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O SEMINÁRIO CIÊNCIAS SOCIAIS

Por:   •  12/6/2022  •  Dissertação  •  2.613 Palavras (11 Páginas)  •  72 Visualizações

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SEMINÁRIO CIÊNCIAS SOCIAIS II

Página 27,28 e 29

EMPIRISMO

  • A palavra empirismo vendo do grego que significa experiência, onde, ao contrário do Racionalismo, enfatiza o papel da experiência para o desenvolvimento do conhecimento.
  • O racionalismo cartesiano explica o conhecimento a partir da existência no indivíduo de ideias inatas que se originam da ideia de Deus, os empiristas buscam explicar o conhecimento a partir da experiência, eliminando a noção de ideia inata, sendo que o conhecimento vem da percepção do mundo sensível, ou seja, do que pode ser experimentado.
  • O racionalismo afirma que a experiência sensível é apenas ocasião do conhecimento e está sujeita ao erro, ao engano, sendo que a verdadeira ciência nasce do espírito, do cogito. Sendo que para o empirismo a razão está subordinada à experiência e não ao contrário, o que faz que os empiristas questionem o caráter da verdade única e absoluta dos racionalistas.
  • Principais representantes do empirismo: Francis Bacon, John Locke, Thomas Hobes, George Berkeley e David Hume.

  • Alguns autores empiristas, que passam a deter o poder econômico e político na Inglaterra, através da monarquia parlamentar que nasce da aliança entre a burguesia e monarquia contra o absolutismo vigente, fazem nascer pelo mundo da experiência concreta e uma filosofia política, baseada na teoria do contrato social e na submissão à lei da maioria são características primordiais.

  • Essa produção acabou por dar bases teóricas concretas para construção do conhecimento em busca do entendimento da realidade internacional.
  • Na filosofia empirista política encontra-se a base para a defesa do liberalismo contra a ideia absolutista do direito divino do soberano, muito pelo fato de que através de suas ideias do conhecimento a questão divina é colocada em dúvida. Isto acaba por determinar que os direitos e as leis que governam uma sociedade são, em sua origem, convencionais, e não advindas de um poder soberano divino e absoluto.
  • O empirismo como gnosiologia caracteriza-se pela defesa de uma ciência baseada em um método experimental, em que existe uma valorização da observação e a aplicação prática da ciência, onde a observação da repetição dos fenômenos com características semelhantes leva a generalização que levam consequentemente ao conhecimento, método conhecido como indutivo, sendo este, base para a concepção empírica de ciência.
  • No que concerne à questão da indução, ressalte-se explorada por Francis Bacon, desenvolve-se um estudo pormenorizado desta a partir do caráter estéril do silogismo, insistindo na necessidade da experiência e da investigação segundo métodos precisos. Por conseguinte, a concepção empirista nasce de uma teoria do conhecimento que explica a origem das ideias a partir de um processo de abstração que se inicia com a percepção que temos das coisas através dos nossos sentidos.
  • Nessa esteira, John Locke distingue duas fontes possíveis para nossas ideias, a sensação e a reflexão. A sensação é o resultado da modificação feita na mente através dos sentidos; e a reflexão reduz-se apenas à experiência interna resultante da experiência externa produzida pela sensação. Assim, em um movimento de produção de ideias simples, são criadas as ideias complexas, que, quanto mais próximas da impressão sensível que as causou, mais reais.
  • Deste modo, enquanto Descartes enfatiza o papel do sujeito, o empirismo de Locke enfatiza o papel do objeto, criando a ideia de tábula rasa, ou seja, para Locke a alma é uma tábua sem inscrições onde a experiência sensível a preenche gerando o conhecimento, não existindo a concepção de ideias inatas de Descartes.

