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A Teoria de Minsky quanto a Instabilidade financeira inerente ao capitalismo

Por:   •  21/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.401 Palavras (6 Páginas)  •  619 Visualizações

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1. A Teoria de Minsky quanto a Instabilidade financeira inerente ao capitalismo.

Hyman Minsky, em seu livro “John Maynard Keynes” (1975), traz uma nova interpretação teórica à Teoria Geral de Keynes no que abrange as decisões de investimento e a propensão do sistema capitalista a ciclos de boom e crise econômica, instabilidade esta que para Minsky se trata de algo inerente ao sistema. Para Minsky “nenhuma teoria do comportamento de uma economia capitalista tem mérito, se explica a instabilidade como resultado seja de erros exógenos de política, seja de distorções institucionais que podem ser prontamente corrigidas” (MINSKY, 1982a, apud MOLLO, 1988, p. 101) “uma economia capitalista é instável devido a forças endógenas que refletem o processo de financiamento” (MINSKY, 1980, apud MOLLO, 1988, p. 101).

Para Minsky como se dá o financiamento das atividades econômicas é a principal causa para a instabilidade do sistema capitalista, porém seria esta instabilidade algo natural que “resulta do funcionamento normal de nossa economia” (MINSKY, 1977, apud MOLLO, 1988, p. 101) e recorrente da fragilização da economia que evolui em conjunto com o desenvolvimento.

Em um mercado altamente permeado pela incerteza, a tendência à crise pode ser explicada por intermédio das próprias decisões e expectativas dos agentes econômicos, principalmente nos períodos de bonança. Segundo Márcia Pinheiro:

[...] a experiência de estabilidade faz com que os agentes privados se tornem complacentes e diminuam as margens de segurança em suas transações, expondo-se cada vez mais a riscos. Por isso, até mesmo um pequeno choque é suficiente para fazer o castelo de cartas desmoronar. "Uma dimensão central dessa complacência é a disposição de se expor ao risco dos juros, fazendo dívidas de curto prazo para a aplicação em ativos de longo prazo, com ganhos nos 'spreads' da curva de rendimentos", diz Carvalho. Está dada a receita do colapso: com o aumento da alavancagem, mesmo pequeno choques adversos são fatais. (PINHEIRO, 2009)

Na Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes aponta que os investimentos em bens de capital tendem a aumentar até um ponto em que não exista mais nenhuma classe destes que traga retornos excedentes a taxa de juros vigente, sendo assim uma alta taxa de juros uma variável que impede o “investimento produtivo”, porém não só esta como também um problema de “demanda efetiva” poderia causar uma redução na eficiência marginal do capital com o aumento da oferta no período de prosperidade. Segundo Keynes:

[...] a taxa efetiva de investimento corrente tende a aumentar até o ponto em que não haja mais nenhuma classe de bem de capital cuja eficiência marginal exceda a taxa de juros corrente. Em outras palavras o investimento vai variar até aquele ponto da curva de demanda de investimento em que a eficiência marginal do capital em geral é igual à taxa de juros do mercado.

A visão de Minsky dá um foco diferente à crise econômica onde “o processo de investimento capitalista depende do alinhamento conveniente entre dois conjuntos de preços: o preço dos ativos de capital e o preço dos bens de investimento, cujos principais determinantes são diferentes” (MOLLO, 1988, p.102), sendo o primeiro diretamente afetado pela moeda e o segundo pelo salário nominal. A diferença entre esses determinantes por si só já impossibilita um alinhamento oportuno entre ambos os preços. Porém Minsky não se restringe ao não alinhamento desses preços e parte do pressuposto de que os dois tipos de investimento se tornam mais viáveis através do financiamento, logo as condições financeiras são fatores fundamentais para entender o ciclo em sua teoria.

Numa economia capitalista, preços, produto e emprego são determinados pela condição de que os lucros igualam-se aos investimentos (considerando as modificações especificadas na equação generalizada do lucro). O investimento depende do que é financiado, o que, por sua vez, depende de um excesso do preço de demanda por investimento em relação ao preço de oferta da produção de bens de investimento. O preço de demanda por investimento é obtido a partir do mercado de ativos de capital. Este preço de mercado para os ativos de capital depende de relações que Keynes identificou sob a denominação de preferência pela liquidez, uma das quais é a estrutura de obrigações financeiras “aceitável” para o financiamento de posições de ativos de capital. Quanto mais frouxas as limitações de fluxo de caixa embutidas nos balanços, considerando tudo o mais constante, tanto mais alto será o preço dos ativos de capital. O preço de oferta de produção de bens de investimento inclui custos financeiros durante os períodos de gestação e a margem de segurança dos banqueiros ao financiarem esses produtos. (MINSKY, 1982a, apud MOLLO, 1988, p. 102-103).

Com isso a forma de financiamento da produção de bens de capital e posição em ativos de capital pode ser considerada um fator importante que impacta no desempenho do sistema. Assim as condições financeiras são capazes de impulsionar os investimentos, visto que aumenta a quantidade de recursos nas mãos dos capitalistas. Uma vez que “existem meios de financiamento suficientes, os preços dos ativos de capital são elevados em relação aos preços dos bens de investimento. A decisão de investir é portanto tomada e o investimento aumenta” (MOLLO, 1988, p. 103).

A partir do momento que começam a surgir oportunidades do lucro, dá se o inicio da interação entre clientes tomadores de empréstimo e bancos que emprestam recursos. Com o desenvolvimento dessa interação a estrutura financeira começa a se tornar mais robusta possibilitando inovações financeiras, e até mesmo a substituição da moeda por ativos financeiros que se tornarão mais uma forma de financiamento dos investimentos.

Esse processo viabiliza o aumento da taxa de investimento, posto que quando o banco age de forma especulativa, endividando-se no curto prazo para auferir lucros emprestando a longo prazo, e há o aumento da aquisição de ativos financeiros, isso reflete um aumento endógeno de moeda e ativos líquidos, o que faz o preço destes serem menores do que dos ativos de capital.

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