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A CONTEMPORANEIDADE RELIGIOSA AFRO-GAÚCHA

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Por:   •  15/12/2014  •  3.150 Palavras (13 Páginas)  •  395 Visualizações

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A CONTEMPORANEIDADE RELIGIOSA AFRO-GAÚCHA

Alexandre Jacks

Professora-Tutora Externa Carina Luz

Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI

Licenciatura em Ciências Biológicas (BID0240) – Prática do Módulo II

11/06/13

RESUMO

Este paper versa sobre a atual situação das religiões afro-brasileiras no Rio Grande do Sul. Fazendo primeiramente um apanhado histórico, com a chegada dos primeiros negros ao Sul do Brasil. As primeiras manifestações religiosas de origem africana no nordeste brasileiro. As primeiras manifestações religiosas afro-brasileiras no Rio Grande do Sul e sua disseminação em território gaúcho. A expansão dos terreiros ou casas de religião, pela capital e região metropolitana de Porto Alegre. Por fim, o polemico convívio das religiões afro-brasileiras com a atual sociedade gaúcha, com destaque especial para com as religiões evangélicas.

Palavras-chave: Batuque; Umbanda; Quimbanda; Linha Cruzada; Afro-brasileira; Rio Grande do Sul.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem a finalidade de relatar, a atual situação das religiões afro-brasileirasno Rio Grande do Sul. Para tanto foi realizado um apanhado histórico, contemplando desde a chegada do escravo negro ao estremo Sul do Brasil, passando pela disseminação das religiões afro-brasileiras pelo território do Rio Grande do Sul, até seu relacionamento atual com a sociedade gaúcha.

Na pesquisa para este trabalho, foram utilizados artigos de periódicos eletrônicos, que podem ser facilmente acessados. As autorias dessas obras são de Mestres e Doutores nas áreas de História e Antropologia Social.

2 DESENVOLVIMENTO

Com a chegada dos escravos africanos ao território brasileiro, não por vontade própria como já sabemos, trouxe consigo toda sua rica carga cultural. Mais especificamente aqui no Rio Grande do Sul, sua chegada é marcada pela fundação da Colônia de Sacramento no século XVII, é o que nos relata Freitas:

A fundação da Colônia de Sacramento, também proporcionou a chegada do negro no extremo sul da América, mais preciso na Banda Oriental, A introdução do escravo por essas vias de abastecimento, também conta com Buenos Aires e Montevidéu, onde aportavam navios negreiros que descarregavam suas cargas humanas para distribuição em toda região sul da América Latina. (FREITAS, 2011, p. 2).

Como não poderia ser diferente, essa carga cultural com o passar do tempo, também foi adicionada ao acervo cultural do povo gaúcho, enriquecendo-o com sua arte, medicina, culinária e religião.

O que chama muito a atenção acerca de todo o material que foi pesquisado, é que não encontramos com facilidade relatos históricos que falem sobre a religiosidade desses escravos, entre os séculos XVII ao XVIII no Rio Grande do Sul, visto que da mesma forma que os ameríndios, os negros escravos passavam sua cultural de forma oral.

Porem, “Desde o século XVII se tem noticias de cultos africanos em terras brasileiras.”, de acordo com Silveira (2007, p. 1). Se analisarmos o texto de Freitas (2011, p. 6), podemos perceber que os “[...] primeiros lusitanos que fundaram a Colônia de Sacramento, trouxeram em seus pertences, também seus escravos, [...]”. E estes por sua vez, sendo a grande maioria de origem congolesa (banta), com certeza cultuavam o “calundu colonial”, conforme relata Silveira:

[...] ‘calundu colonial’ começou a ser revelada por historiadores e antropólogos brasileiros, que, investigando nos arquivos públicos e da Santa Inquisição, se depararam não apenas com novos dados mas também com novas interpretações sobre um tema até então mal conhecido. Os animadores desses misteriosos cultos de origem africana começaram então a ocupar a cena historiográfica. Figuras como o congolês Domingos Umbata, flagrado em 1646 pelos visitadores da Inquisição na capitania de Ilhéus; a angolana Branca, ativa na cidade baiana de Rio Real nos primeiríssimos anos do século XVIII; outra angolana, Luzia Pinta, muito bem sucedida na freguesia de Sabará, nas Minas Gerais, entre 1720 e 1740; a courana Josefa Maria ou Josefa Courá com sua ‘dança de Tunda’, estabelecida em 1747 no arraial de Paracatu, Minas Gerais; o daomeano Sebastião, estabelecido em 1785 na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano; e enfim Joaquim Baptista, ogan (uma espécie de líder de terreiro) do ‘culto ao deus Vodum’, no Accu de Brotas freguesia periférica da cidade da Bahia, em 1829. A esta lista poderia ser acrescentada uma significativa aquarela de Zacharias Wagener, artista que viveu no Pernambuco holandês de 1634 a 1641, representando uma festa de africanos e trazendo preciosas informações visuais sobre a variedade e a disposição dos atores, figurinos e instrumentos musicais. (SILVEIRA, 2007, p. 1).

Desta forma, todo esse contexto histórico, sugere que os negros escravos que aqui se encontravam no período inicial de colonização do Rio Grande do Sul, continuaram de alguma forma, com suas práticas religiosas advindas de várias partes do Brasil e diretamente da África, pois sabemos que a Colônia de Sacramento também recebia navios negreiros.

Não existe um marco cronológico certo, que afirme quando os rituais calundus bantos e jejes , começaram a aderir ao catolicismo, fazendo surgir dessa forma a umbanda e o candomblé no nordeste brasileiro. O que podemos perceber, pelo que foi pesquisado no material para este trabalho, é que esse movimento, se assim podemos nos referir, surgiu entre os séculos XVIII e XIX, conforme nos sugere Silveira:

Assim, desde o século XVII os calundus funcionavam normalmente no Brasil, pelo menos até que seus lideres se tornassem muito visíveis, angariassem clientela branca ou se envolvessem em revoltas. Faziam parte da paisagem social porque eram funcionais, respondiam a várias necessidades de uma população carente e não pretendiam ser seitas secretas. Sua vocação era se tornar, com na África, instituições públicas reconhecidas. Desse lado do Atlântico, os calundus de diversas origens africanas, como a banta (das regiões ao Sul da África, como Angola, Congo, Moçambique) e jeje (da África Ocidental, atual República de Benin), por exemplo, acabaram aderindo ao Catolicismo. Já o sincretismo com os cultos ameríndios deu-se apenas com os bantos. Alguns, como o de Luzia Pinta, misturaram

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