Rugby na escola

1 INTRODUÇÃO

O Rugby é um dos esportes mais praticados no mundo, porém não tão popular no Brasil. Divergentes teorias são apresentadas acerca de sua origem, tendo por mais aceita e divulgada entre seus praticantes a referência a Rugby Schooll, na Inglaterra, onde, de acordo com Pinheiro e Schuster (2012), o estudante Willian Webb Ellis, durante uma partida de futebol, e irritado por não possuir muita destreza com os pés, realiza uma jogada irregular, tomando a bola em suas mãos e partindo em direção ao gol adversário sem permitir que ninguém o parasse. Existem controvérsias sobre a veracidade desta história. Segundo Garcia (apud Cenamo, 2010), naquele mesmo período (1823) já era comum em algumas cidades da Escócia e do Leste europeu jogar futebol com as mãos e que mesmo na Rugby School o futebol, entre 1750 e 1823 já possuía regras diferentes, permitindo manejar a bola com as mãos, entretanto, não havendo a permissão de correr segurando-a. Mandell (apud PRONI, 1998) afirma que por volta dos séculos XVI, XVII e XVIII (momento em que a sociedade começava a ser influenciada pela Revolução Industrial), as classes europeias emergentes adaptavam novos jogos e brincadeiras no intuito de ocupar o seu tempo de lazer. A prática do rugby em nosso país inicia-se juntamente com o futebol e ambas as modalidades, tiveram como precursor Charles Miller, que ao retornar da Inglaterra trouxe em sua mala alguns equipamentos esportivos, dedicando-se aos esportes em seu tempo livre. Diferentemente do futebol.                  

  Que se popularizou, o Rugby ficou restrito as “elites” do país, ganhando espaço somente nas últimas décadas (CENAMO, 2010). O rugby voltará a aparecer nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016 após uma votação realizada no dia 9 de outubro de 2009 durante a realização da 121ª sessão do COI (Comitê Olímpico Internacional), em Copenhague, na Dinamarca, onde 81 membros do COI votaram a favor da inclusão do rugby nas Olimpíadas e apenas oito votaram contra, exigindo o comprometimento da Internacional Rugby Board de manter a modalidade rugby sevens nas futuras Olimpíadas.  O evento será realizado no Estádio São Januário (Rio de Janeiro), recebendo 12 equipes masculinas e 12 femininas em dois dias de evento (FRANÇA, 2009). Esta modalidade tem como objetivo avançar pelo território adversário e marcar pontos (try) apoiando a bola ao solo dentro da área de in-goal. Para que a defesa possa retardar o avanço da equipe adversária é permitido o contato físico, oportunizando também a recuperação da posse de bola. Neste esporte a bola representa a linha de impedimento, não sendo permitido passá-la para frente. Dentre suas modalidades existentes, o Rugby XV destaca-se como mais conhecida e sua principal variação é chamada de Rugby Sevens (CENAMO, 2010). Martoni (apud CENAMO, 2010) aponta que no Brasil, em meados da década de 1970, esta modalidade já chegou a fazer parte da grade de educação física em alguns colégios tradicionais no estado de São Paulo, onde se realizavam jogos intercolegiais. Entretanto, na década de 1980, um acidente durante a realização de um jogo interescolar resultou em um quadro de tetraplegia em um dos alunos participantes, trazendo desconfiança em pais de alunos e professores sobre a segurança desta prática esportiva.  Devemos entender que o rugby é um esporte de contato físico constante e assim como em outros esportes seus praticantes estão sujeitos a possíveis lesões. Pensando nisto, visando maior segurança aos seus praticantes e pretendendo prevenir lesões mais graves durante as partidas, a IRB (International Rugby Board) realizou algumas alterações em suas regras, mas sem deixar que o jogo perdesse sua dinâmica e sua essência.  Hoje em nosso país a CBRu (Confederação Brasileira de Rugby), apresenta um projeto de ensino do Rugby-Tag nas escolas, uma variação da modalidade para ser trabalhada com crianças, em que, ao invés de contato físico, retira-se uma fita presa a um cinto de velcro fixado na cintura como forma de defesa, cessando o movimento de quem está em posse da bola. Entretanto, mesmo com esta proposta, o espaço da modalidade nas escolas ainda continua restrito no país, principalmente por não ser muito conhecida. Este estudo teve por objetivo geral apresentar o rugby enquanto possibilidade de conteúdo da educação física na escola, desdobrando-se nos objetivos específicos: compreender a história da modalidade; delinear os valores, as condutas existentes e sua importância para o âmbito

  Educacional; evidenciar que a modalidade não é violenta, mas sim de contato, onde autocontrole, respeito e disciplina são fundamentais para esta prática esportiva; esboçar uma proposta educacional para o terceiro e quarto ciclo.  

 2 REVISÃO DE LITERATURA

O presente trabalho representa o esforço em contribuir ao acúmulo de informações empíricas acerca das possibilidades didáticas lançadas à prática do rugby nos colégios públicos. Esta preocupação para com a construção de uma abordagem para esta modalidade nas escolas é justificada, na medida em que são poucos os trabalhos que tocam à temática, sendo estes restritos em grande parte a literatura estrangeira, incompatíveis a realidade escolar nacional. Neste sentido, considerando os conteúdos próprios da disciplina de educação física e o estado tal como se estrutura o meio escolar no período atual é que buscamos alternativas aptas a identificação de elementos à construção de uma proposta de ensino para a prática do rugby na escola. Não se pretende, contudo, a construção de um guia prático de atividades, mas sim, constituir, num quadro geral, noções básicas que permitam ao docente refletir acerca dos conteúdos elementares ao desenvolvimento deste esporte. Para tanto, são valorizados as técnicas de passe, de condução da bola e a iniciação do jogo por meio da prática do touch.  

História do Rugby

O rugby é considerado um esporte intrinsecamente formativo, em função dos valores associados à sua prática. Atualmente vive um período de expansão no mundo, influenciado pelo início da era profissional em 1995 e pela inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos a partir de 2016. No Brasil também se observa o crescimento do rugby, com o aumento no número de praticantes e maior exposição da modalidade nos meios de comunicação. Esse aumento no processo de difusão do esporte gera a necessidade de uma melhor compreensão do rugby, para que o crescimento desse esporte no Brasil venha acompanhado de uma melhor organização da prática e melhora da qualidade do rugby praticado no país. Esse estudo buscou analisar o processo de difusão do rugby no Brasil e no mundo, através de uma revisão histórica, onde foram considerados também os aspectos formativos e educacionais intrínsecos a esse esporte. Em função da carência de publicações sobre a história do rugby brasileiro, foram realizadas comunicações pessoais com jogadores e dirigentes que fazem parte da história desse esporte no país. Concluiu-se que a difusão do rugby nacional esteve relacionada principalmente às ações de indivíduos ou entidades ligados ao ambiente esportivo do rugby, e mais recentemente ao aumento da exposição do esporte nos meios de comunicação. Para manutenção dos valores intrínsecos ao esporte, viu-se necessária a transmissão do espírito do rugby em equilíbrio com a transmissão de aspectos relacionados diretamente ao jogo.