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A Influência do Estado Islâmico no Equilíbrio de Poder da Síria: um estudo do combate do século XXI

Por:   •  19/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.457 Palavras (6 Páginas)  •  340 Visualizações

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Projeto Mário Travassos

Artigo de Opinião

A Influência do Estado Islâmico no Equilíbrio de Poder da Síria: um estudo do combate do século XXI

Cad Derick Lopes Dantas[1]

(Opinião de inteira responsabilidade do autor)

2017

O quadro político-social fragilizado que afligiu o Oriente Médio, agravado a partir do século XX, fez surgir ali diversos conflitos. Dentre as várias guerras de maior ou menor vulto ocorridas nesse contexto, ganhou destaque no cenário internacional a Guerra Civil Síria. Esse conflito iniciou-se em 2011 como parte da onda de protestos conhecida por ‘Primavera Árabe’, porém destacou-se dos demais movimentos daquele período pelo vulto das ações, pela quantidade de baixas civis e, especialmente, pela ameaça terrorista constantemente imposta à comunidade internacional pelo grupo terrorista Estado Islâmico – uma das partes do conflito.

Nesse contexto, este artigo procura compreender, de maneira resumida, como o Estado Islâmico influencia nas relações de poder entre os grupos em embate nesse conflito e, ainda, identificar mudanças na forma de “fazer a guerra” deste conflito, em relação aos ocorridos durante o século XX.

Esse grupo terrorista utilizou-se do vácuo de poder decorrente do conflito para proclamar um califado[2], que abrange áreas da Síria e do Iraque, país vizinho (MERELES, 2016), erguendo-se como um agente de vulto nas já conturbadas relações entre as partes desse conflito, que a essa altura já não se restringiam apenas ao governo no poder e aos rebeldes.

Além do governo estabelecido e dos insurgentes, existem os Curdos, que são um povo sem um território reconhecido internacionalmente. Eles habitam regiões do norte da Síria e de diversos países vizinhos. Com o estopim da guerra civil, esse povo passou a pegar em armas para enfrentar o regime, com a finalidade principal de defender as regiões onde habitam das demais tropas e estabelecer um território para si. Cabe, ainda, ressaltar que esse pleito por um território próprio tem origens anteriores ao conflito (IANDOLI, 2016). Os curdos acabaram por se tornar bastante úteis para o regime de Assad, uma vez que se opõem às demais tropas rebeldes.

O surgimento do Estado Islâmico, por sua vez, deu-se em 2013, quando veio a separar-se da Al-Qaeda, que havido inserido efetivos próprios em meio às tropas rebeldes. Ao se rebelarem da organização fundada por Osama bin Laden, formaram uma organização independente denominada ISIS (sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e da Síria, conhecido no Brasil apenas como Estado Islâmico – EI). As tropas do EI passaram, a partir de então, a atuar não somente contra tropas do regime de Assad, como também contra tropas curdas e contra as próprias tropas rebeldes (BEAUCHAMP, 2017).

Além de todas as facções do conflito citadas, nações vizinhas, potências regionais e globais atuam, direta ou indiretamente, no conflito. Os principais envolvidos são os Estados Unidos e a Rússia. Embora ambos desejem o fim do Estado Islâmico, os Estados Unidos almejam também o fim do regime de Assad, por o considerarem não democrático e prejudicial ao povo sírio, enquanto a Rússia apoia o regime de Assad (MERELES, 2016).

Além do apoio russo, o regime de Assad conta ainda com o Irã e o grupo libanês Hezbollah. Esses aliados de origem Xiita disputam a hegemonia regional com países sunitas, liderados pela Arábia Saudita que, por sua vez, provê ajuda financeira aos rebeldes, junto com a Turquia e com a Jordânia, países vizinhos à Síria. Além disso, os rebeldes recebem treinamento militar de organizações dos Estados Unidos – CIA e Pentágono (BEAUCHAMP, 2017).

Imagem 01 – As quatro partes do conflito na Síria

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Fonte: http://www.vox.com/2017/4/8/15218782/syria-trump-bomb-assad-explainer (2017)

Dessa forma, ocorre que o embate encontra-se dividido em quatro partes, cada qual com seus respectivos interesses e apoios externos.

Ainda segundo Beauchamp (2017), a partir daquele momento da guerra civil, o ISIS passou a marchar por sobre territórios dominados por outras partes, conquistando áreas para aquilo que proclamaram ser seu Califado, cujo Califa era o próprio líder da organização, Abu Bakr Al-Baghdadi.

Os Estados Unidos da América, que até então apoiavam essencialmente os rebeldes através de treinamento para enfrentarem o regime de Assad, passaram a investir no treinamento dos rebeldes para combaterem tropas do EI. Foi perceptível, a partir daquele momento, uma mudança de postura do governo norte-americano, muito em parte derivada da eleição do presidente Trump. Somando-se isso aos constantes bombardeios liderados pelos Estados Unidos sobre alvos do Estado Islâmico, nota-se como esse grupo aumentou sua influência em âmbito global, especialmente em decorrência dos diversos atentados terroristas reivindicados pelo grupo em países do ocidente. A mudança na presidência norte-americana foi crucial para essa mudança de postura.

        Atualmente, o grupo tem tido seus territórios sensivelmente reduzidos, muito em decorrência dos bombardeios aéreos promovidos pela coalizão liderada pelos Estados Unidos e de outros promovidos pela Rússia que, por apoiar o regime de Assad, tem dado prioridade a alvos que favoreçam essas tropas (vide imagem abaixo).

Imagem 02 – Perdas de território do Estado Islâmico entre 2015 e 2016

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Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37601634 (2016)

No entanto, após quase seis anos de conflitos ininterruptos, o país já se encontra em ruínas e os embates não apresentam perspectiva de fim. Após o recente uso de armas químicas pelo governo de Assad, que vitimou dezenas de civis, ocorreu ineditamente, uma retaliação direta ao regime de Assad pela coalizão liderada pelos norte-americanos, através do bombardeio de uma base aérea controlada pelas tropas do governo sírio.

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