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IMPERATIVO INTERCULTURAL NA VIDA E NA GESTÃO CONTEMPORÂNEA

Por:   •  19/8/2021  •  Artigo  •  5.827 Palavras (24 Páginas)  •  82 Visualizações

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O IMPERATIVO INTERCULTURAL NA VIDA E NA GESTÃO CONTEMPORÂNEA[pic 2]

Maria Ester de Freitas*

RESUMO[pic 3]

importância dos aspectos interculturais na vida moderna é conseqüência do processo de formação de blocos econômicos, da globalização de em- presas, dos avanços tecnológicos, dos novos processos de comunicação, da relevância econômica do setor de turismo e dos processos migratórios

em massa. Os estudos interculturais nas organizações favorecem a melhoria da eficácia e do controle de estruturas, estratégias e decisões, além de reduzir riscos de investimentos em cenários desconhecidos e de elevar as oportunidades de negócios ao redor do mundo. Na vida social, esta área promove uma maior sensi- bilidade, tolerância e respeito pelos grupos e sociedades de origens distintas. Este artigo analisa as razões que sustentam a irreversibilidade do aspecto intercultural na vida social e organizacional contemporâneas e defende a tese da mobilidade como um novo valor-chave no mundo de hoje.

ABSTRACT[pic 4]

he relevancy of the intercultural aspects in our lives is a consequences on the formation of economic blocks, increasing globalization, the technological and communication process, the enlargement of tourism sector and the worldwide migration process. In the organizations these studies might

promote the improvement of efficacy and control of the structures, strategies and decisions, besides to reduce the risks of the investments in unknown scenery and increase business opportunities around the world. In the social life the intercultural concerns may arise new sensibility, tolerance and respect for people, groups and societies from different origins. This article analyses some reasons for irreversibility of intercultural experience in social and organizational life and sustain the thesis in which mobility is a key-value nowadays.

* Profª FGV-EAESP

Introdução[pic 5]

X Colóquio Internacional sobre Poder Local, realizado em Salvador, em de zembro de 2006, trouxe como uma de suas áreas temáticas o título “Cultu ra, Interculturalidade e Identidade”, na qual foram debatidos 41 papers ver sando sobre diversos aspectos que poderiam ser abrigados em âncoras

como: “construções identitárias”, “culturas global, local e organizacional”, “mu- dança e adaptação de organizações e grupos”, “diversidades”, “administração intercultural: sentido, mobilidade e expatriação”, “gestão intercultural” e “desen- volvimento regional e culturas locais”.

O conjunto desses trabalhos marcou pela originalidade das abordagens e pelo ineditismo em tratar como central um debate que coloca em xeque valores como homogeneidade, hegemonia, consenso, massificação e identidades compac- tas, no universo organizacional. Buscou-se analisar valores, significações e práti- cas relacionadas às diferenças pessoais, grupais, organizacionais e nacionais, bem como assumir que o reconhecimento do outro é um elemento fundador da convi- vência intercultural que se impõe na vida social e organizacional nos dias de hoje. O “inter” é interação, que se produz com e sobre cada um dos parceiros da per- cepção, ação e relação cooperativa ou conflituosa. Ou de outra forma, o aspecto intercultural permeia hoje para o melhor ou o pior, e tende a aumentar cada vez mais a sua presença, tanto no mundo da vida quanto no mundo do sistema ou das coisas, no dizer de Habermas.

A convivência entre portadores de diferentes culturas não é uma novidade na História. De longa data, homens cruzaram fronteiras geográficas e culturais com os mais diversos objetivos, porém, não raro, existia uma clara noção de superiori- dade da cultura dominante expressa pelo vencedor, pelo explorador, pelo coloniza- dor ou pelo catequizador, cabendo ao outro dominado, vencido, colonizado ou catequizado submeter-se culturalmente para sobreviver. A idéia de cultura superior ainda resiste em algumas sociedades de nossos dias, porém cada vez mais ela perde espaço e importância para a tese defendida pela Antropologia moderna. Se- gundo esta, não há culturas superiores, apenas culturas diferentes; e o conceito de raça é impróprio quando se fala de seres humanos, já que reconhece como única a raça humana, porém, com suas diferentes etnias. Ademais, a própria Antropologia tem assumido uma pluralidade de mundos e questionado algumas epistemologias e metodologias correntes, com o intuito de reduzir o aprisionamento do debate por ideologias escolásticas e dogmáticas, em nome de uma antropologia que considere os frutos de cruzamentos plurais entre culturas e a necessidade cada vez maior da área se instruir junto às figuras estrangeiras, ou seja, aos migrantes, aos expatriados, aos turistas, aos refugiados, enfim, ao outro. (AFFERGAN, 1997; PHARO, 1993; AUGÉ, 1994; CINGOLANI, 1994; BOUVIER, 2003).

A unificação da Europa, hoje com 27 países membros, pode ser vista como um dos fatores-chave para elevar o volume dos intercâmbios no continente, au- mentar a velocidade da circulação de pessoas, mercadorias, serviços e idéias de diferentes origens culturais e para fazer emergir o intercultural como uma questão inevitável das novas relações econômicas, políticas e sociais. Estas precisam dar respostas novas aos problemas que foram causados pela convivência sem fron- teiras, e agravados pela imigração acentuada nas últimas décadas, a qual coloca desafios em vários campos de atividades, notadamente nos setores da geração de empregos, educação, saúde, habitação e assistência social. Não é mera coinci- dência que os estudos interculturais ganharam força e reconhecimento mais rapi- damente no mundo europeu, pois tratam de um modelo de convivência diferente daquele no qual os imigrantes assimilam a cultura do país que os acolhe, ainda que preservem partes da suas identidades de origem. Nesses casos, existe, sim, a contribuição dos que chegam, porém esta é relida a partir da matriz cultural do país de destino e se expressa apenas na medida em que não contrarie a cultura hegemônica como condição sine qua non para sua adaptação e aceitação. A Euro- pa unificada titula como cidadãos iguais aqueles que já são cidadãos nacionais

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