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RESENHA CRÍTICA DE OBRA CIENTÍFICA

Por:   •  1/10/2020  •  Resenha  •  1.259 Palavras (6 Páginas)  •  172 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA DE OBRA CIENTÍFICA

 OBRA: CASTELLS. Manuel. Ruptura: La Crisis de la democracia liberal. 2ª Ed. Atual. Madrid: Alianza Editorial, 2018.

RESENHA CRÍTICA:

O livro está dividido em cinco capítulos, e traz diversas perspectivas atuais sobre a crise do modelo de representação. Inicialmente, na introdução, a obra faz uma alusão às crises atualmente vividas, em razão da pobreza, da fragilidade da convivência humana, da ausência de privacidade e, em especial, a ruptura da relação entre governantes e governados.

Aponta a desconfiança das instituições como um fator que deslegitima a representação política e a proteção do interesse comum, não se tratando de uma mera opção política, de direita ou esquerda, mas sim de uma profunda crise do modelo político de representação e governança conquistada pela democracia liberal, surgindo lideranças políticas que negam as formas partidárias existentes e alteram a ordem política nacional e mundial.

Como alternativas à democracia liberal, emergiram diversas revoluções populares, como forma de encarar a crise entre a representação parlamentar e a representação social, como ocorreu na Bolívia, e em outros, consolidaram-se os regimes autoritários, como na China e Rússia, já na Europa houve uma vitória dos partidos nacionalistas em relação aos partidos tradicionais.

A obra destaca aponta as consequências da crise da democracia liberal, diante da ruptura entre cidadãos e governos, o colapso do sistema e do modelo de representação, sem, no entanto, apresentar soluções globais, vez que estas são específicas de cada país.

No primeiro capítulo denominado “a crise de legitimidade política: não nos representam” o autor propõe a análise do modelo de democracia liberal, com respeito aos direitos básicos das pessoas e direitos políticos dos cidadãos, liberdades de associação, reunião e expressão, separação de poderes, eleição livre, limites ao poder estatal, possibilidade de rever a Constituição e exclusão dos poderes econômicos e modelos ideológicos dos assuntos políticos.

No segundo capítulo o autor aborda o terrorismo global e a política do medo, destacando que o medo é a mais poderosa das emoções humanas, sendo assim, seus efeitos sobre a política são profundos, baseado nesta política, diante do desejo de estabelecer um estado de emergência permanente, o que acaba corroendo as liberdades civis e as instituições democráticas.

Desta forma, os cidadãos aceitam que os vigiem e os controlem eletronicamente, que sejam revistados, aceitam a militarização do espaço público, e o que era exceção vai se transformando em regra nas nossas vidas.

O autor aduz que os grupos terroristas busca exaltar morte, trazendo alguns exemplos do que ocorre na Espanha com o ETA e dos GAL; na Colômbia, com guerrilheiros e paramilitares; no México, com os cartéis criminosos e do narcoestado, entre outros.  

Este estado de emergência permanente cria uma ampla base social para islamofobia, a xenofobia, e o autoritarismo político. Desta forma, o terrorismo afeta fundamentalmente a democracia liberal já debilitada por sua própria prática, e acaba por negar os seus princípios fundamentais.

No capítulo três, o autor aborda a rebelião de massas e o colapso de uma ordem política, trazendo a ideia de que o temor da globalização incita a buscar o refúgio da nação. Desta forma, o multiculturalismo e a imigração induzem o chamamento à comunidade identidária. Articulam-se discursos xenófobos e racistas, gerando uma crise de legitimidade democrática, pelo discurso do medo e uma prática política baseada em voltar ao início.

Enfatiza, pois, a análise da inacreditável ascensão de Donald Trump ao vértice do poder americano, e por conseguinte mundial, sendo este caso fundamental para entender a crise da democracia liberal.

Parte da análise do Brexit, em junho de 2016, ignorando as recomendações dos principais partidos políticos e do primeiro-ministro conservador votando a favor de um referendo vinculante para abandonar a União-Européia, o que fez surgir uma profunda crise institucional na Europa. Enfatiza que para além do conjunto de divisões sociais e culturais, o que determinou a saída da Inglaterra foi uma maior interação entre a sociedade e política na qual se expressam as novas relações de poder.

A construção de uma Europa unida foi um projeto político ambicioso e visionário nas últimas décadas. Porém, a crise do Euro evidenciou uma diferença dos interesses entre países da União, a desconfiança entre seus povos e a dominação dos interesses financeiros sobre as prioridades sociais, gerando um aprofundamento da crise de legitimidade das instituições, sendo evidenciada esta fragilidade com a crise migratória. A liberdade de circulação no interior da União motivou os deslocamentos entre a população, a fim de contornar as dificuldades de emprego na crise econômica.

Evidenciaram-se os defeitos fundamentais da construção europeia que ameaçam sua continuidade e debilitam o projeto federal, tornando uma Europa sem identidade comum, com uma política marcada por um déficit democrático, com submissão migratória pouco controlável, uma economia fictamente integrada com uma moeda comum, que demandou uma intervenção de fato das economias nacionais pelas instituições supranacionais, gerando, assim, a desunião da Europa, firmemente expressada no campo eleitoral.

A contradição entre a globalização e identidade foi se agravando no mundo, e as instituições foram se fechando, isolando-se de seus representados, primando pela sua própria sobrevivência. Assim, nesta situação de crise estrutural e bloqueio institucional, os movimentos sociais autônomos exploram novas formas de ação coletiva baseadas na experiência humana.

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