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Analise Processual do Livro O Alienista

Por:   •  15/8/2019  •  Resenha  •  1.483 Palavras (6 Páginas)  •  209 Visualizações

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     O livro ”O Alienista” sustenta uma obra emblemática que gira em torno das capacidades mentais do homem. Publicada em 1882 essa história é considerada um dos marcos do realismo no Brasil.

     Em um breve resumo pode se dizer que a narrativa começa quando o Dr. Simão Bacamarte retorna a sua cidade natal Itaguaí. Bacamarte tem como objeto de estudo a loucura humana e passa a dedicar se inteiramente essa ciência. Este acaba por obcecar se pelo tema e institui seu próprio manicômio, a Casa Verde.

     No começo os pacientes eram realmente casos de loucura, assim, a internação era aceita pela sociedade, entretanto, posteriormente o Dr. Bacamarte passou a enxergar loucura em todos e a internar pessoas que causavam espanto. Depois de um tempo, o personagem passa a considerar que louco seria pessoa que mantém a mente em perfeito equilíbrio e não as de juízo doentio. Após essa teoria ele libera os antigos loucos e interna os cidadãos considerados com equilíbrio mental, e partir do momento que estes apresentassem algum desequilíbrio eram liberados.

      Após um período, o Dr. Simão Bacamarte compreende que mais uma vez a sua teoria está inverídica e solta todos os pacientes novamente.  Como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decide trancar-se sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida.

      Esta obra faz parte da fase realista de Machado de Assis e apresenta diversas características que a produção desse escritor apresentará a partir de então, tais como a análise psicológica e a crítica social. “O Alienista” é classificado como um conto mesmo que por sua extensão e outras características, alguns críticos afirmam tratar-se de uma novela, entretanto, este texto não apresenta as principais características de uma novela (uma maior preocupação com o enredo, superficialidade psicológica das personagentes, etc). 

      Ao analisar o livro percebe se a visão a Machadiana, pois o autor como narrador onisciente em terceira pessoa, exterioriza ironicamente a visão da mente, fluindo entre loucura e razão. Ele também questiona o papel destas vertentes sobre o poder. Ser desequilibrado ou racional importa para conquistar soberania e respeito. Mais uma vez o pessimismo de Machado abrange sua narrativa, sendo que o próprio autor afirma ser do humano a graciosidade de ser mal.

       Machado de Assis também coloca em tese nesse conto as fronteiras entre o que é normal e o que é anormal através de um médico que se esforça em tentar entender os distúrbios psicológicos da população. Dessa forma, pode-se dizer que há uma proximidade entre a personagem do Dr. Simão Bacamarte com o próprio Machado de Assis, uma vez que o autor também está interessado em analisar as atitudes das pessoas e suas relações sociais.

      O tema principal do livro é a loucura, esta é apresentada como uma patologia mental, muito embora os processos, que a identificam dessa maneira, sejam sociais, isto é, os indivíduos que destoam de um comportamento, socialmente instituído, são considerados loucos. Definir a loucura como uma doença é uma abordagem relativamente moderna, na história ocidental. Foucault observa que a razão necessita da loucura para existir propriamente enquanto razão, ou seja, sem aquilo que a nega, a razão não se estabeleceria como tal.

      Dentro no livro a análise do parágrafo anterior se faz presente no momento em que foram considerados “loucos”, logo de início no conto, os que apresentavam comportamentos sociais facilmente encontrados nos indivíduos, de uma maneira geral. Assim, vê-se que a loucura é associada aos “defeitos” humanos e não a um desvio de comportamento mais específico e evidente, de modo que “[...] o que era até agora uma ilha perdida no oceano da razão, começo a suspeitar que é um continente”. Ou seja, segundo a teoria do alienista, a loucura atinge inúmeras pessoas, uma vez que elas têm as suas limitações de caráter.

       No entanto, como seriam as “Pessoas normais” ? Depois de várias teorias falhas o médico chega a sua conclusão de que a referência de normalidade seria não mais a virtude, a ética, a sensatez mas sim as falhas de caráter: “[...] se devia admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades, e como hipóteses patológicas todos os casos em que aquele equilíbrio fosse ininterrupto [...]”. Assim, evidenciava-se que o normal era ser anormal; a normalidade seria louca. Esta constatação, observada no conto, pode ser relacionada a um mecanismo de crítica e censura de comportamentos sociais, no tocante aos valores morais dos indivíduos. Se o normal é possuir defeitos graves, isto leva a crer que marcantes falhas de caráter são encaradas como perfeitamente naturais, admissíveis; a sociedade lhes enxerga como aspectos corriqueiros.

       A partir desse parágrafo será iniciada análise do livro com o a matéria de Direito, especificamente com “O Direito de recorrer”. De acordo com Gabriel Rezende Filho “Do ponto de vista do homem, fator mínimo a que se pode fracionar o Direito, o recurso costuma ser explicado como instrumento dado a responder a certa insatisfação nata provocada pela negativa diante do almejado. Nesse aspecto solipsista, o recurso seria uma forma desejável por racionalizar a revolta instintiva do ser humano, correspondendo, psicologicamente a uma irresistível tendência humana.” A passagem se refere ao fato de o ser humano mesmo com uma decisão final do juizado procura reverter à situação usando outros métodos, chamados estes de Recursos, especialmente “O Direito de recorrer” usado em decisões incongruentes ao que foi pleiteadas ou insatisfatórias.

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