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Contexto Sociocultural de O cortiço

Por:   •  13/8/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  943 Palavras (4 Páginas)  •  265 Visualizações

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Contexto sociocultural

Na obra literária, o cortiço, temos a presença de várias camadas sócio econômicas, desde a classe dos mais humildes, passando pela pequena classe média, burguesia e elite. Um espaço que representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes baixas. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço.

O livro apresenta problemas que ocorrem na convivência em sociedade, os problemas sociais apresentados no livro são por exemplo: a traição, a ganancia dos mais ricos como em “Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações”, a forma como a burguesia competia entre si por poder e riqueza, como as pessoas lidavam com a escravidão, a pobreza que se destaca em “A sua existência continuava dura e precária”, a caracterização da mulher como objeto sexual masculino e a exclusão do homossexual, descobrindo assim males do século XIX ainda presentes hoje em dia, além da pretensão de denunciar a exploração do homem pelo próprio homem, expondo situações e relações de poder dentro de uma habitação coletiva.

O Cortiço vai além das linhas do livro, os fatos narrados e as mazelas de suas personagens fazem com que o leitor reflita sobre a sua condição humana, sobre como o homem pode se animalizar e passar por cima de tudo e todos para conseguir o que deseja como nessa citação, “Prendam-na! É escrava minha!”, onde Romão manda prenderem Bertoleza (sua amante) para que o mesmo pudesse se casar com Zulmira. A ambição desmedida, a ganância, a inveja, são sentimentos abordados de forma explicita que levam o leitor a questionar-se sobre até que ponto o ser humano pode sucumbir ao desejo de enriquecer e ser nobre.

Por ser de caráter universal a obra de Aluísio de Azevedo poderá ser lida em qualquer época pois é a partir de obras deste nível (crítico e de denúncia) que evidencia-se os males decorrentes entre épocas como em “deixando de pagar todas as vezes que podia e nunca deixando de receber, enganando os fregueses, roubando nos pesos e nas medidas, comprando por dez réis de mel coado o que os escravos furtavam da casa dos seus senhores”.

Sem contar com bons salários, inúmeros trabalhadores e excluídos da sociedade naquela época recorriam a cortiços, locais sem o devido conforto, segurança, dentre outros problemas, mas que ofereciam preços acessíveis. Sem nenhum projeto, nem planejamento habitacional, o cortiço foi crescendo e abrigando cada vez mais pessoas de baixa renda, esse crescimento é evidenciado nessa passagem da obra “Hoje quatro braças de terra, amanhã seis, depois mais outras, ia o vendeiro conquistando todo o terreno que se estendia pelos fundos da sua bodega”.

Condições de Moradia

Era um local precário, sem segurança ou condições humanas de sobrevivência, sem privacidade, a insalubridade, composta pelo excesso de lixo, tornando o local propício à proliferação de insetos e animais transmissores de doenças. Além da falta de ventilação exposta em “...uma baforada quente, vozeria tresandante à fermentação de suores e roupa ensaboada secando ao sol.”

As áreas como banheiro, cozinha, pátio e corredores são de uso coletivo o que fazia com que as doenças se propagassem rapidamente entre os moradores.

População do cortiço

A população residente é composta pelas mais diferentes composições familiares, sendo forte a presença de trabalhadores pela facilidade de acesso ao local de trabalho, “Aqui, ali, por toda a parte, encontravam-se trabalhadores” e “acudiram lavadeiras de todos os pontos da cidade” são trechos que mostram o que foi dito. Muitos problemas são identificados como a dependência química, incluindo o alcoolismo (“Jerônimo não precisou de mais nada para beber de um trago os dois dedos de restilo que havia no copo.”), a prostituição (“Prostituta de casa aberta, prezava todavia com admiração e respeito a honestidade vulgar da comadre”), o desemprego, entre outros.

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