Página 29

O CRIITICISMO KANTIANO

  • O estudo de Immanuel Kant, filósofo de Konigsberg, é essencial para qualquer pesquisador na área de Relações Internacionais, tanto no que diz respeito à sua filosofia crítica, quanto no que tange ao debate lançado por este sobre a possibilidade de uma “paz democrática”, esboçada em sua obra À PAZ PERPÉTUA – UM PROJETO FILOSÓFICO, obra esta que será melhor explorada quando da análise da contribuição deste como teórico de base das Relações Internacionais.
  • Por enquanto mostra-se necessária uma incursão no mundo da filosofia crítica kantiana, que contribui para um entendimento da construção do conhecimento, tema este ora discutido e inserido na problemática da construção teoria das Relações Internacionais.
  • A filosofia crítica de Kant mostra o conhecimento como síntese da união entre racionalismo e empirismo, ou seja, de juízos universais e experiência sensível. Descartes justifica o poder da razão de perceber o mundo através claras e distintas; Locke valoriza os sentidos e a experiência na elaboração do conhecimento. Estas discussões levam a uma argumentação ferrenha sobres as formas que o sujeito possui de assimilar a realidade. Segundo Kant, não é possível conhecer o real em verdade, mas apenas, sua aparência, ou melhor, os “fenômenos”, isso leva à construção da fenomenologia, ou seja, algo que “aparece” para a consciência.
  • A construção do pensar kantiano vem do sentimento que este nutria pelas obras de David Hume e Rousseau. Kant extrair das três grandes correntes de ideias que predominavam no século XVIII, o racionalismo, de Descartes, Leibniz e Spinoza, o empirismo de Bacon, Hume e Locke, e a ciência positiva físico-matemática de Isaac Newton, o material necessário para elaborar sua teoria do conhecimento.
  • Kant em seus estudos busca resolver a discussão havida no que tange à formação do conhecimento tentando superar os pressupostos racionalistas e empiristas, visando determinar o que pode ser conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento não possui fundamento.
  • Para Kant, o conhecimento é formado por matéria e forma, a matéria são os objetos, e a forma somos nós sujeitos, onde, para conhecer os objetos, precisamos ter como estes uma relação sensível, empírica, mas tal experiência nada será se não for organizada pelas formas da inteligibilidade do sujeito, capacidade esta que é anterior a qualquer experiência, ou seja, a priori, sendo esta condição fundamental da própria experiência.
  • Uma das principais questões trazidas pela filosofia de Kant é então a fenomenologia, ou seja, o fato da impossibilidade de conhecimento das coisas como elas realmente são em si mesmas, chamado por ele de noumenon, pois é a coisa em si mesma inacessível ao conhecimento, a este somente é possível a apreensão do fenômeno, do que aparece, não sendo a realidade um dado exterior do qual o intelecto deve esperar correspondência absoluta, mas sim, o contrário, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que aparece para nós e, portanto, dá o sujeito participação primordial na sua construção.
  • Kant, como grande parte dos grandes pensadores, passou por grandes dilemas na construção de sua obra filosófica, como se pode notar a partir da leitura da sua trilogia: Critica à Razão Pura, Crítica à Razão Prática e Crítica ao Juízo.
  • Um desses dilemas é a dificuldade encontrada para a afirmação do conhecimento, que em um primeiro momento encontra-se na explicação sobre a “realidade metafísica” em Crítica a Razão Pura, como, por exemplo, no que tange à existência divina, à alma, à justiça, à liberdade, pois para Kant todo conhecimento é constituído pela forma a priori do espírito e pela matéria fornecida pela experiência, havendo ligação direta na produção do conhecimento entre forma e matéria. A metafísica, por sua vez, não preenche um dos elementos do conhecimento, qual seja este a matéria, pois a experiência sensível de Deus, da alma e de outros seres metafísicos é impossível, dificultando assim o conhecimento metafísico. Cria assim, o que se conhece por agnosticismo, ou seja, não se pode afirmar ou negar a metafísica, pelos simples motivo da impossibilidade de conhecimento desta.
  • Porém, a obra de Kant reserva ainda algumas surpresas na questão do conhecimento metafísico, onde em Crítica à Razão Prática, este desmembra o seu pensamento tentando explicar a realidade metafísica, como a existência de Deus, a partir de seu idealismo transcendental, onde este determina a existência daquilo que é anterior à experiência, que trata não só do que pode ser experimentado, mas também, dos conceitos que são anteriores à própria existência dos objetos, que passam pela construção da racionalidade humana.
