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A Atividade Stuart Hall

Por:   •  13/7/2022  •  Dissertação  •  1.043 Palavras (5 Páginas)  •  87 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP

JULIA MEDEIROS BRUNO LOURENÇATO

Prof. Dr. Salvador Andres Schavelzon

ATIVIDADE FINAL

O autor do texto, Stuart Hall, indica três concepções distintas de identidade cultural do sujeito, que são elas: Sujeito do Iluminismo; Sujeito Sociológico e Sujeito Pós-Moderno. Após a Segunda Guerra Mundial, as identidades sociológicas e iluministas entraram em declínio, surgindo assim, o indivíduo pós-moderno, que não possui identidade fixa, permanente ou essencial. Sendo capaz de assumir diferentes papéis em diferentes situações, ou seja, não se afirmando que nascemos, vivemos e morremos na mesma identidade. A identidade pós-moderna é fragmentada, ocasionando a descentralização do sujeito, um dos exemplos são: A globalização, imigração, e os movimentos sociais, como a luta contra o racismo e a luta pela igualdade de direito entre homens e mulheres.

Para o melhor entendimento desse tipo de subjetividade, precisamos entender que as transformações associadas a modernidade libertaram o indivíduo de seus apoios estáveis nas tradições e estruturas. Na modernidade tardia, o sujeito foi sendo deslocado de sua identidade e o indivíduo foi descentrado, então, o homem racional e científico passou a ser o norteador dessa nova identidade.

Mas o que seria a modernidade que tanto falamos? Eis o que diz o filósofo Karl Marx: “É o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos... Todas as relações fixas e congeladas, com seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo que é sólido se desmancha no ar...”, ou seja, a sociedade moderna e o indivíduo pós-moderno, pode ser definido pela mudança constante, rápida e permanente. O pensamento de Marx, sem dúvidas, foi um dos primeiros passos para a construção desse novo sujeito.

O segundo passo, foi a descoberta inconsciente por Freud, que acreditava que as identidades, a sexualidade e os desejos são formados por processo psíquicos que se encontram no inconsciente, o qual funciona com uma lógica totalmente distinta da razão, e por isso o sujeito não tem domínio sobre elas. O terceiro, está associado a Linguística estrutural de Ferdinand de Saussure; O quarto no trabalho do sujeito de Foucault e o último, o movimento feminista.

Vamos citar um dos exemplos que ilustra a “pluralização” de identidades: Ocorreu em 2020, na qual, Telma Taurepang coordenadora da União de Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), organização que também integra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e o Conselho de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), denunciou no Tribunal Ético de Justiça e de Direitos das Mulheres Andinas e Pan-Amazônicas, a omissão do governo Bolsonaro-Mourão em assistir os povos indígenas do Brasil durante a pandemia do coronavírus, e também, a paralisação das demarcações das terras indígenas e flexibilização de leis de proteção ambiental dos territórios, aumentando as situações de violências contra as mulheres indígenas.

Durante a audiência, em seu testemunho para o Júri, alegou: “Hoje vivemos dentro do Brasil um genocídio contra os povos indígenas. O governo Bolsonaro chegou para nos tirar a liberdade de viver dentro de nossas próprias casas. Estamos enfrentando dentro do nosso território, a Amazônia, as queimadas, o desmatamento do nosso solo, nossas águas estão contaminadas, nos trazendo a fome. A invasão da grilagem e dos grandes projetos do agronegócio, a caça e a pesca predatória. A violência deste governo chegou voltada para os povos indígenas e atinge diretamente as mulheres. A pandemia chegou, o vírus chegou e hoje não temos sequer políticas voltadas aos povos indígenas”.

Relatou também, os casos de violências físicas contra as mulheres indígenas, casos de estupros, assédios, adoecimento mental e a superexploração do trabalho das mulheres. “As mulheres indígenas estão sempre a combater a violência e a usurpação dos nossos direitos”, destacou.

A questão denunciada por Telma, muito pertinente nos tempos atuais, indica claramente uma diversidade de identidade. Consideremos os seguintes elementos:

  • As identidades apesar de serem opostas, são extremamente complementares.
  • As diferenças não poderiam ser aceitas no Sujeito do Iluminismo e Sociológico, de modo que para eles, Telma deveria escolher apenas uma identidade: Ou denunciava a falta de políticas públicas voltadas aos povos indígenas por conta do coronavírus, ou denunciava as violências sofridas pelas mulheres indígenas.
  • Por outro lado, podemos perceber que o Tribunal citado no exemplo, também seria um exemplo de diversidade, de modo que aderiu mais de uma identidade: Tribunal Ético de Justiça e de Direitos das Mulheres Andinas e Pan-Amazônicas.
  • As paisagens políticas, são definidas pelos movimentos sociais, no texto podemos identificar o feminismo e a luta dos povos indígenas pelos seus direitos, nos mostrando que a identidade do sujeito muda de acordo com a forma na qual é representado diante da sociedade. Pois, nem toda luta pelo feminismo, vai aderir também a luta pelos direitos dos povos indígenas e vice-versa. Isso é particular da pluralidade de identidade de cada indivíduo.

A fala de Telma no Tribunal, foi de extrema importância, inclusive, na seguinte frase que ela diz: “[...] Estamos enfrentando dentro do nosso território, a Amazônia, as queimadas, o desmatamento do nosso solo, nossas águas estão contaminadas, nos trazendo a fome. A invasão da grilagem e dos grandes projetos do agronegócio, a caça e a pesca predatória. [...]” Compreende-se que as mulheres indígenas, estruturam o modelo neodesenvolvimentista extrativista que assola a região, e ao se relacionar com Foucault, podemos perceber que as indústrias, ao utilizar o investimento no capital humano para a não distribuição de riquezas, auxilia para o não desenvolvimento econômico, perpetuando a pobreza entre as classes. Uma tentativa para solucionar essa questão, e trazer proximidade aos países desenvolvidos, seria uma iniciativa do poder público em promover políticas de distribuição de renda. Pois o investimento do trabalhador em sua aptidão, transforma sua competência em máquina. E a melhor competência da máquina, trará maior rendimento, porém – em contraproposta – sabemos que a maior parte desse rendimento fica nas mãos dos empresários, inclusive, podemos associar a relação do trabalho estranhado e da propriedade privada retratada por Karl Marx, como a discrepância entre o salário pago e valor produzido pelo trabalho, ou seja, nesse caso, políticas públicas eficientes promovidas pelo Ministério do Meio Ambiente, para a promoção de garantia de renda justa, preservação do território dos povos indígenas seria um grande avanço para uma sociedade justa.

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