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A IMIGRAÇÃO ARGELINA NA FRANÇA: DO FINAL DA GUERRA ARGELINA ATÉ OS DIAS ATUAIS

Por:   •  29/5/2019  •  Artigo  •  2.357 Palavras (10 Páginas)  •  328 Visualizações

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A IMIGRAÇÃO ARGELINA NA FRANÇA: DO FINAL DA GUERRA ARGELINA ATÉ OS DIAS ATUAIS

Carla Cristina Campos da Silva
N810GH-0
Bacharelado em Relações Internacionais

RESUMO

Entre 1954 e 1962 ocorre a Guerra da Argélia, conflito que clamava pela independência do país. Duas frentes foram as responsáveis pelo conflito: A FLN (Frente de Libertação Nacional – este sendo o principal partido) e o MNA (Movimento Nacional Argelino). Foi marcada pelos conflitos internos e combates com a França, tortura e terrorismo além da censura de jornais franceses para que a população não soubesse do que realmente acontecia na guerra. Quando a França reconhece a libertação da Argélia no dia 5 de julho de 1962, inicia-se uma nova fase da imigração franco-argelina. A extrema direita francesa está descontente com a crescente população argelina que se mudou para a França. O clima permanece tenso entre os dois países – e entre a população dos mesmos – até hoje.

Palavras-chave: França, Argélia, Guerra, Imigração

ABSTRACT

Between 1954 and 1962 occurs the Algerian War, conflict that cried for the independence of the country. Two fronts were responsible for the conflict: the NLF (National Liberation Front - this being the main party) and the ANM (Algerian National Movement). It was marked by internal conflicts and combats with France, torture and terrorism as well as the censorship of French newspapers so that the population could not know what really happened in the war. When France recognizes the liberation of Algeria on July 5 1962, a new phase of Franco-Algerian immigration begins. The French extreme right is dissatisfied with the growing Algerian population who moved to France. The climate remains tense between the two countries - and among their population - to this day.

Keywords: France, Algeria, War, Immigration

INTRODUÇÃO

        A Guerra da Argélia foi um conflito armado interno, ou seja, uma guerra civil, iniciada pela população argelina que, cansada do domínio francês, resolve lutar contra o governo. Existem dois pólos do lado argelino, duas guerrilhas: a FLN e o MNA que não somente lutavam contra o exército francês mas também entre si. Essa guerra marca o início do uso das técnicas de guerrilha, vistas até hoje entre grupos rebeldes ao redor do mundo.

        Foi uma guerra marcada pela violência, pouco interesse diplomático francês e por atos violentos por parte do governo da França, que torturava presos políticos e cada vez mais exilava e punia os argelinos que viviam na França desde antes da guerra. A população francesa também sofria com isso já que os jornais eram censurados e proibidos de divulgar os acontecimentos da guerra, o que levava ao isolamento dos imigrantes pela própria comunidade e também a um elevado número de crimes cometidos contra os argelinos em solo francês.

        A guerra só acaba quando a França reconhece a independência do país, deixando milhões de mortos e exilados políticos em solo francês. Desde então, o número de argelinos na França não para de crescer e hoje a comunidade argelina é a maior em termos de imigrantes. Ainda assim, a discriminação e o preconceito é um acontecimento constante.

  1. A GUERRA PELA INDEPENDÊNCIA E O COMEÇO DA IMIGRAÇÃO

        Em 1830 começava a invasão do norte da África. Vários países europeus colonizaram países na chamada “África Branca”; a França não foi exceção. A dominação francesa na Argélia se consolidou pelos 17 anos seguintes e com o tempo a insatisfação popular com o governo francês só crescia. Grupos rebeldes começaram a surgir, espalhando panfletos que incitavam a população a se rebelar. A proposta de um novo governo seria uma mescla de social-democracia com islamismo, de modo a garantir direitos iguais a todos os cidadãos argelinos.

        Em 1954 são disparados os primeiros tiros por jovens da então desconhecida FLN (Frente de Libertação Nacional), visando a libertação da Argélia do domínio francês, que havia trazido uma sensação de “estrangeiros em seu próprio país” para os argelinos.

        No entanto, os argelinos possuíam algumas concessões dadas pela Assembléia Nacional. Eles podiam imigrar para a França atrás de trabalho e professar sua religião e o ensino do idioma árabe foi liberado nas escolas da Argélia, porém o preconceito dos franceses com os argelinos ficava mais aparente no dia a dia. Com o aumento no número de países que conseguiam sua independência da Europa, a insatisfação argelina também aumentava.

        A Argélia, primeiro país a usar táticas de guerrilha contra os colonizadores, sofreu uma perda de 1 milhão de argelinos, resultou no êxodo de 900 mil colonos franceses e 500 mil refugiados. É a partir de 1961, com o início das negociações com o então governo provisório argelino, que a imigração argelina muda de forma.

  1. O ÓDIO E O COMEÇO DA REBELIÃO

        Quando a FLN deu início oficialmente à rebelião argelina em 1954, algumas situações já haviam ocorrido previamente. O primeiro sinal de uma possível rebelião ocorreu em 1950 com um assalto ao correio central de Oran feito pela FLN sob o comando de Ahmed Ben Bella, líder da resistência argelina e que havia servido no exército francês durante a Segunda Guerra e, posteriormente, foi o primeiro líder da Argélia independente.

        A repressão francesa foi se tornando cada vez mais cruel desde 31 de outubro de 1954. Milhares de argelinos foram presos na ocasião, a maioria sem filiação alguma a FLN. Qualquer manifestação antifrancesa era punida com rigor e a situação chegou ao seu limite quando o exército francês na Argélia recebeu reforços de 500 mil homens. Esse fato, aliado ao fato de que a FLN exercia pressão sobre os muçulmanos hesitantes, consolidou a rebelião.

  1. A IMIGRAÇÃO ANTES DA GUERRA

        Durante o primeiro período colonial argelino, a França só aceitava imigrantes argelinos para fins de trabalho.

        Mohand Kellil, em sua tese “L’Exil kabyle. Essai d’analyse du vécu des migrant”, entrevistou trabalhadores cabilas que imigraram para a França entre 1946-1948. Segundo relatos, os imigrantes saíram da Argélia com um sonho de “romper as amarras” que os prendiam a família, atrás de liberdade e uma vida melhor mas que rapidamente se desiludiram.

        A França tem, segundo dados de 2011, 702.811 imigrantes de origem argelina (cerca de 13% do número total de imigrantes). É a maior nacionalidade entre os povos estrangeiros que vivem atualmente no país.

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