  • Portanto, Kant coloca-se entre o racionalismo e o empirismo no que concerne à construção do conhecimento, pois acaba sendo a matéria fornecedora do conhecimento, mas são as estruturas a priori do espírito que constroem a ordem do universo, dando lugar de destaque à racionalidade do sujeito com relação ao objeto a ser ou não, experimentado.
  • O cristianismo kantiano traz ao sujeito do conhecimento a capacidade de distinguir entre o verdadeiro e o falso, tendo critérios e razões para tal e não aceitando afirmações de outros sem o seu prévio exame, pois este é proveniente do entendimento, a faculdade de conhecimento por excelência, a faculdade de pensar e formar conceitos, voltando para a determinação da experiência.
  • Esta atitude crítica determina uma consciência de descrença em tudo aquilo que é estabelecido por outros como tal sem que antes este conhecimento tenha passado por um exame livre e fundamentado do sujeito, a partir de posições independentes e refletidas.
  • Por ter sido mais crítico que seus contemporâneos, Kant não absolutizou a sua época como a época do apogeu da razão, mas antes, como aquela na qual descobriu critérios para a avaliação do desenvolvimento humano através de ideias entendidas como instrumentos heurísticos de comparação histórica (por exemplo, a ideia de uma comunidade humana universal em face das etapas concretas em que a humanidade se encontra). Só enquanto não crermos cegamente na razão e na ciência poderemos compreender fenômenos de decadência, como o nazismo, ou de novas barbáries e violências, como as guerras e a corrida armamentista. A atitude crítica, para se manter, precisa reconhecer os limites da razão. Sem essa consciência, a razão pretender-se-á onisciente e onipotente, tornando-se a dogmática e autoritária, perderá o seu necessário vínculo com a liberdade e se converterá em irrazão, sob a ilusão de parecer conhecer e de parecer racional.
  • Nesse momento têm-se os principais fundamentos da construção do conhecimento segundo a filosofia  da ciência, onde o racionalismo, o empirismo e o criticismo kantiano apresentam-se como essenciais para um entendimento inicial da teoria do conhecimento, vez que estes acabam por determinar novos pensamentos filosóficos no concernente à produção do conhecimento científico, que necessariamente irá determinar a verificação teórica do estudo das Relações Internacionais.
  • Nesse sentido, temos no positivismo de Comte, no idealismo hegeliano e no materialismo marxista, exemplos claros da influência das correntes anteriormente analisados.
  • O positivismo nasce a partir da exaltação da ciência como única fonte do conhecimento possível e o método das ciências da natureza como o único válido, tendo principalmente o empirismo como base fundamental. Nesse contexto desenvolve-se no século XIX o pensamento de Augusto Comte (1798-1857), principal representante dessa corrente.
  • Já para Hegel com seu idealismo, o conhecimento só se torna concreto ao analisar o modo como a realidade foi produzida, sendo criada e recriada pelo processo dialético. Caracteriza-se pelo idealismo racionalista: o mundo é derivado do pensamento humano, ou seja, o espírito é responsável pelas mudanças do real. O conhecimento não atinge a matéria per si, incluindo o processo dialético na construção do conhecimento científico e do entendimento da realidade.
  • Outro exemplo da influência das bases filosóficas da construção do conhecimento vem a ser a teoria marxista que por sua vez é caracterizada pelo materialismo, ou seja, é o espírito que deriva do mundo material, onde a consciência é reflexa da matéria, em constante movimento e processo de criação, portanto o mundo é cognoscível. A teoria materialista se divide em mecanicista – determinismo, reduzindo o homem a animal – e dialético – a consciência determina e é determinada pelo real; a ação do homem sobre o mundo o liberta. Nesse sentido vê-se claramente a relação complexa entre o ser humano (sujeito) e a realidade do mundo (objeto).
