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CONTEXTO TEOLÓGICO

Por:   •  21/5/2018  •  Projeto de pesquisa  •  6.112 Palavras (25 Páginas)  •  195 Visualizações

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Seminário Presbiteriano Brasil Central

Aluno:

Professor: Ronaldo Crispim

Turma: 3° ano

Exegese de Êxodo 20:1-3

4. CONTEXTO TEOLOGICO

De acordo com Osborne (2009, p. 480-481) a análise teológica é a busca da fé que compreende. Para isso deve-se começar com as teologias herdadas pela tradição. Depois o teólogo deve mapear de modo indutivo um assunto particular (como o pacto) através das Escrituras, determinando quais passagens falam do assunto e fazer uma correlação das mesmas e ver como elas se relacionam; depois investigar na história como tal doutrina se desenvolveu.  

O modo de procedimento apontado por Wegner (1998, p. 298) segue três itens: o estudo de correlação para “determinar ou descobrir inicialmente outros textos que tratam da mesma temática”; o conteúdo teológico onde se busca “enquadrar o conteúdo do texto em temas ou doutrinas teológicas fundamentais”; e as consequências práticas que trabalha com a fé e a vida cristã.

4.1 Estudo de correlação

O propósito de Êxodo é narrar a “a soberania de Deus, que resgatou seu povo de uma vida de cativeiro unindo-os a ele em um relacionamento de aliança” (ARNOLD; BEYER, 2001, p. 111). Sendo assim, o Êxodo descreve como Deus livrou Israel da servidão e da idolatria no Egito, conduzindo-o a condição de um povo exclusivamente dele, num relacionamento de aliança. Isso, para que, Israel tivesse registrado os feitos do Senhor, para se lembrarem da redenção do Senhor, quando eles eram escravos no Egito, como também, para a nação, não se esquecer de seu compromisso pactual com “Yhavéh” (ELLISEN, 2010, p. 38).

Assim, obedecendo à ordem do próprio Deus (24.4; 34.27), “Moisés preservou para o povo um registro de seu passado infame, do livramento e redenção dados pelo Senhor por meio de ser poderoso braço e do sangue de um cordeiro” (ELLISEN, 2010, p. 38; HILL; WALTON, 2007, p. 92). A “saída de Israel do Egito é o ponto culminante da redenção do AT e aliada à cerimônia da aliança no Sinai constitui o auge da história da salvação no AT” (HILL; WALTON, 2007, p. 91).

Desta forma, o texto em estudo (Êx 20.1-3), está em completa conformidade com o objetivo de Moisés, de narrar que Israel era um povo, cuja lealdade, fora dedicada somente a Deus. E isto é enfatizado na lei moral (Êx 20.1-17), que eram ordenanças, dignas do libertador de Israel. Uma vez libertos do Egito, o povo deveria viver os dez mandamentos, porque eles confiavam no Deus libertador. Por essa razão, os três primeiros versículos do capítulo vinte, antes de falar sobre “a importância do culto e a adoração” (20.4-11), e o relacionamento do homem com a sociedade (v.12-17); Moisés fala da “supremacia divina sobre a lei Moral”, e da necessidade de ter o Senhor Yhavéh, como o único Deus (DILLARD; LONGMAN III, 2006, p.64; HILL; WALTON, 2007, p. 92; KAISER, 2011, p.83).

Assim a passagem em estudo (20.1-3) está em completa consonância com a intenção do geral do autor. E então, a intenção de Moisés, ao mostrar o evento da entrega da Lei, foi ensinar que a base para toda lei, era o próprio Deus; e isso Moisés deixa claro, nos versículos 1-3 do capítulo 20, ao demonstrar a “supremacia divina sobre a lei moral”. Para Moisés, o “padrão de medição moral para decidir quilo que era certo ou errado, bom ou mal, se fixava na pessoa e no caráter imutável de Yhavéh, o Deus de Israel”. Isto é, a intenção de Moisés, é mostrar que tanto a libertação, como as leis, como a própria revelação de Deus, tudo, só encontra significado no próprio Deus. Em razão disso, Moisés nestes três versículos, tira o foco para as outras coisas, e focaliza quem Deus é, e o que ele faz (KAISER, 1980, p.119).

