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Gramaticalização No Ensino E Aprendizagem Da Língua Materna

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Por:   •  3/5/2014  •  4.533 Palavras (19 Páginas)  •  435 Visualizações

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Roberto Baron

A Gramaticalização no Ensino e aprendizagem da Língua Materna.

2013

Florianópolis

Resumo:

A gramaticalização no ensino e aprendizagem da língua materna pode proporcionar a aproximação entre a língua falada e os processos de ensinar e aprender a leitura, interpretação e escrita da língua materna nas escolas. Esta reflexão é conduzida a partir de recortes de estudos que mostram as propostas dos PCNs para o ensino da língua materna, as dificuldades, de acordo com os dizeres de pesquisadores de áreas como a educação, análise do discurso, gramaticalização e linguística aplicada sobre as razões que bloqueiam o interesse do estudante na aprendizagem da língua padrão, a forma de como a imprensa divulga as dificuldades dos jovens formados que chegam ao mercado de trabalho e a apresentação de uma relação de termos gramaticalizados ou em processo que, presentes na linguagem oral, poderiam motivar o processo de aproximação entre a língua falada e a língua padrão e quem sabe criar condições para aumentar o interesse dos estudantes para aprendizagem da leitura, interpretação e escrita na língua materna padrão.

Palavras-chave: Gramaticalização, língua materna, língua portuguesa.

Introdução:

Os processos de ensino e aprendizagem da língua escrita nas escolas públicas brasileiras são questionados cada vez que os alunos nela formados querem adentrar ao mercado de trabalho e não conseguem atender aos padrões de leitura e escrita exigidos. Soluções para estas dificuldades são buscadas, discutidas e pesquisadas na Educação, na Linguística, na Sociolinguística e em outras áreas do conhecimento. A discussão que ficou mais visível na imprensa brasileira nas últimas décadas está centrada no questionamento da eficiência quanto ao ensino língua nas escolas, especialmente no ensino médio, diante das crescentes exigências de qualificação aos profissionais que se apresentam ao primeiro emprego e ao mercado de trabalho. Se a responsabilidade pelas dificuldades de leitura e escrita está na predominância do ensino da língua portuguesa através do ensino da gramática tradicional, então, de acordo com Gonçalves (2007, p.9) é necessário fazer pesquisas para "contribuir com o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno."

Na legislação que regulamenta as propostas curriculares para a educação brasileira está prevista uma série de parâmetros para organizar o currículo que deve ser ensinado e aprendido pelo aluno durante a vida escolar. Como os resultados não são os esperados, a validade dos currículos existentes são cada vez mais questionados durante a elaboração dos currículos escolares para ensino da língua materna. Segundo Bunzen (2012, p. 906)

Além disso, os PCN de LP, segundo determinados critérios de circulação social pública e de menor domínio dos alunos, elegem quatro agrupamentos para um trabalho com crianças e jovens, a saber: literários, de imprensa, publicitário e de divulgação científica. Dessa forma, a disciplina assume uma perspectiva de um trabalho com a língua em uso nos diferentes gêneros e textos que circulam na sociedade contemporânea, afastando-se de uma visão reducionista de língua(gem) e da perspectiva técnica ou comunicativa dos anos 70 e 80.

O aluno ingressa na vida escolar dominando a linguagem oral, e compete a escola proporcionar condições para que o aluno possa desenvolver as habilidades de ler e escrever na língua padrão. Se a qualidade da escrita padrão exigida nos gêneros textuais das mais diversas esferas sociais tem causado questionamentos quanto aos métodos de ensino, e se o aluno consegue se comunicar de forma oral quando chega à escola, então seria necessária uma aproximação inicial entre a linguagem que o aluno domina e a linguagem padrão a ser ensinada. Nesse processo de aproximação seria prudente evitar a rejeição da linguagem falada do aluno. Esta linguagem também é a linguagem das pessoas que convivem com o aluno no seu cotidiano. É a partir da linguagem das pessoas comuns, e não da linguagem padrão, que surgem os indícios das mudanças linguísticas, estudadas por meio da gramaticalização. Nestes estudos, conceitos como o da, "renovação do sistema linguístico", "gramática emergente" e de que "não há gramática como produto acabado, mas sim constante gramaticalização", indicam a necessidade de considerar conceitos pesquisados na gramaticalização como forma de ensinar leitura e escrita nas escolas. Segundo Cezario (2007, p.105)

Assim, o professor, com suporte no aparato teórico funcionalista, pode compreender que as formações decorrentes de gramaticalizações são gerais, naturais e dizem respeito à renovação constante da gramática. Sem essas informações, o professor pode ficar com a falsa idéia de que a língua padrão é acrescida somente de novas formações lexicais, de que a gramática do português é única, de que amodalidade oral é uma deturpação ou versão mal acabada da modalidade escrita e de que todos os gêneros textuais resentam as mesmas estruturas gramaticais, se estiverem escritos em língua padrão.

Desta forma, neste artigo, apresento inicialmente um recorte das motivações pessoais para investir na pesquisa de propostas que considerem os termos da língua em fase gramaticalização como parte do processo de ensino e aprendizagem da leitura, interpretação e escrita da língua materna. Descrevo recortes de dizeres de pesquisadores sobre as razões que dificultam o ensino e aprendizagem da língua padrão. Mostro algumas manifestações apresentadas na imprensa sobre carências de qualificação dos profissionais que chegam ao mercado de trabalho. Finalizo este artigo com uma relação de termos estudados na gramaticalização que poderiam motivar a aproximação da língua falada com a aprendizagem da leitura, interpretação e escrita da língua padrão prevista nas escolas. Procurei incluir entre as reflexões conceitos e propostas de gramaticalização a partir de estudos desenvolvidos por diversos autores, que possam fundamentar as reflexões aqui inferidas.

Por que ensinar gramaticalização, uma contextualização

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