  • Assim, verifica-se que o conhecimento passa sempre pela relação entre o ser humano e a sua inteligibilidade e o objeto a ser conhecido, sendo que este prisma é comum em qualquer das correntes que tentam demonstrar a cientificidade da explicação da realidade, havendo somente diferenças em como o sujeito vai conhecer  e entender esta realidade, segundo as correntes filosóficas, como visto no racionalismo, empirismo, criticismo kantiano, positivismo, idealismo hegeliano, materialismo marxista, entre muitas outras tentativas de explicação de como é produzido o conhecimento.
  • Claro fica, portanto, que o ponto de convergência é sempre a busca pelo conhecimento, e para a nossa empreitada importante é a relação existente entre o próprio conhecimento, o conhecimento verdadeiro e a função do sujeito nessa busca, já que em Relações Internacionais e o teórico ocupa uma função de sujeito de relação de conhecimento que sempre deve estar comprometido com uma análise fundamentada no princípio da tentativa de explicação verdadeira e científica dos fenômenos internacionais.
  • Até o presente momento a preocupação central tem sido o conhecimento, sendo que foram abordadas as principais correntes filosóficas acerca da sua construção, processo e apropriação. Mas, como trabalharemos a seguir a construção teórica do conhecimento em Relações Internacionais, sendo este o objetivo dessa obra, tem-se a necessidade de uma incursão breve na questão da construção do conhecimento e a sua articulação com o verdadeiro, e quais seriam as possibilidades dessa verdade, para que haja um entendimento de até que ponto pode-se falar em conhecimento objetivo e neutro e que forma de enfrentamento do real mais se aproxima da verdade tendo em vista a condição do analista como ente imprescindível nesta relação.
  • Nesse momento encontramos algumas questões tendo em vista a busca pelo conhecimento verdadeiro, mas principal é: O que é conhecimento verdadeiro?
  • Tem-se, em resumo, que o conhecimento visa desvelar a realidade, compreendê-la, torná-la absorvível ao entendimento humano, buscando a verdade. Esta busca pelo sentido verdadeiro da realidade acabou gerando o que vimos anteriormente, formas discrepantes de vislumbrar o real, e diversas interpretações sobre o que pode ser determinado como verdadeiro, como é o caso do ceticismo. Este acaba determinando que o processo de conhecer é simplesmente influenciado por fatores internos e externos, tornando-se um conhecimento relativo e não absolutamente verdadeiro.
  • Inverso ao ceticismo, tem-se uma outra maneira de encarar o conhecimento, que é o dogmatismo. Este acaba reduzindo a problemática do conhecimento, pois parte do princípio de que o mesmo nasce a partir de que os objetos do conhecimento são dados ao sujeito em sua corporeidade, depositando confiança na razão e na criação de verdades absolutas apresentadas pelos próprios objetos, sem um posicionamento que expões sua percepção sem uma análise, sem uma possibilidade de crítica e argumentação.
  • Como pode ser depurado, não existe um consenso quanto às possibilidades de se atingir a verdade, e nem mesmo, sobre o que é a verdade. O ideal dos primeiros teóricos era apossar-se da verdade e muitos até mesmo chegaram a acreditar tê-la atingido, verdade esta que se mostra com várias facetas diante da pluralidade do mundo, não sendo una, mas sim, dependente do prisma de análise.
  • Com isso, e principalmente em Relações Internacionais, não podemos aceitar conclusões definitivas, imutáveis, haja vista a dinâmica que o conhecimento científico adquiriu com o tempo, sendo que suas diversas bases filosóficas de produção somente vêm a concluir isso, demonstrando que cada saber deve operar a partir de suas fontes e evidências, o que acaba por criar conhecimento diversos e verdades variadas de uma mesma realidade, como bem informa Hilton Japiassu: “Em nossos dias, a única síntese possível é a que assume decididamente a forma de um confronto permanente”.
  • Esta necessidade de confronto mostra que a verdade é o processo de argumentação, de análise do objeto, da condição do sujeito pela busca de significados, sendo que as verdades acabam sendo verdades produzidas, seja pelo conhecimento sensível, seja pelo racional; a verdade deixa de ser certeza ou evidência para ser uma busca, uma produção e uma construção, e é isso que impreterivelmente vai acabar acontecendo na compreensão teórica das Relações Internacionais como conhecimento científico, uma busca pelo conhecimento verdadeiro, mas que assumirá diversas facetas a partir dos fatores a serem dotados, como, por exemplo, a condição do sujeito,

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