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SOMOS DONOS DE NÓS MESMOS?

Por:   •  4/5/2018  •  Resenha  •  2.876 Palavras (12 Páginas)  •  2.135 Visualizações

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SOMOS DONOS DE NÓS MESMOS?

Brasília

Março/2017

SANDEL, MICHAEL J.Justiça: O que é fazer a coisa certa. 14ª ed. Nova York: Oxford university Press, 2009.


A proposta do autor é expor teorias filosóficas, usando exemplos simples do nosso dia-a-dia. Trata de teorias como a maximização do bem estar, utilitarismo, libertarianismo e liberalismo. O foco é a discussão de inúmeros exemplos para refletirmos o que seria a verdadeira justiça.

Capítulo I

O primeiro capítulo é uma introdução que demonstra como serão os assuntos abordados ao decorrer do livro. O autor relata diversos casos que nos faz refletir sobre qual o tipo de justiça que consideramos a certa ou qual atitude tomaríamos nas situações descritas.

Sandel fala sobre como em tempos difíceis, uma boa sociedade se une, impedindo imoralidades como a ambição de uns sobre outros, ao passo que fala sobre os filósofos modernos, como Immanuel Kant e John Rawls que acreditam que em uma sociedade justa, a liberdade individual de cada um acerca de suas escolhas a respeito da própria vida devam ser respeitadas.

O autor mostra que a justiça que será debatida na obra, será realizada das diversas óticas de filósofos clássicos e modernos e suas teorias.

Capítulo II

Neste capítulo o autor explora duas abordagens opostas da justiça, como questões morais e político filosóficas. Em especial, aborda o pensamento do utilitarista Jeremy Bentham.

O utilitarismo parte da premissa do bem-estar dos indivíduos e que nós somos regidos por dois polos importantes, um relacionado à felicidade, ao prazer e satisfação e o outro relacionado ao sofrimento, o utilitarismo acredita que o bem-estar da maioria das pessoas deve ser maximizado sendo o sofrimento minimizado, tais características definem o chamado "princípio da utilidade".

Partindo deste princípio o autor traz casos e faz algumas objeções a essa teoria: O utilitarismo desrespeitaria alguns direitos basilares, quando maximiza o bem-estar da maioria e esquece a minoria, que apesar do grupo que pertença, possui seus direitos individuais. Exemplo: Jogando cristão aos leões para a diversão da multidão; tortura justificável em um suspeito de terrorismo; A cidade da felicidade1. O utilitarismo não faz distinção entre

1 Conto de literatura fantástica de Ursula K. Le Guin, contido no livro: Os que se afastam de Omelas.


prazeres, não existindo uma moral maior ou menor do que a outra. Como trazido no livro: “será possível traduzir todos os bens morais em uma única moeda corrente sem perder algo na tradução?” (Sandel, 2008, p.55). A segunda objeção feita pelo autor ao pensamento de Bentham traz esta questão. De acordo com o autor, não é possível colocar o mesmo peso em valores de natureza distintos. Para esta objeção o autor diversos casos, como por exemplo:

Quanto vale a vida humana?

A empresa de tabagismo Philip Morris que demonstrou por meio de uma análise de custo-benefício, que o governo lucra mais do que perde com o consumo de tabaco pela população.

A Ford fez uma análise de custo e benefício que mostrou que pagar indenizações por problemas no tanque de gasolina do Ford Pinto traria menos prejuízo do que consertar as unidades.

Vida de um idoso valeria menos do que a vida de um jovem, segundo análise da EPA (Agência de proteção ambiental dos Estados Unidos). Lógica essa muito defendida pelos utilitaristas: “salvar a vida de uma pessoa mais idosa é menos útil do que salvar a vida de uma mais jovem (O jovem tem mais vida pela frente e, portanto, mais felicidade para usufruir)” (Sandel, 2008 p. 59).

Jonh Stuart Mill tenta salvar o utilitarismo desenvolvendo uma teoria mais humana e menos calculista. Surge então John Stuart Mill, nascido uma geração após a de Bentham, tentou reformular a doutrina utilitarista tornando-a menos fria, calculista e muito mais humana. Este autor, com ideias muito assemelhadas aos libertários, defendia o direito de cada indivíduo fazer suas próprias escolhas e com isso, o que bem quiser, desde que respeite o direito dos demais de fazer o mesmo. Defendia que o Estado não deveria impor suas vontades aos indivíduos, e que este só responderia se seus atos trouxessem prejuízos a outros.

Sandel alega ser necessária uma moral mais concreta do que o princípio utilizado por Bentham para que Mill pudesse basear a sua nova filosofia utilitarista. Ao contrário de Bentham que colocava o mesmo peso para todos os prazeres, para mil há prazeres com valores diferentes, sendo estes valorados de acordo com sua capacidade de desenvolver o homem.

Capítulo III


Micharl Sandel aborda a ideologia libertária em basicamente todo seu livro, mas especificamente nestes capítulos capítulo aborda de forma efetiva o pensamento desta ideologia. A ideologia libertária é a que defende a liberdade que cada indivíduo tem a respeito de si e do que possui, a escolha de fazer com isto o que entender. Para a ideologia, não cabe a terceiros dizerem como devem ou não agir, muito menos impedir um adulto de fazer o que desejar com o que é de sua propriedade, desde que respeitemos os direitos dos outros de fazer a mesma coisa.

Quando nos deparamos com a questão do que seria a coisa certa, frequentemente o que nos vem à cabeça é como o Estado, de forma coercitiva, exerce seu poder sobre a sociedade. Pela ótica libertária, devemos ser donos integralmente também do fruto do nosso trabalho, assim não sendo, havendo algo ou alguém para onde o fruto do trabalho seja desviado, não seremos plenamente donos de nós mesmos.

A ideologia libertaria se sustenta contra os três maiores pilares de boa parte dos países: Paternalismo, redistribuição de renda e riqueza e a legislação sobre a moral. E neste capítulo o autor questiona por exemplo, se seria moralmente certo taxar uns em prol de outros menos favorecidos. Os libertários, claramente, tentam responder a questão de forma negativa.

Nobert Nozick é um dos maiores nomes dessa corrente, defendendo a liberdade de todos como uma questão natural, sendo todos donos de si e do fruto do trabalho. Taxando uns, faz com que o Estado tome parcialmente para si, parte da posse de um cidadão livre, que não consentiu para tal, sendo essa prática, portanto, ilegítima.

O Estado ideal para libertários é o Estado Mínimo, que cuida apenas de fazer cumprir os contratos, proteger a propriedade privada e manter a paz. Qualquer coisa além disso excederia o Estado Mínimo. O autor usa alguns exemplos ao decorrer do capítulo para nos fazer refletir acerca do que seria certo, interferência nas nossas escolhas, mesmo que bem-intencionadas ou nossa total liberdade com aquilo que é nosso por direito natural.

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