TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O Jogo Ofensivo do Handebol de Areia: Estrutura e Aspectos Técnico-táticos do Ataque Posicionado

Por:   •  26/2/2023  •  Artigo  •  6.199 Palavras (25 Páginas)  •  67 Visualizações

Página 1 de 25

O JOGO OFENSIVO DO HANDEBOL DE AREIA NA VISÃO DOS TREINADORES: ASPECTOS TÉCNICOS E TÁTICOS

Karen Pereira da Silva, Rafael Pombo Menezes

Resumo:

O handebol de areia é um jogo coletivo esportivo (JCE) ainda visto como novo, mas que vem ganhando espaço e tornando-se cada vez mais atrativo a partir de particularidades que o diferencia do handebol jogado na quadra e garantem sua espetacularização. Características próprias como regras e ambiente de prática, além de influenciarem diretamente na lógica do jogo, também são determinantes para o desenvolvimento da fase ofensiva do esporte que abrange diversos elementos técnico-táticos que são realizados com a finalidade de sobressair ao time adversário. O presente estudo tem como objetivo identificar e analisar os elementos técnicos e táticos que são preponderantes à fase ofensiva do handebol de areia a partir da visão de treinadores experientes. Foram analisados os discursos de cinco treinadores presentes na II etapa do circuito paulista de handebol de areia. Eles revelam aspectos técnicos e táticos decisivos ofensivamente na modalidade que dizem ser determinantes em uma partida de handebol de areia

Palavras-chave: Handebol de Areia - Pedagogia do Esporte - Jogo Ofensivo

INTRODUÇÃO

O handebol de areia é um jogo coletivo esportivo (JCE) mundialmente conhecido como Beach Handball (GEHRER, 2004). No Brasil, começou a tomar expressão no Rio de Janeiro, na década de 80, seguindo as mesmas regras do handebol (GUERRA-PEIXE, 2008) mas, com o passar dos anos, foi criando suas particularidades e regras específicas que o diferencia do jogo na quadra (LEONARDO, 2008; MARTÍNEZ-HITA, 2016). Desde então tem sido um JCE cada vez mais reconhecido e praticado.

As regras desse JCE possibilitam o julgamento de diferentes pontuações para os gols realizados dependendo da forma como foram executados, ou dependendo do jogador que executou a finalização. Essa é uma característica que reflete no perfil de atuação técnica e tática adotado pela equipe, que busca aproveitar-se desta característica de jogo para se sobressair à equipe adversária (MORILLO-BARO; REIGAL; HERNÁNDEZ-MENDO, 2015).

Outro fator importante é o solo em que o handebol de areia é jogado que também modifica a forma de se jogar. A areia é uma superfície que dificulta o drible, o que também reflete diretamente na tática do jogo. Outros fatores também influenciam a dinâmica do jogo, como o número de jogadores em quadra e as dimensões da quadra (MARTÍNEZ-HITA, 2016).

Trata-se de um JCE de invasão caracterizado pelas fases ofensiva, defensiva e transições que obedecem aos princípios operacionais ofensivos e defensivos propostos por Bayer (1994). Seus aspectos técnicos, táticos e estratégicos são determinados pelas relações de cooperação e oposição (GARGANTA, 1998), proporcionadas por constantes interações entre os jogadores de uma mesma equipe e de equipes adversárias, que são limitadas pelo regulamento do próprio jogo (REVERDITO; SCAGLIA, 2009).

Apesar do crescente cenário de evolução técnica, tática, regras do jogo, preparação física (e outros) citados por Morillo-Baro, Reigal e Hernández-Mendo (2015), são escassos estudos que abordam especificamente o handebol de areia (CRISPIM JUNIOR; ALMEIDA; BERGAMO, 2010; LARA COBOS, 2011; LARA JUNIOR; MATOS, 2007; OLIVEIRA et al., 2009). Dentre os estudos, há aqueles que procuram mapear elementos que podem ser decisivos em sua fase ofensiva, como a assimetria numérica proporcionada pela predominante superioridade ofensiva, a atuação de um quarto jogador (especialista ou goleiro-linha), os sistemas de jogo, a tática e a técnica.

        No handebol de areia a superioridade numérica ofensiva é verificada na maioria dos ataques das equipes, o que é proporcionado pela atuação do especialista, que substitui o goleiro (o qual qualquer gol anotado equivale a 2 pontos) e atua como jogador de linha com uniforme diferente, sendo que quando anota um gol esse tem valor igual a 2 pontos. Assim sendo, a superioridade numérica ofensiva é um importante e constante cenário de jogo, no qual os atacantes buscam, prioritariamente, a finalização em situação de 1x0 (ALMEIDA; NASCIMENTO; DECHECHI, 2012). Essa perspectiva de jogo ofensivo busca atrair a marcação adversária para esse jogador, possibilitando o aproveitamento de outras possibilidades ofensivas.

        A atuação do especialista, ou goleiro-linha, torna possível a formação e utilização de diferentes sistemas ofensivos, como o 3:1, 2:2 e 4:0. Além desses sistemas, possíveis casos de exclusão de jogador podem provocar situações de igualdade numérica entre defesa e ataque, o que facilita a atuação defensiva e exige a formação de novos sistemas ofensivos que sejam eficientes. De maneira geral, os sistemas ofensivos possibilitam a manifestação de uma série de elementos técnicos e táticos coletivos e individuais. Esses elementos são realizados com o intuito de dificultar o trabalho defensivo adversário e buscar a melhor chance de finalização.

Considerando o panorama do jogo ofensivo do handebol de areia, o  objetivo deste trabalho foi identificar e analisar os elementos técnicos e táticos considerados relevantes para a construção do jogo ofensivo a partir da opinião dos treinadores.

MÉTODO

Participaram deste estudo cinco treinadores de handebol de areia de equipes masculinas e/ou femininas adultas que disputaram ao menos uma das etapas do circuito paulista de handebol de areia de 2015, promovido pela Federação Paulista de Handebol (FPH).

Os treinadores tinham média de idade de 32 (±12,6) anos e média de 3 (±3,2) anos de experiência profissional, sendo que três deles já atuaram tanto com equipes femininas quanto masculinas, e, os outros dois, um apenas com equipes masculinas e o outro apenas com femininas. Todos os entrevistados são graduados em Educação Física há média de 11 (±10,9) anos, e três possuem pós-graduação. Observa-se, ainda, que 80% desses já atuou como treinador de handebol.

O agendamento da entrevista com os treinadores foi realizado via e-mail e/ou contato telefônico, momento no qual foi ressaltada a importância da participação na pesquisa e de suas contribuições, sendo garantido aos mesmos o sigilo de sua identidade. Todos os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido submetido e aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa institucional.

Este estudo qualitativo buscou enfatizar a riqueza dos dados descritivos a serem identificados a partir das realidades dos treinadores (MARCONI; LAKATOS, 2011), pelo fato de acessar os pensamentos desses sobre temáticas específicas. Foram captadas informações que agem e interagem ao mesmo tempo relacionadas ao contexto dinâmico e complexo do jogo, e às interações entre jogadores e seus possíveis desdobramentos (MENEZES, 2011).

Para acessar o pensamento dos treinadores sobre os conteúdos ofensivos e defensivos do handebol de areia, bem como dos métodos de ensino priorizados por esses, foi elaborado um instrumento de entrevista semiestruturada. Com esse, houve a preocupação com o nível de realidade que não pode ser quantificado e está repleto de sentidos, significados, crenças e valores (MARCONI; LAKATOS, 2011).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (40.6 Kb)   pdf (171.5 Kb)   docx (24.5 Kb)  
Continuar por mais 24 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com