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A Mobilidade Urbana

Por:   •  23/9/2019  •  Relatório de pesquisa  •  6.252 Palavras (26 Páginas)  •  126 Visualizações

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MOBILIDADE URBANA E IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NAS COMUNIDADES DOS RIO DE JANEIRO

                                                                                                        Aleandra Nascimento

 

                                                       Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

                                                                                                                             

                                                                                                                           RESUMO

  1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, discussões e olhares se direcionaram para as comunidades da cidade do RIO DE JANEIRO a respeito de temas importantes como segurança pública, educação, moradia e alguns outros também relevantes para a vida de quem reside nesses locais.  O presente artigo tem como objetivo trazer uma visão panorâmica do cenário atual das favelas cariocas no tocante MOBILIDADE, e IMPACTOS CALSADOS PELAS POLÍTICAS PÚBLICAS nesses ambientes.

  1. HISTÓRICO

A presença de casebres em morros da cidade data de 1865, o que leva a argumentação de que já se tratariam de formas embrionárias de favelas. Isso porque a definição oficial inclui a conotação de adensamento, ilegalidade, pobreza, insalubridade e desordem. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse tipo de habitação encontra-se assim definido: “aglomerado subnormal (favelas e similares) é um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais, ocupando ou tendo ocupado até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou não), dispostas de forma desordenada e densa, carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais”. Sem entrarmos no mérito da definição, por si só problemática, já na última década do século XIX, em 1897, surgiram as favelas nos morros da Providência e de Santo Antônio, na área central da cidade.

A cidade do Rio de Janeiro tinha problemas seríssimos de falta de moradia e ainda assim não parava de crescer. Entre 1903 e 1906, o Prefeito Pereira Passos promoveu uma intensa reforma urbana, na qual foram demolidos vários imóveis (grande parte deles de habitação popular) para ampliação de vias e construção de “prédios modernos”, muitos deles de inspiração parisiense. Além disso, como voltaremos a falar posteriormente, o prefeito impôs novas e rigorosas normas urbanísticas que acabaram por inviabilizar inclusive os subúrbios para as classes mais pobres que foram desalojadas da área central da cidade. Nesse sentido, o novo já traz em si a sua própria negação. Para complicar ainda mais, os meios de transporte eram precários, obrigando a força de trabalho a residir próximo ao local de trabalho.

Desde o início do século XX – com a denominada Reforma Passos – foram promovidas reformas urbanas vigorosas, embora tenham sido formados bairros ditos operários, (Bangu) o aspecto geomórfico peculiar da cidade fez com que a divisão de classes por entre os diversos bairros da cidade fosse ligeiramente borrada. Assim é que observamos um grande número de favelas localizadas em bairros nobres da cidade. Contudo, importa reconhecer que a própria concepção “de morador do morro” e “morador do asfalto” por si só já denota a divisão, causando assim uma serie de mazelas social.

Houve, durante a constituição da organização espacial carioca no decorrer do século XX, um comportamento já conhecido desde o século XIX, em que o Estado se associou ao capital privado em benefício das classes mais abastadas da sociedade. É nesse sentido que podemos afirmar, que as formas de urbanização são, antes de tudo, formas da divisão social e territorial do trabalho que além de causar a divisão social, concentrou por muito tempo os investimentos públicos ligados à infraestrutura nessas áreas mais abastadas, refletindo assim um abandono nítido das áreas periféricas que passaram a se reproduzir rapidamente e desordenamento, acumulando ainda mais problemas sócias e de infraestrutura nessas áreas.

  1. NASCIMENTO DAS FAVELAS CARIOCAS

 Para que possamos entender todo o processo de formação na cidade do RIO DE JANEIRO e entendermos a presente divisão que se encontra hoje na geografia da cidade é fundamental enxergar a intensa fragmentação social, é preciso voltar ao processo de formação da cidade, principalmente ao início de sua transformação em espaço adequado às exigências do modo de produção capitalista. Este período, correspondente a segunda metade do século XIX, nos interessa aqui devido ao seu papel transformador da cidade, de sua antiga forma colonial-escravista para uma cidade adequada aos interesses do capital e aberta a modernidade que naquele momento surgia.  As favelas cariocas nascem e se expande por toda a cidade nos séculos XIX e XX, sendo fruto das modificações econômicas e sócias presentes nesses momentos.

O surgimento das favelas na paisagem carioca, segundo Abreu (1988, p. 35), é somente a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX que a cidade passa por um processo de transformação em sua forma urbana, apresentando pela primeira vez uma estrutura de classes espacial marcada pela estratificação em termos de classes sociais. A abolição da escravatura, o surgimento da indústria e o incremento do comércio e serviços na área central da cidade fazem com que se solidifiquem as classes sociais e se inicie uma luta pelo espaço, gerando conflitos que vão se refletir claramente no espaço urbano da cidade.

O principal conflito vai surgir com a presença dos pobres na área central da cidade. Segundo Abreu (1988, p. 42), sede agora de modernidades urbanísticas, o centro, contraditoriamente, mantinha também sua condição de local de residência das populações mais miseráveis da cidade. Estas, sem nenhum poder de mobilidade, dependiam de uma localização central, ou periférica ao centro, para sobreviver. (...) A solução era então o cortiço, habitação coletiva e insalubre e palco de atuação preferencial das epidemias de febre amarela.

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