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As Abordagens Etnográficas

Por:   •  20/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.145 Palavras (5 Páginas)  •  167 Visualizações

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Abordagens Etnográficas

Para o estudo das abordagens etnográficas no contexto da internet, é necessária a visão acerca de um modelo comunicacional que leva em conta fatores como contexto social e cultura em que estejam inseridas as utilizações da internet. Desta feita, o objetivo buscado nada mais é que apontar possibilidades de leitura e aproximações etnográficas em objetos utilizados digital e virtualmente.

Angrosino (2009, p. 30) dá um conceito elucidativo de etnografia: “A etnografia é a arte e a ciência de descrever um grupo humano – suas instituições, seus comportamentos interpessoais, suas produções materiais e suas crenças”.

O considerável aumento do número de ambientes digitais usuários das tecnologias de comunicação e informação vem fazendo com que a etnografia passe por diversas mudanças, mormente ao constituírem inúmeras observáveis para o desempenho do trabalho etnográfico.

Mapeando terminologias

O termo etnografia virtual surgiu em meio a um conflito de opiniões, onde os autores etnográficos divergiam sobre a possibilidade desse tipo de estudo se dar em ambientes digitais, principalmente pela ausência dos fatores deslocamento, estranhamento e “ir a campo”. Para os referidos autores, a quebra do aspecto espaço-temporal das pesquisas seria suficiente para que não fossem alcançados os objetivos do estudo.

Hine (2000; 2005) foi a responsável pela popularização do termo e considera que a etnografia virtual se dá no/de e através do on-line e nunca está desvinculada do off-line, além de dever ser compreendida pelo caráter qualitativo, onde a análise pode se dar sob duas óticas: como cultura e como artefato cultural.

Posteriormente surgiu o termo netnografia, advindo da metade dos anos 90. Robert Kozinets foi o autor responsável por cunhar o referido termo e acredita que ele demarca as diferenças que o método etnográfico sofre ao passar para os ambientes digitais, já que o aspecto presencial e as experiências on-line são diferenciadas. Ainda para o autor, os procedimentos utilizados na netnografia estão abertos a adaptações e mudanças e dependem dos questionamentos pertinentes a cada objeto utilizado.

O supracitado termo é habitualmente utilizado em pesquisas de marketing, consumo, público alvo e audiência para os ambientes digitais, sendo vinculado às pesquisas aplicadas de mercado.

Surgiram outros termos com o passar do tempo, tais como: etnografia digital e webnografia. Porém, as referidas terminologias não inferem mudanças na etnografia em si, mas sim na maneira metodológica, como os procedimentos de coleta e análises de dados distintos em cada um. Desta feita, vários autores criticaram tais surgimentos terminológicos, pois avaliavam como maléficas as distinções feitas, principalmente ao gerar padrões diferentes que dificultam as avaliações dos resultados obtidos com a pesquisa etnográfica.

Quando utilizar a etnografia como método?

Para Angrosino (2009, p. 36) a escolha do método etnográfico deve se dar nas seguintes ocasiões: “Para estudar questões ou comportamentos sociais que ainda não são claramente compreendidos e ajudar o pesquisador a ‘tomar pé da situação’ antes de centrar-se em questões específicas”. Hine (2009) defende que a escolha do objeto a ser estudado, bem como do local, deva ser feita a partir de um mapeamento que indique a visualização das possibilidades mais adequadas à problemática estabelecida.

Observação e o processo interpretativo no campo

Frise-se que não devemos separar, no caminho da construção do campo, como se fosse algo totalmente distinto da vida real, mas sim devemos explorá-lo sem anteciparmos os seus limites. Assim, os limites da inserção dependem de alguns fatores, para Kendall (2009, p. 21), tais como: o material coletado no campo; a multiplicidade de ferramentas e métodos utilizados; o contexto cultural; e os indivíduos. A autora também define fronteiras (espacial, temporal e relacional) e esferas de influência (analítica, ética e pessoal) para a construção do campo a ser pesquisado, interferindo diretamente no recorte do objeto a ser estudado.

Para Geertz (1989) a observação e a narração dos detalhes em análise a determinada comunidade chama-se descrição densa e o relato etnográfico como resultante de múltiplas textualidades. Os referidos atos descritivos devem seguir uma série de protocolos e cuidados, tais como: entrar em contato com o grupo; manter um diário de campo com as anotações; e contextualizar os informantes e usar diversos tipos de entrevistas.

Os supracitados cuidados e organização procedimental visam não confundir a etapa de observação e a coleta de dados com a etnografia em si.

Ampliando o espectro metodológico e os objetos possíveis

A etnografia, devido sua adaptabilidade, pode ser juntada a vários métodos e técnicas, tais como: análises quantitativas e estatísticas; pesquisa de opinião; análise de redes sociais etc. Tal combinação reforça o caráter epistêmico da etnografia.

Além da diversidade metodológica, são inúmeros os objetos que porventura sejam recortados no campo, tanto exclusivamente on-line quanto misto.

É percebido que a etnografia, mesmo com a diversidade de procedimentos metodológicos, nos permite pesquisar de uma forma que tenha um traço em comum, seja ele: a vivência em campo; a narrativa personalizada; a utilização e a combinação flexível de múltiplas técnicas de pesquisa etc.

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