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A Socioeconomia e Geopolitica

Por:   •  16/10/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.463 Palavras (6 Páginas)  •  202 Visualizações

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  1. A partir do vídeo da TV Brasil sobre a história do geógrafo Milton Santos, intitulado "Milton Santos - De Lá Pra Cá - 12/06/2011", apresente uma breve síntese (8 a 10 linhas) sobre a importância das ideias deste para a humanidade em geral, especialmente no que diz respeito a contribuição do que ele chama de "homem lento."
  2. Ao longo deste tópico de estudos estudamos que, para compreender o mundo atual, não basta estudar primeiro a localização de cada continente (e dos países), depois seu relevo, seu clima etc., sem estabelecer grandes ligações entre esses vários aspectos. Nesse sentido, por que devemos considerar a teoria de Milton Santos, que tem como eixo principal a "Formação Econômica e Social", uma teoria válida para o entendimento do espaço geográfico? Justifique sua resposta.
  3.  Difundiu-se, no mundo, a ideia de que a capacidade de consumir em níveis cada vez maiores significa que as pessoas estão vivendo em melhores condições do que no passado, pois associa-se consumo ao desenvolvimento econômico. Por outro lado, o consumo também pode trazer impactos negativos, pois estes podem causar danos à base de recursos ambientais e exacerbar os padrões de desigualdade. Destaque outros itens que podem ser considerados positivos e negativos para a sociedade e que estejam diretamente associados à temática que desenvolvemos.

Respostas

Milton Santos revisitado - Milton Santos é daqueles pensadores pioneiros, avançados em relação à sua época e por isso às vezes incompreendido.  Quando lançou o conceito de “homem lento” há cerca de 20 anos atrás (1994) referia-se às pessoas que resistiam à tecnologia, às tendências da moda e da cultura, e refugiavam-se na tradição e velhos costumes.  Geralmente pobres, tais pessoas representavam uma resistência natural, inconsciente, às forças verticais externas da globalização.

O mundo concreto do homem comum é a cidade, especialmente a metrópole. Na cidade existem áreas luminosas e opacas e, nestas últimas, vivem os pobres, em seus "[...] espaços da lentidão e não da vertigem" (Santos, 2008, p.79). Nos espaços constituídos por formas não atualizadas sobrevivem as classes sociais pressionadas pela globalização, personificadas no homem lento.

Agora em 2015, a visão de Santos poderia ser atualizada da seguinte forma:  ricos e classes médias vivem uma voragem de consumo, trocando de carro a cada poucos anos, atualizando modelos de celulares sempre para a versão mais recente, viajando para os lugares da moda, etc., enquanto o restante da população utiliza transporte coletivo de péssima qualidade, comunica-se com celulares inferiores que não acessam as redes mais rápidas, e faz seu lazer no parque da cidade. Os Governos, afetados por uma classe política corrupta e incompetente, não consegue mais cumprir seu papel de fornecer segurança, saúde e educação para a população – a qualidade dos serviços públicos cai, os impostos aumentam, o padrão de vida despenca.

A economia baseada no consumo crescente não é sustentável. O avanço tecnológico permitiu um excesso de produção de quase tudo: carros, eletro-eletrônicos, roupas, e até alimentos (existem hoje no planeta os maiores estoques da história de trigo, milho, soja e arroz). Por outro lado, a automatização do trabalho retira cada vez mais postos de trabalho, tornando a mão-de-obra humana supérflua ou ineficaz em muitos setores.  Com isso se quebra o ciclo econômico: se a população (no papel de trabalhadores) tem cada vez menos trabalho e menos salários, como esperar que a população (no papel de consumidores) tenha renda para comprar cada vez mais itens e substituir itens seminovos por outros totalmente novos?  O "homem lento" de 2015 não resiste à tecnologia e à modernidade por resistência consciente, mas por não ter condição de acompanhar a vertiginosa mudança da economia, nem de processar ou aproveitar a enxurrada de produtos e serviços que derramam sobre sua cabeça. A razão é simples: não pode pagar.

É preciso mudar essa lógica e ideologia. Se as pessoas não servem como mão-de-obra (porque a automatização as substitui) e não servem como consumidores (porque não tem poder aquisitivo suficiente), tornar-se-ão descartáveis?  

Trânsito de capitais X trânsito de pessoas - Uma das premissas da globalização é a eliminação (ou pelo menos suavização) das divisões fronteiriças entre Países, permitindo a livre circulação de CAPITAIS, PRODUTOS e SERVIÇOS.  Isso amplia os mercados de atuação das grandes empresas, ao mesmo tempo em que permite que médias e pequenas empresas locais também negociem com clientes estrangeiros.

Em relação a livre circulação de PESSOAS, entretanto, não existe globalização. Os Países são ciumentos de seus espações nacionais para seus cidadãos, restringindo o mais que podem o acesso permanente a estrangeiros. Acesso temporário, no forma de turismo ou trabalho temporário, até é estimulado ou tolerado.  Mas acesso permanente, esse é evitado e até combatido.  [A excessão é quando a pessoa leva consigo razoável patrimônio econômico para investir, ou conhecimento técnico-profissional especializado.]

Um efeito MACABRO desta política estamos vendo agora com a fuga maciça de cidadãos sírios, libaneses, curdos, líbios, afegãos, etc., dos horrores da guerra e do terrorismo em direção à Europa.  E a ferrenha resistência em dos Países europeus em acolhê-los. 

* bem lembrado esse drama dos refugiados dos conflitos no mundo árabe que buscam o mínimo de dignidade e segurança no território europeu, e o que encontram é a intolerância, para ficar no mínimo. 
O que assistimos é a globalização apenas em termos econômicos, ainda assim de mão única, ou seja, os frutos do
 comércio internacionalizado só correm em direção aos países centrais. Aos periféricos cabe o papel de fornecer mão-de-obra barata e os insumos a preços baixíssimos.

O conceito de "espaço geográfico"  - Em sua vida acadêmica e como pesquisador, pensador e escritor de relevo, Milton Santos começou sua trajetória pelo fascínio ao observar os movimentos populacionais. Esse fascínio inicial evoluiu, levando-o a inovar a Geografia ao dar o devido valor ao conceito de “espaço geográfico”, com ênfase no espaço urbano. E com foco na Geografia das grandes cidades do 3º. Mundo, inclusive com afirmações de impacto como ao constatar o intenso movimento populacional do meio urbano em direção ao meio como inevitável, e com sérias consequências para o mundo moderno. Segundo ele, as mudanças só podem vir das periferias, e isso em todos os âmbitos: dentro dos países terceiros mundistas, a força revolucionária nasce das regiões periféricas das grandes cidades; e em nível mundial a mudança só pode vir dos países periféricos. E nesse contexto surge o conceito do “homem lento”: trata-se do homem comum, do povo, pobre, e que habita o espaço das grandes metrópoles emergentes; e que na sua ação resiste às forças externas, da globalização, que tentam esmagá-lo. São os habitantes dos guetos urbanos que trazem o potencial de mudança social que se acumula e em algum momento encontrará seu desaguadouro.

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