A Criatividade Do Professor: A Relação Entre O Sentido Subjetivo Da Criatividade E A Pedagogia De Projetos.

A criatividade do professor: a relação entre o sentido subjetivo da criatividade e a pedagogia de projetos.

O texto trata da relação entre o sentido subjetivo da criatividade do professor e sua prática pedagógica com projetos. Foi investigada a constituição subjetiva da criatividade docente em contexto real, como a relação entre o sentido da criatividade para o professor e sua prática pedagógica com projetos.

Os Participantes e a Escola

Dois professores, que trabalham atualmente com a pedagogia de projetos em uma mesma escola, Roberta, professora de História das 7ª e 8ª séries. Augusto professor de Geografia do Ensino Médio na escola. A escola caracteriza se como tradicional, pois supervaloriza a avaliação quantitativa, os conteúdos conceituais disciplinares, o livro didático e o quadro negro como principais recursos didáticos etc.

Instrumentos. Realizamos quatro entrevistas, uma aberta inicial e três semiestruturadas. A primeira entrevista tematizou a prática profissional; a segunda, a criatividade; e a última foi personalizada para cada participante. Também foi usada a técnica de completamento de frases e a redação com o tema ‘O sentido da minha vida’ e a segunda, ‘Minha profissão’. Houve também análise documental de projetos escritos, dos instrumentos de avaliação, da produção dos alunos na prática com projetos e documentos administrativos da escola relativos a atividades de saída de estudos.

O Caso de Roberta

O sentido subjetivo da criatividade por Roberta em sua prática e está integrado por dois elementos de sentido centrais. Um refere-se ao estado dinâmico da necessidade de criar, animado pelo entusiasmo e pela sensação de realização de si. O outro liga-se a um conflito emocional em que a ansiedade e o medo do fracasso vêm contrapostos à necessidade de criar.

A sua principal atividade dos projetos são a pesquisa e produção artística e artesanal como principal forma de atividade produtiva. Há predominância de atividades extraclasse, a atividade de estudo do professor como parte da prática pedagógica e relativização do livro-texto como principal recurso didático. Há pouca negociação com os alunos a respeito do eixo temático do projeto, usando-se a produção dos alunos como objeto de comunicação entre alunos e professor e baseando-se na informalidade e precariedade da comunicação com outros professores sobre o trabalho com projetos realizados.

Regulação da ação pedagógica a partir do sentido subjetivo da criatividade.

Roberta quer promover a participação ativa dos alunos, pois além de representar o fruto de seu trabalho, é vista como motivadora da própria criatividade. Há também a ansiedade e o medo do fracasso integrados no sentido subjetivo da criatividade de modo contraditório à necessidade de criar.

Para minimizar a ansiedade que vivencia nos momentos do desenvolvimento, Roberta acaba evitando a utilização do espaço de sala de aula bem como a negociação do eixo central dos projetos; Isso acaba comprometendo a qualidade na comunicação entre os professores.

Subjetivação da prática com projetos no sentido subjetivo da criatividade.

A novidade, a produção ativa e a interatividade da pedagogia de projetos têm suscitado em Roberta o entusiasmo e a sensação de realização de si, emoções

motivadoras da necessidade de criar.

“Minhas melhores atitudes quando estou envolvida num projeto e que os meus alunos demonstram a sua criatividade.”

Notamos que alguns aspectos da prática que implicam momentos de tensão e conflito têm o potencial de contribuir para uma transformação qualitativa do sentido subjetivo da criatividade: a pesquisa, se vivida cada vez mais como atividade produtiva e problematizadora do conhecimento.

O Caso de Augusto

Identificamos três elementos centrais do sentido subjetivo da criatividade de Augusto. O primeira relaciona-se ao estado dinâmico de necessidade de criar, e à excitação diante do risco e do desafio ligado ao improviso. O segundo, a percepção do processo criativo como processo contextualizado em que a influência social tem lugar com uma sensação de auto realização e orgulho por si. O terceiro implica numa visão da criatividade como fonte de poder social implicando uma emoção conflitante em relação ao sentido subjetivo do outro social: desconfiança e descrédito.

As principais atividades da prática com projetos de Augusto foram a predominância da atividade de saída de campo, a homogeneidade na produção final dos alunos, a cooperação nas saídas de campo, o espaço natural como espaço de aprendizagem e utilização informal do espaço de sala de aula para os objetivos do projeto e a superação do livro didático como principal fonte de informação em favor das experiências de campo.

O sistema de comunicação se caracteriza principalmente pela falta de negociação quanto ao eixo central do projeto, pelas experiências de campo como principal objeto de comunicação e pela informalidade no exercício da liderança entre os professores.

Regulação da ação pedagógica a partir do sentido subjetivo da criatividade

Augusto acredita que a cooperação nas saídas proporciona segurança para que o grupo possa lidar a experimentação, busca as experiências de campo como objeto de comunicação, a informalidade na comunicação com os professores e a utilização informal do espaço de sala de aula como forma de viver sua criatividade de maneira espontânea, construindo uma identidade profissional diferenciada.

Augusto evita discutir o cerne dos projetos com seus pares, com a coordenação pedagógica ou com os alunos, pois receia ou a incompreensão de quem não reconhece o caráter prático dos projetos como sua principal característica ou a inveja