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A Arquitetura e Cultura

Por:   •  5/4/2019  •  Projeto de pesquisa  •  1.596 Palavras (7 Páginas)  •  154 Visualizações

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Características da arquitetura na sociedade atual

Como arquitetos e planejadores urbanos estimulam gostos e tendências

A arquitetura desde os primórdios da sociedade civil ocupa um lugar importante na conformação do quadro físico em que o homem vive enquanto ser coletivo.  Os espaços arquitetônicos aos quais as pessoas estão inseridas acabam por influir no seu modo de viver e, sobretudo nas relações sociais que estes estabelecem. A configuração das cidades, espaços de trabalho, moradia, lazer e outros é fator vital para manutenção das cidades enquanto “sociedades civis”. Dessa forma se faz notória a responsabilidade que arquitetos e planejadores urbanos assumem ao projetas estes ambientes.

Após a primeira e segunda revolução industrial, com a ascensão da tecnologia, os novos métodos construtivos, a fabricação em massa e a necessidade de reconstruir os espaços destruídos pela guerra e ainda expandir as cidades, a construção civil também se apresenta como um mercado altamente rentável e lucrativo. O crescimento desordenado das cidades, trás um novo debate social essencial para ordem civil: a comunicação entre os espaços e as pessoas que diariamente fazem uso destes. Segundo Barthes (1975-92) “A cidade é um discurso e esse discurso é na verdade uma linguagem”, ao fazer essa citação em sua obra “A condição pós-moderna”, David Harvey nos alerta da importância de que devemos dar para o “retrato” que nossas cidades têm assumido ao longo dos anos.

Com surgimento da arquitetura contemporânea, nas duas últimas décadas, o debate sobre a crise disciplinar e moral do mercado da construção civil tem ganhado cada vez mais espaço. Trata-se de uma crise multifacetada, com centro de origem na predominância dos valores do mercado, onde valores sociais são postos de lado em detrimento do capital, fenômeno este que coloca em risco a cultura de toda uma sociedade, onde a grande parte das atividades humanas e as relações sociais são norteadas pela configuração dos espaços a que vivem.

O pós-modernismo na arquitetura e no planejamento urbano tende a ser desavergonhadamente a ser orientado para o mercado por ser esta a linguagem primária da nossa sociedade. Embora a integração ao mercado traga claramente o perigo de atender às necessidades do consumidor rico e privado, e não do consumidor pobre e público. (Harvey, 1992, pg 87).

Ainda na sequencia de sua fala Harvey ressalva a tese de Jencks de que essa problemática trata-se de uma situação que o arquiteto tem a possibilidade de mudar.

Características da arquitetura na sociedade atual

A indústria da herança e a esquizofrenia contemporânea

A partir do final do século XX e início do século XXI, a ascensão tecnológica unida à visão global do mercado de empreendimentos colaborou para o surgimento dos arquitetos e planejadores “globalizados”, onde a glorificação da personalidade individual é um valor importante, valor esse amplamente cultivado pelo capitalismo enraizado nas cidades, assim nasce também um novo perfil de arquiteto e urbanista, que o define mais como homem de negócios do que profissional da construção civil.

Na lógica global do mercado capitalista, construir uma imagem passa a ser o mais importante, e o próprio trabalho perde relevância coletiva, tornando-se um pretexto para atingir metas pessoais. O arquiteto globalizado pensa primeiro na sua obra, deixando de lado muitas vezes um fator primordial que é o próprio cliente, ele acredita que prestação de seus serviços trará como consequência a rendição do cliente ao mercado. Com isso, abre mão de valores culturais e sociais importantes já cultivados anteriormente pela sociedade através da arquitetura, fator esse que dá origem a “indústria da herança e a esquizofrenia contemporânea”.  

Essa esquizofrenia contribui ao que (Harvey, 1992, p.85) citando Heiwson(1987) trata como Indústria da Herança. Quando arquitetos e planejadores passam a agir em prol do consumo a sociedade tende a perder sua originalidade; A história perde o sentido e a atualidade passa a ser mera imitação do passado.

O papel da arquitetura na relação entre medo e consumo

Valores na sociedade de consumo

Ao longo da história, a arquitetura trás em seu papel fundamental a manutenção de uma sociedade e o emprego de responder a uma demanda de determinada época. No século XXI tal função tem-se confundido com o mercantilismo e a prática capitalista, deixando de lado seu emprego vital na ordem civil para suprir indústria interrupta e sagaz da construção.

consumismo, diferente do consumo que é essencial para manutenção da vida, é a prática que leva o indivíduo a comprar de forma ilimitada e sem necessidade: bens, mercadorias e/ou serviços. No mundo atual globalizado, muitos são influenciados pelo marketing capitalista que busca substituir os valores até então cultivados no leito da sociedade ou no leito familiar por necessidades que em sua maioria não são reais, então muitas vezes o sujeito acaba adquirindo algo não porque de fato precisa, mas porque o mercado em sua lógica mercantilista o convence que para se adequar ao cenário global ele precisa obter a mercadoria. Não é à toa que o universo contemporâneo no qual habitamos é conhecido como “sociedade de consumo”.

Valores na sociedade de consumo

As consequências do capital simbólico

Após a segunda guerra mundial, alguns estudiosos afirmam que adentramos em uma “Nova ordem social”, onde o desenvolvimento econômico e social é pautado pelo aumento do consumo, oque resulta em lucro ao comércio e às grandes empresas, nas quais o mercado da construção civil tem cada dia mais ganhado espaço.  Segundo a psicóloga Ana Luiza Santana “o acúmulo cada vez maior de supérfluos leva nossa sociedade a uma deterioração dos hábitos e dos valores, pois as pessoas se tornam gradualmente escravas do materialismo, em detrimento do caráter espiritual da vida. As próprias relações sociais se desvalorizam diante da valia crescente das mercadorias, na verdade até mesmo os relacionamentos se submetem a critérios materiais”. O geógrafo e escritor David Harvey denomina essa prática de valoração do sentido da vida humana ou das relações sociais a partir do mercantilismo de “capital simbólico” e também aborda em sua obra “A condição pós-moderna” as consequências dessa nova mudança de hábitos nas relações sociais, como veremos no trecho a seguir:

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