O Fichamento de Comentário

FICHAMENTO DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICO DA OBRA “A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER: EM TRÊS ARTIGOS QUE SE COMPLETAM”, DO AUTOR PAULO FREIRE

MARINGÁ

2019

FICHAMENTO DE COMENTÁRIO OU ANALÍTICO DA OBRA “A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER: EM TRÊS ARTIGOS QUE SE COMPLETAM”, DO AUTOR PAULO FREIRE

MARINGÁ

2019

FICHAMENTO

Título principal: A importância do ato de ler:                                   Número da ficha: 01                         em três artigos que se completam FREIRE, Paulo, 1921-1997. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam/ Paulo Freire. – 51. Ed. – São Paulo : Cortez, 2011. – (Coleção questões da nossa época ; v. 22)

O livro em questão é constituído de três artigos, nos quais o autor salienta a importância do ato de ler, e a importância da alfabetização de adultos, utilizando-se da metodologia aplicada por ele em São Tomé e Príncipe, uma vez que, a mesma apresentou resultados consideráveis e por isso deve ser reproduzida. Acredito, que seja de suma importância ressaltar a abordagem simples utilizada pelo autor, visto que, esta linguagem expande o publico alvo de sua obra, à todos aqueles os quais sentirem interesse pelo assunto, não a restringindo apenas à acadêmicos e profissionais. Ademais, convém considerar também a bagagem política, histórica e social que o autor apresenta ao longo desta obra, observando as contrapartidas em relação a educação e a política. Sendo assim, é possível compreender que o intuito do autor é apresentar e introduzir uma educação popular, que usufrui da vivencia e leitura de mundo de cada indivíduo.  No primeiro artigo, o autor nos introduz a idéia que pretende discorrer ao longo de sua metodologia, utilizando como exemplo sua formação como leitor. Freire argumenta, que a leitura da palavra, ocorre sempre após a leitura de mundo que determinada pessoa desenvolve. Dessa forma ele exemplifica com sua própria experiência, uma vez que, segundo o autor, quando consideramos a aprendizagem pela “leitura mundo” podemos considerar talvez a forma mais eficaz, pois permite uma assimilação de idéias a realidades, a coisas concretas e palpáveis, enquanto a leitura da palavra pode ser em vista em de maneira não tão eficaz quanto a primeira, visto que esta por sua vez, leva os indivíduos a aprenderem palavras fora do contexto diário, sem possíveis exemplos que possam fixar em suas mentes, dessa forma, tal aprendizagem gera um sistema mecânico onde o aluno não desenvolve uma percepção crítica, mas apenas uma memorização daquilo que lhe tem sido transmitido. Ao considerar tais experiências, surge uma dúvida que não se pode ser respondida, sem primeiro considerar toda a estrutura histórica – social a qual nosso país se encontra mergulhado, será que realmente é possível e aplicável tais leituras? E quais os impactos que cada uma pode acarretar?    Ao meu ver, a analise é muito mais profunda do que aparenta ser. Vivemos em um país imerso em desigualdades econômicas, manchado por uma historia de escravidão e servidão, seja à família real portuguesa, ou aos famosos coronéis do sertão. A disparidade cenográfica na dinâmica social, e nas oportunidades que tal abismo econômico propicia em nosso país, não abre brechas para que consideremos que todo aprendizado pós leitura de mundo, irá ser absorvido da mesma maneira. Uma criança da favela não cresce com a mesma visão de uma criança filha de empreiteiro, e mesmo que, estudem as mesmas coisas, o que já é realmente difícil de se esperar no Brasil, elas não terão a mesma leitura de palavras.

Número da ficha: 02

No segundo artigo, o autor aborda a temática da alfabetização de adultos, vinculada a bibliotecas populares. É importante salientar que Freire nos leva a compreensão de que educação e política são conceitos entrelaçados , e que por isso, é irrisório considerar a educação e o educador como neutros, aliás, segundo o autor, eles não podem ser. Para eles, os mesmos devem estar à frente da destruição dos padrões elitistas que perpetuam nosso convívio, e não relatam o contexto social e a vida de grupos populares. O autor acredita, que tal paradigma possa ser desconstruído através da criação de bibliotecas populares, contando as histórias do povo, com a finalidade de que a vivência de tal grupo esteja disponível ao conhecimento de outras pessoas, assim, o ensino da palavra será atrelado ao desenvolvimento crítico.  No terceiro artigo, Freire demonstra sua metodologia aplicada na prática, através da experiência de São Tomé e Príncipe, onde, se encontravam na época apenas 20% da população alfabetizada. O autor instaura seu método de alfabetização através dos Cadernos de cultura popular, onde expõe pequenos textos com temáticas cotidianas da população, de maneira simples e engajada, com diálogos que estimulam não só a leitura, mas o espírito crítico do público alvo. Acredito que tal proposta seja válida e viável em todo tipo de sociedade, uma vez que leva ao estimulo do conhecimento de diversas perspectivas, que muitas vezes, fechados em nossos casulos de realidade pessoal, não somos capazes de enxergar. Ademais, convém mensurar que a exposição a todo tipo de realidade, pode nos despertar interesse por coisas que talvez enclausurados em nossas limitações, sequer consideramos. Política, economia e sociedade são assuntos para todas as pessoas, e permitir que o acesso seja facilitado, é atribuir uma alavanca de impulso para uma sociedade melhor. A valorização da cultura popular é fundamental, pois aproxima as pessoas de suas realidades.  Por fim, considero o posicionamento de Freire como uma perspectiva Marxista, frente à sociedade em que ele vivia e enxergava. Os traços encontrados nesta obra são evidentes, uma vez que de certa forma, Freire apresenta-se como defensor à uma classe oprimida. Acredito que esta obra não seja um roteiro a ser seguido, ou mesmo introduzido como método principal, mas um dispositivo de análise e considerações, que possa gerar nas pessoas uma visão ampla no que se refere à educação, e ao contexto político-social.

Biblioteca: Particular

...