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Justificação por Graça e Fé: um Novo Espaço Para a Vida

Por:   •  11/6/2017  •  Resenha  •  9.209 Palavras (37 Páginas)  •  248 Visualizações

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Justificação por Graça e Fé: um Novo Espaço Para a Vida

Sílvio Meincke

INTRODUÇÃO

O tema Justificação por Graça e Fé é muito vasto. Inspirou inúmeros livros, estudos, artigos e tratados. Pode-se abordá-lo dos mais diferentes ângulos e dar-lhe os mais diversos enfoques. Não me ocorreu, por isso, esgotar o assunto no reduzido espaço dessa simples palestra. Quero ater-me a apenas um dos possíveis enfoques.

Dentro da constatação de que a nossa sociedade, na forma como a organizamos, constantemente ameaça estrangular a vida, tentarei mostrar como a nossa confiança, na justificação por graça e fé, nos abre espaço para viver e nos motiva a promover esse espaço de vida para os nossos semelhantes. Tentarei mostrar como a justificação por graça e fé abriu espaços para a vida, desde os atos e as palavras de Jesus, passando pelo apóstolo Paulo e por Lutero, até os nossos dias.

I - A ANSIEDADE PELA VIDA GERA A MORTE

A — Ansiedade pela vida.

Todas as pessoas - nós incluídos - trazem dentro de si uma natural necessidade de aceitação. Certamente a necessidade de aceitação faz parte da própria essência das pessoas. As formas em que essa necessidade de aceitação se manifesta - na vida de crianças, jovens e adultos - as palavras que se usa para expressá-la e as reações dos que não encontram o suprimento da mesma podem ser as mais diversas: melindre, complexos de inferioridade, gabolice, revolta, cinismo, mesquinhez, pessimismo, desprezo, altivez, neuroses e até mesmo sintomas de doença física. Essa grande diversidade de expressões e sintomas exatamente confirma a força da necessidade de aceitação que todas as pessoas sentem.

Tenho eu o direito de aceitação, assim como sou? Justifica-se a minha vida, com o que sou. Faço e possuo? Já tenho eu conquistado um espaço para viver, com aquilo que faço realizo e produzo? O que pensam as outras pessoas a meu respeito?

Essas e outras perguntas semelhantes, de uma ou de outra forma, consciente ou inconscientemente, movem pensamentos sentimentos e ações de todas as pessoas.

Observando mais demoradamente essa necessidade de aceitação, podemos vê-la expressar-se em três níveis:

1) Autoaceitação: Para uma vida emocional sadia e equilibrada, as pessoas precisam aceitar-se a si mesmas como elas são, com as suas virtudes e os seus fracassos, com os seus lados fortes e fracos com a sua saúde ou a sua doença. Caso contrário, serão infelizes revoltadas e emocionalmente desequilibradas.

2) A aceitação pelos outros: Cada pessoa necessita encontrar o seu grupo, a sua comunidade, seu meio, em que se sente aceita, sem que necessite deixar de ser o que é; onde encontra quem queira com ela conviver sem que precise provar mil coisas; que lhe permita desenvolver livremente a sua personalidade; onde se saiba amada, sem prejuízo daquilo que é; onde possa desenvolver a sua personalidade, dentro de um clima de compreensão, amor e aceitação.

3) A aceitação por Deus: Cada pessoa necessita saber-se aceita, ainda onde a aceitação, por parte das pessoas, falha; necessita saber-se aceita por quem está acima dos caprichos, da instabilidade e dos reveses da aceitação petos semelhantes; necessita saber-se aceita por Deus ainda quando todos a querem rejeitar. Muitos salmos são testemunho vigoroso dessa necessidade humana.

Efetivamente, um dos maiores motivos de frustração, infelicidade e desespero se manifesta, quando alguém não se pode aceitar a si mesmo ou se sente rejeitado, não aceito, marginalizado pelos outro s. Não há quem não necessite aceitar-se e saber-se aceito.

Talvez poderíamos descrever essa necessidade de aceitação com outras palavras; talvez poderíamos falar da procura pelo direito à existência, pelo direito à vida. Talvez poderíamos falar da procura por um espaço de vida. É a vontade de viver que se manifesta nessa necessidade, a vontade de viver bem a vida a vontade de viver uma vida com sentido, uma vida que valha a pena ser vivida; a vontade de encontrar um espaço amplo para bem viver e desenvolver a vida. É o direito à vida que, em última análise está em jogo na aceitação ou não-aceitação que a pessoa encontra Essa vontade de viver, naturalmente, não é condenável. Pelo contrário, fomos criados para viver. O próprio Criador, que nos deu a vida, quer que a vivamos bem, plena e abundantemente. "Vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (João 10.10).

Importa perguntar, no entanto, de que maneira procuramos justificar o nosso espaço de vida e diante de quem procuramos a justificação.

De modo geral, constata-se nas pessoas a tentativa de buscar a vida, através de uma ansiosa, desenfreada e constante corrida competitiva. E, na medida em que correm, mais parece aumentar a necessidade de correr. Na medida em que alcançam uma vitória, logo, com frustração, percebem que a vitória é enganosa.

Quando pensam terem alcançado a vida plena e realizada, mais uma vez ela se mostra fugidia. Assim, as pessoas se encontram na situação dos antigos aventureiros à procura do Eldorado que, a cada nova frustração, logo passavam a procurá-lo mais adiante, sem no entanto, jamais encontrá-lo: "Não é o vosso medo da sede, quando vosso poço está cheio, a sede insaciável?'’.

Não estaria esse fato revelando a cruel realidade de que as pessoas estão correndo na direção errada, procurando a vida, onde ela não se encontra?

Muito cedo, as crianças são estimuladas para a corrida, por exemplo, através das boas notas no colégio; os jovens são levados à luta, pela conquista do seu destaque, através da moda que vestem, da joia que ostentam, do veículo que dirigem, do talento que revelam; os adultos entram na corrida, pela conquista do dinheiro, que compra a casa luxuosa, os móveis distintos, o carro reluzente, enfim o destaque, que traz admiração e que deverá dar-lhes a desejada aceitação, o ansiado espaço para a vida.

É preciso perguntar-se seriamente, se a vida pode ser encontrada pela competição, pela concorrência, pelo destaque que se conquista; é preciso perguntar-se, se podemos encontrar a vida pela corrida na direção da grandeza, da força, do brilho, da influência sobre os outros.

Não estaria - quem assim corre - passando de largo pelo tesouro oculto, por não encontrar tempo, nem tranquilidade para parar e descobri-lo? Não estaria - quem assim corre – correndo de poça em poça, bebendo água estagnada, sem encontrar a fonte de água viva? Não estaria quem assim corre em busca da vida - paradoxalmente, correndo na direção da morte?

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