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A moral sob a perspectiva do ser

Por:   •  3/12/2015  •  Artigo  •  3.857 Palavras (16 Páginas)  •  625 Visualizações

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1. Introdução


O presente trabalho visa abordar a moralidade como objeto da Ciência, diferenciando ética de moral, bem como busca debater o conceito de moral sob a perspectiva do ser humano, isto é, procura compreender a moral no sentido do
 ser em si mesmo, ou seja, a partir da própria consciência e dos valores que integram o ser humano, evidenciando que a formação da moral não se dá, apenas, no plano do dever ser, mas sim por meio de um conjunto de diversas variações.

 

2. Da moralidade como objeto da Ciência

Perquirindo da história ao que refere aos conceitos de ética e moral, não obstante frequentemente utilizadas como sinônimas e por vezes antagônicas, extrai-se que ao longo do tempo, inúmeras concepções lhes formam atribuídas, sendo estas construídas de acordo com cada período histórico da sociedade, observando, pois, suas diversas transformações no âmbito das relações sociais, políticas e jurídicas, bem como suas aplicações ao âmbito do direito.

Destarte, sem realizar uma análise mais pormenorizada sobre o tema, busca-se o eixo central do sucinto tópico, dispor sobre as percepções extraídas do livro Vergonha, a ferida moral de Yves de La Taille, o qual nos propunha através de remondadas referências filosófica, observar as noções de moral e ética, dando ênfase a Moralidade, em uma concepção mais ampla, desvendando outra vertente, não mais restrita ao âmbito do dever ser.

Em obra citada, propunha Lévy- Bruhl em seu livro La Morale et la Science des moeurs (1902), que a moralidade humana fosse tema de investigação científica, pois estava mais que na hora de os pensadores se debruçarem sobre o âmbito do ser, portanto, à análise do mundo natural, remetendo a uma construção da ciência dos costumes, nas quais suas inclinações provocaram na época, vivas oposições e até mesmo indignações, pois uma ciência da moralidade aniquilaria os valores tornando-os todos relativos. Desta forma, “Estudar psicologicamente o desenvolvimento moral implica em lançar mão de explicitações de vários níveis e descartar, a priori, a existência de um princípio diretor”[1].

Assim como propunha Lévy- Bruhl, outros estudiosos como Émile Durkheim, Sigmund Freud, Jean Piaget, Lawrence Kohlberg, Carol Gilligan, etc. se submeteram a análise da moralidade humana como ciência, apresentando por óbvio, peculiaridades em relação as suas teses.

Partindo dessas colações, importante destacar algumas considerações extraídas das teses dos supracitados estudiosos. Assim, Émile Durkheim e Freud, por exemplo, apresentam em suas bases teóricas a primazia da afetividade e a inevitável heteronomia dos indivíduos, compreendido este como sujeição a uma lei exterior ou à vontade de outrem, carecendo, pois de certa autonomia. Como dispõe Durkheim, ser moral é obedecer aos mandamentos de um “ser coletivo” superior que inspira o sentimento do sagrado por ser temido e desejável. Assim, identifica a heteronomia, que se perfaz pela obediência a algo irremediavelmente superior ao sujeito, qual seja: os mandamentos da sociedade.

De outro modo, Piaget e Kohlberg, em suas disposições, reconhecem a heteronomia, mas como uma fase do desenvolvimento moral, tendo cada indivíduo o potencial de superá-la pela autonomia. Entretanto, partem de premissas distintas referentes à autonomia. Para Piaget, o ser autônomo somente legitima princípios e regras morais inspiradas pela reciprocidade, pela igualdade, pela equidade e pelo respeito mútuo. Kohlberg é ainda mais preciso, pois afirma que o desenvolvimento moral segue em direção ao ideal da justiça, e que na fase superior de evolução a moral é necessariamente pensada em termos universais, pois o sujeito vê antes a si próprio como membro da humanidade, e não apenas de determinada sociedade.[2] Há de acrescentar que estes autores, admitem as diversidades de sistemas morais (como, por exemplo, em termos de consciência, como nos termos de conduta).

Noutras linhas, destaco as inclinações da pesquisadora americana Carol Gilligan, que nos remete ao encontro da ética do cuidado, associada à generosidade, ou seja, a uma virtude inerente ao indivíduo. Sua pesquisa utilizou como instrumento as percepções extraídas da moralidade para uma menina e para um menino, com instituto final de desmontar a moral desalojada do campo restrito dos direitos, portanto, para que esta não seja mais vistas como restritas a deveres, à resoluções de conflitos, as regras e, até mesmo a questão exclusivamente interpessoais.[3]

Tal posicionamento, nos leva a concluir que não existe apenas a moral, abarcando aqui as concepções de Immanuel Kant, como um conjunto de regras restritas da liberdade individual, de caráter obrigatório, cuja finalidade é garantir a harmonia do convívio social[4], ou seja, à necessidade prática de estabelecimento de determinadas normas e deveres, tendo em vista a socialização e a convivência social. [5] Mas de uma moral, associada a uma virtude, seja ela qual for, se o da generosidade, fidelidade, compaixão, etc. ligados aos mecanismos íntimos da consciência.

Por oportuno, destaco os termos: ética e moral, os quais se veem intimamente ligados na perspectiva Carol Gilligan. Segundo, Comte- Sponville entende por moral tudo que fazemos por dever, ou seja, submetendo-nos a uma norma vivida como coação ou mandamento, e por ética tudo que fazemos por desejo ou amor, ou seja, de forma espontânea, sem nenhuma coação outra que aquela da adaptação. A moral ordena, a ética aconselha, sendo assim, para este autor a moral está dentro da ética, sendo a segunda origem da primeira.


3. A moral sob a perspectiva da personalidade

Conforme já explanado no tópico anterior, sabemos que o conceito de moral é formado por diversas variáveis, isto é, por diversas virtudes do ser humano e, segundo o autor Ives de La Taille[6] essas diversas variáveis se encontram na personalidade da pessoa, pois conforme o referido autor, o Eu que compreende o psicológico do ser humano é um conjunto de representações de si mesmo.

Desse modo “o conceito que as pessoas têm de si mesmas, ou seja, as representações que fazem de si, são parte integrante da sua moralidade”[7].  Portanto, verifica-se que a personalidade da pessoa está intimamente ligada a moral, isso porque é a partir da construção da personalidade que se forma a moral. Cabe pontuar que, o resultado dessa construção vai estar relacionado também a diversos fatores externos, como, por exemplos, os valores e costumes de determinado lugar em que o ser humano vive.  

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