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Resistência bacteriana; antimicrobianos; superbactérias; unidades de saúde

Por:   •  26/5/2019  •  Artigo  •  5.878 Palavras (24 Páginas)  •  265 Visualizações

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RESUMO

A introdução dos antibióticos na terapia de algumas infecções foi um grande avanço para a saúde pública. Contudo, o uso indiscriminado desses medicamentos possibilitou a seleção de bactérias resistentes também chamadas de superbactérias. Cada antibiótico tem um mecanismo ou sítio de ação diferenciado, podendo ser inibidor da síntese de peptídeoglicanos, proteínas ou ácidos nucléicos e podem atuar alterando a permeabilidade da membrana. Com o uso precoce, constante e muitas vezes abusivo desses medicamentos, determinadas bactérias tornaram-se mais fortes que eles, fazendo com que algumas drogas não tenham efeito sobre elas. O que possibilita isso são recombinações genéticas, em plasmídeos e transposons, elementos genéticos que favorecem mudanças celulares. As unidades de saúde são hoje os locais de maior periculosidade quanto a resistência bacteriana. Por ser um local de grande prevalência de doenças es, muitas vezes, sem o cuidado adequado quanto a higienização, torna-se um ambiente propício ao desenvolvimento das superbactérias. Com o intuito de sanar esse problema de saúde pública, são necessárias políticas de saúde que visem primordialmente a prevenção, diminuindo o uso excessivo e muitas vezes indiscriminado dos antimicrobianos, além de uma educação em saúde para os próprios profissionais do meio, no sentido de minimizar as chances da evolução dessas bactérias e de infecções pelas mesmas.

Palavras-chave: Resistência bacteriana; antimicrobianos; superbactérias; unidades de saúde;

ABSTRACT

The introduction of antibiotics into the therapy of some infections was a major advance for public health. However, the indiscriminate use of these drugs made it possible to select resistant bacteria, also called superbugs. Each antibiotic has a differentiated mechanism or site of action and may inhibit the synthesis of peptidoglycans, proteins or nucleic acids and may act to alter membrane permeability. With the precocious, constant and often abusive use of these drugs, certain bacteria have become stronger than they do, causing some drugs to have no effect on them. What makes this possible are genetic recombination, in plasmids and transposons, genetic elements that favor cellular changes. Health units are now the most dangerous places for bacterial resistance. Because it is a place with a high prevalence of diseases, it is often, without proper hygiene care, that it becomes an environment conducive to the development of superbugs. In order to remedy this public health problem, health policies are needed that primarily aim at prevention, reducing the excessive and often indiscriminate use of antimicrobials, and health education for the health professionals themselves, in order to minimize the chances of the evolution of these bacteria and their infections.

Keywords: Bacterial resistance; antimicrobials; superbactéria, health units


1 INTRODUÇÃO

Os antibióticos são uma classe de fármacos indispensável. Sem eles os nascimentos prematuros seriam difíceis, a maior parte das cirurgias e dos transplantes seria impossível, terapias citotóxicas para o câncer levariam a infecções mortais e os hospitais se tornariam focos de doenças infecciosas (BRITO; CORDEIRO, 2012). Entretanto, o aumento crescente do uso de antibióticos tem potencializado a seleção de cepas de bactérias resistentes a esses medicamentos (SILVEIRA et al., 2006).

O surgimento da resistência de microrganismos aos antibióticos constitui-se na evolução indesejada de um dos aspectos da terapêutica e do desenvolvimento tecnológico possibilitando a recuperação de problemas que no passado levaram à morte. Os pacientes que permanecem por mais tempo no ambiente hospitalar são mais susceptíveis à infecções que requerem tratamento. O controle da resistência bacteriana está acoplado em um raciocínio complexo envolvendo indicações de uso, política de utilização, forma de administração e questões financeiras ligadas aos hospitais e aos interesses da indústria de medicamentos. (HOLFEL; LAUTERT, 2006).

A resistência bacteriana a antibióticos tornou-se um grande problema de saúde pública em escala mundial, representando uma ameaça para a humanidade (SANTOS, 2004). As infecções provocam 25% das mortes no mundo e 45% nos países menos desenvolvidos, o que, em parte, deve estar refletindo a inadequação das prescrições de antibióticos (NICOLINI et al., 2013).

O presente artigo consiste em uma revisão descritiva da literatura científica no que diz respeito aos mecanismos de resistência bacteriana à antibióticos. Os materiais auxiliares para elaboração desse artigo foram obtidos da base de dados de plataformas eletrônicas como PubMed, Scielo e livros referências no assunto.

2 RELAÇÃO ANTIBIÓTICO E RESISTÊNCIA BACTERIANA

No início do século XX, a mais importante descoberta científica, na área médica que veio contribuir para o controle das infecções bacterianas, entre elas as hospitalares, foi a da penicilina, antibiótico introduzido durante a segunda guerra mundial (SANTOS, 2004). Desde então, sua ampla utilização na clínica dos pacientes é de grande importância para a efetiva cura dos mesmos. Entretanto, ao longo dos anos, com o uso abusivo e indiscriminado desses antimicrobianos, os casos de resistência bacteriana têm sido cada vez mais evidentes e constantes.

[pic 1]

Figura 1. Desenvolvimento da resistência ao longo dos anos

Fonte: CDC (2013)

As bactérias têm um curto tempo de geração, minutos ou horas elas podem responder rapidamente as mudanças do ambiente. Assim, quando os antibióticos são introduzidos no ambiente, as bactérias respondem tornando-se resistentes àquelas drogas. A resistência aos antibióticos se desenvolve como uma natural consequência da habilidade da população bacteriana de se adaptar. O uso indiscriminado de antibióticos aumenta a pressão seletiva e, também, a oportunidade de a bactéria ser exposta aos mesmos. Aquela oportunidade facilita a aquisição de mecanismos de resistência (SANTOS, 2004).

Ainda que a tecnologia farmacêutica venha combatendo esse problema com o desenvolvimento de novos agentes, cada vez mais potentes, os principais fatores que contribuem para o surgimento de cepas resistentes são a prescrição inapropriada de antibióticos para infecções virais e o uso de antibióticos com baixa atividade ou sem o conhecimento do microrganismo infectante (LOPES et al., 2008).

2.1 Resistência Intrínseca

A resistência intrínseca é a capacidade de determinada bactéria a resistir ao antibiótico (ATB). Isso ocorre porque a membrana celular das mesmas possui genes naturais, transmitidos verticalmente, que condicionam a resistência natural. Por exemplo, a bactéria Klebsiella sp é naturalmente resistente à ampicilina pela produção de Beta- lactamases.

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