Ao pesquisar as Escrituras nota-se que os Dez Mandamentos aparecem em dois lugares no Pentateuco (Ex 20.1-17 e Dt 5.6-21). O texto de Dt 5.6-21, com o contexto imediato, pertence às últimas redações do Deuteronômio e suas formulações passou para Ex 20.1-17, uma destas formulações é a questão do sábado como uma redação sacerdotal (COIMBRA; FILHO, 2009, p. 32).

Agora, como segundo passo no estudo de correlação procura-se analisar a semelhança dos textos paralelos. Como já foi indicado, há uma segunda referencia ao Decálogo, em Dt 5.6-21. Nesta referencia se observa um anuncio geral da lei deuteronômica. Faz parte do segundo discurso de Moisés (Dt 5.1-11.32), como uma introdução ao grande Código Deuteronômico (12.1-26.15).

O texto de Êxodo 20.1-3 é entendido hoje, como parte dos "Dez Mandamentos", "Decálogo". A "Lei" se subentende como preceito que emana do poder legislativo ou de autoridade legítima, uma norma e uma obrigação imposta  

O termo do Antigo Testamento usado em referencia à "Lei" é “tora”, mas essa palavra hebraica não significa de fato lei, antes refere a “ensino” ou “instrução” (do verbo hôrâ ou yârâ) “mandamento” ou “orientação ética geral”. O termo poderia até mesmo designar “poesia” (Dt 32.1-41). A ideia de tora como ensinamento é vista especialmente em Êxodo e Deuteronômio e, talvez, seja o melhor modo de compreender o seu propósito. Em êxodo 24.12, Deus fala: “Tabuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que escrevi, para ensinares”, e, em Êxodo 18.20, Moises é aconselhado por seu sogro, Jetro: “Ensina-lhes os estatutos e as leis” (embora a palavra tora não seja usada aqui, está subentendida). Os israelitas seriam em especial ensinados pelos sacerdotes e levitas (Dt 33.10; 2Cr 15.3; Ed 7.1-10), na família (Êx 13.8-9) e em assembleias nacionais (Dt 31.10-12). As leis são principalmente instruções para a conduta diária, não só no que se refere a Deus, mas também no que se diz respeito aos outros israelitas da mesma categoria. Outras palavras são usadas, como mandamento, julgamento, ordenança e condições de aliança. O sentido de mandamento se aproxima da ideia de “lei”. A Torá deve ser “cumprida” e “obedecida” (Dt 31.12; 32.46). Esperava-se que as pessoas aprendessem as leis e as compreendessem, de forma que pudessem cumpri-las a toda hora. Além disso, o uso do indicativo em lugar do imperativo em Números 5 _ 6 e Levíticos 11 _ 15 mostra que o aspecto de instrução era dominante (SELMAN apud OSBORNE, 2009, p. 234).

Outra observação é de que “o Decálogo cobre todo o campo da vida religiosa e moral”. Observa-se também que “o Decálogo é o coração da Lei mosaica e conserva seu valor na nova Lei: Cristo relembra seus mandamentos aos quais se acrescentam, como o zelo da perfeição, os conselhos evangélicos (Mc 10,7-21)” (COIMBRA; FILHO, 2009, p. 33).

Finalmente, sobre a exclusividade na adoração de YAHWEH, é vista como uma condição da Aliança estabelecida ali no Sinai. Esta exclusividade de culto não é uma negação da existência de outros deuses, ainda que criados pela imaginação corrompida das mentes humanas, isto vem mais tarde. Nisto há a proibição de fazer imagens cultuais e adorá-las, haja vista, que são irreais fruto da mente pecaminosa.

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