros didáticos são comprados com um único objetivo: segregar e filtrar o conhecimento da massa pobre desprovida de oportunidades.

Com isso o aluno desenvolve, desde o principio, o sentimento de inferioridade, angustia por não ter uma expectativa de vida melhor do que de seus pais. Crescem sem esperanças, com suas vocações oprimidas e com um pensamento apolítico e alienado. O professor, que é visto para os alunos como o centro e o poço da sabedoria ultra sincera, é alvo da alienação, e portanto transmitem esse conhecimento, sem nenhum contraponto crítico social e politico, para seus alunos, que absorverão tudo o que disserem. A estrutura da escola está inteiramente a mercê dos opressores, para sim formarem cada dia mais oprimidos prontos para o mercado de trabalho explorador.

O direito de todos é violado, a esperança é sacrificada em nome de poucos. Poucos estes que detêm de muitos oprimidos. É que para os opressores somente eles possuem o direito de caminhar livremente, fazer o que gosta, vestir o que der vontade e os oprimidos possuem apenas o direito de existirem. É preciso que os oprimidos existam, para que eles existam e sejam “generosos”. Daí tentam transformar tudo a sua volta em objeto de posse, de controle e de domínio. A terra, a produção, os homens, o tempo em que estão os homens, tudo que se reduz a objeto de seu comando. Nessa ânsia desenfreiada de posse, desenvolvem-se em si a convicção de que tudo pode

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