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Resenha do livro: Profissionais, práticas e representações da cidade e do território.

Por:   •  6/5/2018  •  Resenha  •  1.912 Palavras (8 Páginas)  •  248 Visualizações

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Organização: CAMPOS, C.; ATIQUE, F.; DANTAS, F. A. G. Profissionais, práticas e representações da cidade e do território. 1° ed. São Paulo: Alameda,2013. 384 p.

        O livro Profissionais, práticas e representações da cidade e do território, teve origem nos trabalhos realizados por dois grupos de pesquisas na área da história da arquitetura e do urbanismo modernos no Brasil, sendo um desses grupos pertencente a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, e outro pertencente ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo do mesmo estado. As reuniões e seminários ocorridos durante vários anos, resultaram em dois seminários de apresentação dos resultados, o primeiro realizado em 2006, na cidade de São Carlos, São Paulo, intitulado “Por uma cidade sã e bela: o urbanismo dos engenheiros sanitarista no Brasil republicano”, e o segundo realizado em 2007, em São Paulo, intitulado “Construindo a cidade do século XX: uma cidade americana”. O referido livro tem em suas páginas a reunião dos conteúdos apresentados nesses dois seminários, tendo como temáticas de estruturação: o urbanismo sanitarista, a construção das cidades e dos territórios, os planos e as obras que promoveram o desenvolvimento das principais cidades brasileiras ao longo da república, técnicas implementadas a partir das escolas de Arquitetura e Engenharia, estudos sobre alguns profissionais e as formas das cidades brasileiras no século XX.   Os textos foram distribuídos em três partes, alocados em torno de um eixo comum, e a participação dos profissionais na cidade, dividida em idêntico número de fases, sendo essas distintas na história do urbanismo no Brasil.

        Na primeira parte do livro, se têm as ações dos primeiros profissionais na área de urbano, mostrando os processos de transformações de nossas antigas cidades, que traziam em suas características traços de um período colonial, carregados de insalubridades, sendo esses alterados para ambientes belos e sãos. O primeiro artigo, “O engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza e a construção da rede de infraestrutura territorial da cidade de São Paulo no final do século XIX”, que tem como autora Cristina Campus, traz a importância da atuação do engenheiro para o desenvolvimento urbano de São Paulo, tanto na sua vida dentro das instituições públicas, quanto nos trabalhos desenvolvido no ambiente privado. Nesse trabalho, a autora separa a vida do mesmo em duas etapas, em uma primeira, demonstra os trabalhos nos quais ele foi contratado para desenvolvimento de projetos na área de saneamento e na da construção de redes férreas, e em uma segunda fase, a ênfase é dada aos serviços prestados por Souza como funcionário público, principalmente dentro do setor de obras e no processo de estatização das companhias privadas de saneamento em São Paulo. Através do relatado sobre a trajetória do engenheiro, verifica-se que a rede de infraestrutura territorial e urbana paulistana, ocorreu pelo conjunto de esforços do poder público com a esfera privada.  

        Em sequência a obra traz o artigo escrito por Luiz Augusto Maia Costa, denominado “Uma bela cidade: Theodoro Sampaio e a Várzea do Carmo-1886-1903”, o trabalho mostra a importância do engenheiro negro Sampaio no cenário paulista. Sampaio e Paula Souza eram colegas, juntos foram responsáveis pelos primeiros planos de conjunto para as várzeas da cidade de São Paulo, em especial para a várzea do Carmo. O autor traz em seu artigo, as bases teóricas utilizadas por negro Sampaio em seu trabalho de revitalização da várzea do Carmo, demostrando que o engenheiro utilizou-se de ferramentas usadas principalmente nos Estados Unidos, a saber: as pesquisas americanas (surveys), o movimento city Beautiful, e os debates higienístico-sanitário do período. Essas referências são agrupadas por Costa, através da análise de diários do engenheiro, assim como por intermédio de relatórios governamentais publicado na época.

        Já o terceiro artigo do livro, que vem com a nomenclatura “O engenheiro Estevan Antonio Fuertes e seu plano sanitarista para a cidade de Santos”, escrito por Sidney Piochi Bernardini, fala sobre o saneamento em Santos/SP, local que abrigava o porto do estado paulista. No trabalho fica evidenciado que somente ações pontuais da municipalidade não seriam suficientes para sanear a cidade, palco de poderosas epidemias. Nesse contexto então surge a ação do estado, na figura do governador Bernardino de Campos, que contratou Fuertes para elaboração do plano sanitário de Santos, sendo que o trabalho desse engenheiro, embora não implantado em sua totalidade, anos depois serviu como base fundamental para elaboração de projetos de saneamento, inclusive por parte de Saturnino de Brito.

        O próximo artigo escrito por Fábio J. M. de Lima, “Questões de saneamento e urbanismo na atuação de Lincoln Continentino”, traz à tona que o debate a respeito de saneamento ocorria também em Minas Gerais, que no final do século XIX havia inaugurado a sua nova e atual capital. O trabalho demostra a trajetória do engenheiro Lincoln Concentino, formado pela Escola Livre de Engenharia de Belo Horizonte, informando que sua vida profissional está baseada em preceitos exibidos pelos engenheiros que figuram anteriormente no livro.

        Em continuidade, a obra nos traz a segunda parte, denominada “Planos e obras: engenheiro e arquitetos na construção da cidade e do território”, trazendo a importância que os técnicos tiveram na transformação da paisagem urbana das cidades Brasileiras.

Dando início a essa segunda parte, encontra-se o artigo escrito por José Geraldo Simões Junior, “O ideário dos engenheiros e os planos realizados para as capitais brasileiras ao longo da Primeira República”, que trata da compreensão do fenômeno da modernização urbana no Brasil. Para tanto, demostra estudos realizados sobre as intervenções urbanísticas, ocorridas nas dez maiores capitais brasileiras na transição do século, seguindo dados do senso de 1900. O autor demonstra que as ideias, propostas e articulações dos técnicos, engenheiros e arquitetos, por muitas vezes foram fundamentais nas decisões de administradores públicos, constituindo um novo campo profissional, o do urbanismo. O texto de Simões Junior ainda destaca figura do engenheiro Victor da Silva Freire, e seus esforços para raciocinar e intervir sobre a cidade de São Paulo, assim como para a formação de novos profissionais.

        Logo em seguida o livro nos traz o artigo de autoria de José Marques Carriço, “O plano Saturnino de Brito para Santos: urbanismo e planejamento entre o discurso e a prática”, nesse texto é retomado a questão do saneamento em Santos, porém de uma forma mais aprofundada do que o artigo de Bernardini. O trabalho demonstra não só os aspectos que dão estrutura a proposta de Brito, mas também mostra as discussões necessárias sobre as obras para contornar a situação das epidemias, que devastavam o povo de Santos naquela época.

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