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Paper Africanidades

Por:   •  10/6/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.829 Palavras (8 Páginas)  •  303 Visualizações

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FACULDADE DA ASSOCIAÇÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Rafael Malikowski

AFRICANIDADES

Marau

2016

1 INTRODUÇÃO

De riqueza cultural esplêndida, de trabalho e esforço que construíram nações e que sofre forte segregação racial mundo afora até os dias atuais, a África deixa um legado há mais de mil anos por todos os continentes e seus descentes buscam melhores condições, igualdade de direitos e reparação tardia das intercorrências ocorridas outrora. Africanos vieram ao Brasil, não por opção – forçados, e aqui foram a base para a sustentação econômica do país por mais de 300 anos. Há pouco mais de 120 anos a escravidão acabaria, por lei, mas as diferenças sociais entre as etnias são visíveis.

Por outro lado, os encantos que produzem e o legado cultural que deixam são retratos do que dispunham ao desembarcar aqui: tendo apenas o corpo. Danças, gestos, linguagens, culinária, religião. Tudo parte do princípio de que o corpo transmite essas singularidades que foram tiradas de si e, a partir daí, construiu-se a cultura afrodescendente. Pela sua vontade de viver, o povo africano sobreviveu a tanta injúria social e racial. O desenvolvimento do presente paper é um retrato fiel e singular do documentário referenciado.

2 DESENVOLVIMENTO

        Como início da humanidade: a África. 98% da história humana aconteceu na África, sendo o lar das primeiras civilizações. O seu povo milenar havia imigrado pelos continentes muito antes da descoberta das Américas, dominado para escravidão em todos os continentes, espalhando-se pelo mundo para fugir da fome e sujeitando-se a indiferença. Com a escravidão, surgiu e morreu o sentimento de humanidade.

        Para o pesquisador Alain Pascal Kaly, o ser humano nasceu na África. Para ele, não há várias raças humanas, como a ciência antiga e os campos de concentração acreditavam, há apenas uma raça – o ser humano. Descendentes de si. A África tem relação direta com a formação social brasileira, desde o tráfico de escravos até a cultura, etimologia.

        Africanos pelo mundo: houve uma grande dispersão dessa civilização pelo mundo - uma diáspora africana. Pelos continentes, os africanos desenvolveram uma série de experiências, mas não deixaram de lado a cultura. A diferença da diáspora africana para outras diásporas é que a africana teve um episódio criado pelo tráfico, iniciado no final do século XV. Dispersão por obrigação.

        O tráfico Árabe já tirou da África milhões de pessoas antes mesmo da descoberta das Américas. A primeira diáspora africana ocorreu para povoar, inicialmente, voluntariamente os outros continentes. A segunda diáspora deste povo foi através do tráfico negreiro, onde muitas vezes sequestradores eram descendentes de africanos que outrora tinham saído do continente para desbravar o mundo, em busca de melhores condições, por exemplo. O desenvolvimento das Américas e da Europa deu-se diante da mão-de-obra escrava africana. A terceira diáspora africana ocorre pela pobreza, pela falta de desenvolvimento e baseada em governos que não propunham melhores condições de vida ao povo, para tanto, saíram e foram a outros continentes em busca de melhor sorte.

Os africanos no Brasil: chegaram somente com o corpo, pois vinham basicamente nus. O corpo virou uma marca do povo africano. Este tornou-se a base da sua cultura no Brasil. As cicatrizes, as marcas, tornaram-se um arquivo do patrimônio histórico e cultural africano. Com o corpo que o africano vai reconstituir a sua experiência perdida. Através da gesticulação, da dança, do modo de andar, da oração, da culinária, tudo com o corpo, pelo corpo. A sociedade brasileira é formada em sua maioria por descendentes de africanos.

O corpo do africano passa a ser o principal valor. Ele guarda as formas de celebração do sagrado, inclusive em termos religiosos e linguagens. As gestualidades propuseram a comunicação entre africanos de diferentes povos, falando diferentes idiomas. O corpo virou uma ferramenta, e não possuía para o colonizador valor pessoal, apenas força de trabalho. A igreja católica legitimou a condição de escravidão, ao dizer que aquele corpo negro não possuía alma, apenas se alfabetizados e convertidos a religião - e tais acabavam trabalhando forçadamente para a própria igreja. A única coisa que pode explicar a manutenção dessa civilização é a força de se manter vivos de seu povo.

O Quilombo é o lugar da diversidade, é o lugar de acolhida de todas as pessoas que não se encaixavam no modelo colonizador. Há diversidade no Quilombo, pois este reúne homens, mulheres, crianças, índios. Todos em busca da liberdade. Quilombo é um território muito diferente dos demais, é um território cultural, social, onde elementos não visíveis os mantém. É o centro da resistência durante a escravidão no Brasil.

Os valores civilizatórios africanos: são abstratos e formam as novas culturas na direção de longas extensões, por muito tempo. A religiosidade é um valor civilizatório. A familiaridade é um valor africano, onde a mulher é a força central da família. A figura masculina é o valor do guerreiro, onde não é machismo, mas tem uma força grande de formadores de civilizações.

O racismo: não é apenas gostar ou não gostar de uma pessoa. Gostar ou não gostar é um preconceito, e o preconceito não é necessariamente racial. O racismo é algo mais complexo, duradouro e difícil de lidar. Ele tem uma segmentação milenar e global, intrusiva, muito mais que uma ideologia. Preconceito é um julgamento sobre o outro, formalizadas ou não, acompanhada de afinidade. O racismo é sustentado por um sistema de discriminação baseado em uma doutrina que justifica a dominação de um povo sobre o outro. A dominação outrora fora realizada sob sustentação de uma ciência, de uma religião, de uma crença.

A imagem negativa da população negra começa a ser considerada racismo, quando na verdade o racismo institucional continua muito presente. É aquele racismo que impede que população negra não tenha acesso a bens e serviços de direitos a toda população. Esse racismo é muito mais difícil de ser combatido, porque há a naturalização de cada cidadão na sociedade.

Há 40 anos todo mundo dizia que não existia racismo no Brasil, e diziam que no Brasil havia apenas uma questão de democracia racial. Do ponto de avanço, o máximo que ocorreu de lá para cá foi a desmistificação de derrubar o mito da democracia racial. Os avanços não foram tão significativos quanto muitos pensam. O racismo é um fato cultural, e como todo fato cultural é uma luta de gerações. E a cada geração as coisas tendem a melhorar. Possivelmente daqui a 50 anos o racismo será muito mais insignificativo do que hoje.

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