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A Retomada de relações diplomáticas entre EUA e Cuba

Por:   •  26/12/2017  •  Trabalho acadêmico  •  5.141 Palavras (21 Páginas)  •  291 Visualizações

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Universidade Federal de Sergipe[pic 1]

Departamento de Relações Internacionais

Professor Júlio César Cóssio Rodriguez

Aluna: Aymê Nardi

Aplicando Teoria à realidade: a análise da retomada de relações diplomáticas entre os Estados Unidos da América e Cuba na perspectiva Neoliberal

  1. Resumo

As relações internacionais são fortemente marcadas pelas divergências no seu campo teórico. Os debates foram se intensificando e tomando novos formatos ao longo de décadas, a medida que acontecimentos marcantes se projetaram dentro do cenário internacional, deixando suas marcas na história. A preocupação com o entendimento da realidade faz com que governos e estudiosos interessados no assunto se questionem sobre a peculiar maneira na qual o Sistema Internacional se desenvolve, quais influências recebe nesse processo e como, porque e por quem se instituem mudanças ou congelamentos nos comportamentos. Somente ao conseguirmos aplicar hipóteses com o intuito de compreender a natureza das coisas há a chance de serem elaboradas expectativas de ações futuras. Desta forma, é realizada a análise de acontecimentos atuais – neste caso a quebra das barreiras diplomáticas entre EUA e Cuba - estendendo o debate teórico e complementando nosso entendimento da realidade no que diz respeito ao cenário internacional corrente.

  1. Palavras-chave: sistema internacional; diplomacia; neoliberalismo; política internacional;
  2. Introdução

        Stephen Walt (1998) reconhece três principais correntes de pensamento na área das relações internacionais: o realismo, o liberalismo e o radicalismo; todas elas apresentam acertos e falhas ao tentar explicar a realidade. Contudo, ter limitações é o fator determinante para que uma teoria de relações internacionais se projete de maneira empírica; sem poder ser refutada, uma teoria se torna uma mera crença, uma religião, e não pode ser considerada relevante neste campo de conhecimento. Jack Snyder (2004) nos remeterá à importância desta pluralidade teórica, que cria debates e os faz complementares uns aos outros, aprimorando o nível de entendimento que podemos obter sobre o cenário internacional.

Muitos paradigmas foram criados impulsionados pela dificuldade de serem obtidas análises em todos os campos que concernem à área de relações internacionais; podemos citar as dimensões econômica, social, política, histórica e jurídica. No início da tentativa de elaboração de uma teoria de relações internacionais, a direção liberal idealista buscou explicar a realidade na década de 1920, impulsionada pelas publicações de Grotius (e seu contratualismo explanado na obra “O Direito da Guerra e Paz”, de 1625), Montesquieu (e a teoria da separação dos poderes em “O Espírito das Leis”, de 1748), Adam Smith (e sua teoria de livre mercado abordada principalmente no livro “A Riqueza das Nações”, de 1776) e Immanuel Kant (defensor da adoção do republicanismo que deriva a democracia na obra intitulada “A Paz Perpétua”, de 1795). Nesse período, preceitos como a confiança nas normas para a obtenção da paz, o livre comércio, a importância dos indivíduos e a instituição da democracia como melhor e mais estável forma de governo marcaram uma geração, que acabou por ser fortemente criticada com a explosão da Primeira Guerra Mundial e considerada fracassada com os adventos da Segunda Guerra.

Impulsionados pelo sangue derramado no primeiro conflito de abrangência global e pelas terríveis atrocidades provenientes do segundo, críticos liberal-idealistas se propuseram a escrever sobre as discrepâncias dessa ideologia em relação ao cenário internacional da época. Ganha força assim a teoria realista clássica das relações internacionais, condicionada pela anarquia como forma de organização do Sistema Internacional e entendendo as relações através da busca incessante por poder da parte dos Estados. Tal rumo sofreu influência de importantes pensadores como Hobbes (“O Leviatã”, publicado originalmente em 1651) e Maquiavel (“O Príncipe”, lançado no ano de 1532), principalmente com a elaboração de hipóteses com base na concepção da natureza humana como sendo má. Morgenthau, com a publicação dos seu “Seis Princípios” na obra “A Política Entre as Nações: a Luta Pelo Poder e Pela Paz”, original de 1948, se tornou o porta-voz da vertente, auxiliado por Carr (“Vinte Anos de Crise 1919-1939”, primeira edição em 1939). Os Estados, atores racionais e unitários do Sistema Internacional, segundo a teoria, em um “jogo de soma zero” lutariam somente por sua própria sobrevivência e interesses.

O final da Segunda Guerra Mundial corroborou o aumento em número e importância as Organizações Internacionais – especialmente surgindo a Organização das Nações Unidas - bem como outros atores que passaram a ganhar destaque no SI (empresas transnacionais, ONGs, entre outros). A ordem de multiplicidade de potências europeias tinha acabado de ser destruída para dar lugar à hegemonia estadunidense (que logo seria colocada em risco pelo socialismo russo); a Guerra do Vietnã (1955 – 1975) viria a pôr em evidência novamente, a violência; a Crise do Petróleo de 1973 traria um enfoque a países considerados periféricos no Sistema; o desenvolvimento de tecnologias no setor militar, alimentício, energético, educacional e de transportes, tanto de pessoas quanto de informações; todos esses acontecimentos criaram, na segunda metade do século XX, novas realidades internacionais, o que exigiria adequações das teorias já propostas (discussão neoliberalismo x neorrealismo) e abriria espaço para novos debates – ao exemplo do segundo e do quarto grande debate entre cientificistas e historiadores e entre racionalistas e construtivistas, respectivamente.

No presente artigo, será dado um enfoque à vertente neoliberal das relações internacionais, uma vez que esta pode ser aplicada na assimilação de atuais fatos que chamaram a atenção no ambiente internacional: a retomada de relações diplomáticas entre os principais defensores da república - os Estados Unidos - e um dos Estados que ainda hoje se mantem persistente na aplicação do regime militar socialista como forma de governo no pós Guerra Fria - Cuba. Ao identificarmos as principais questões associadas à aproximação desses extremos e as vincularmos com as hipóteses teóricas, fica mais fácil perceber as relações de causa e efeito que serão provocadas dentro da ordem na qual estamos inseridos. Os benefícios com base na cooperação entre os dois países estão sendo discutidos por todo o globo, uma vez que a ação impactará o comportamento de muitos Estados, inclusive do Brasil. É evidente a relevância deste exame para o aprimoramento dos debates e do conhecimento crítico e teórico das relações internacionais nos dias de hoje.

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