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A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Por:   •  28/3/2022  •  Ensaio  •  3.608 Palavras (15 Páginas)  •  56 Visualizações

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UNIVERSIDADE LA SALLE

MBA EM DIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO EM PRÁTICAS INCLUSIVAS NAS ORGANIZAÇÕES

INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Busca por Autonomia

O time de eventos da RD é formado por problem solvers (solucionadores de problemas) e, na visão de Denis, head da área, a presença de Samuel é fundamental para trazer a perspectiva de alguém que enfrenta desafios diários em um país com pouca acessibilidade.

Essa é a primeira oportunidade do Denis em ser gestor de uma pessoa com deficiência. Ele conta que manifestou esse interesse para a área de Talent Management e em agosto deste ano Samuel entrou na equipe com sua energia contagiante.

“A inclusão no time foi muito natural, as pessoas estavam muito empolgadas em recebê-lo”, diz. Houve uma preparação inicial da equipe para trazer mais informações sobre a deficiência visual na busca por um ambiente mais inclusivo. Quando Samuel chegou, foi recebido por um profissional que o auxiliou com a leitura do ambiente da empresa para possibilitar seu melhor deslocamento. As dificuldades surgiram. Denis relata que, no início, foi preciso realizar vários ajustes técnicos que ele não imaginava, como a adaptação do uso do Macbook para que Samuel conseguisse ter uma dinâmica fluida de trabalho.

Dinâmica de trabalho baseada no tratamento equitário e autônomo.

É dessa forma que Denis construiu seu relacionamento profissional com Samuel, e os dois fizeram um acordo desde o início: “Não queria o Samuel atuando apenas em projetos para pessoas com deficiência. Hoje ela atua com diversos projetos”, conclui.

Ter uma pessoa com deficiência em seu time, lhe proporciona sair totalmente da sua bolha. Sair da bolha, por exemplo em pensar como fazer reuniões online para pessoas surdas, ou se a rede social interna na empresa é acessível para cegos, ou então se a pessoa com deficiência física têm acesso a todos os espaços físicos na empresa. E o principal ponto, se de fato há inclusão, quantas pessoas incluem esse colega no dia-a-dia, além de trazer para consciência comportamentos e falas capacitistas.

Para que as nossas empresas possam ter um suporte nessa construção de um espaço inclusivo, podem contar com a Lei de Inclusão Brasileira e a Norma NBR9050. E já para as pessoas com deficiência, isso traz uma segurança para exigir que possam ter acesso a todos os espaços e de forma inclusiva.

A LBI tem como objetivo avançar na cidadania das pessoas com deficiência ao tratar de questões relacionadas a acessibilidade, educação e trabalho e ao combate ao preconceito e à discriminação. Ela cria um novo conceito de integração total. Questões que eram desconsideradas agora são discutidas no ambiente onde há uma pessoa com deficiência.

Realmente é um desafio, mas um desafio positivo, a inclusão quando bem realizada ela é ótima ferramenta não só para as pessoas com deficiência, mas para as outras pessoas também, já que elas vão encarar o mundo com maior diversidade. Todos ganham com a inclusão.

Essa importante luta, no entanto, não acaba com a aprovação da lei, mas apenas avança um passo. Por isso, mesmo com a norma em vigor, todos nós devemos, ainda, lutar diariamente pela efetivação desses direitos e sua regulamentação. Vale ressaltar que não basta a lei no papel para garantir os direitos. É preciso que ela seja implementada, de fato, inibindo qualquer tipo de preconceito e exclusão no convívio por parte de pessoas que ignoram alguns aspectos sobre o tema.

O Poder de Ser Aceita

Luciane foi uma das primeiras pessoas com deficiência a entrar na RD, sendo a primeira com autismo. O desafio de entrar em uma nova empresa, conhecer novas pessoas, era difícil por si só, mas ela ainda entrou em uma nova função na sua carreira. Muita ansiedade, não é mesmo? Não é assim que ela avalia! “Desde o início foi incrível ver as pessoas preparadas para me receber. Elas me aceitaram, sabe? A minha vida inteira as pessoas criticavam quando eu fazia algo diferente, fazia as coisas do meu jeito. Aqui foi diferente”, conta. Luciane entende que suas dificuldades são reais: ambientes barulhentos, com muita gente, tiram ela do seu eixo, a “desorganizam”. Metas demais a deixam ansiosa, querendo alcançar o objetivo planejado, e acabam a desgastando demais. O que ela não estava acostumada é com as outras pessoas entenderem essas dificuldades. “Eu tenho dificuldade de comunicar meus problemas, acho que consigo superar, mas muitas vezes é bem difícil. Sempre que eu falei que estava mal, estava precisando de ajuda, as pessoas me ouviram!”, diz. Não significa que toda a inclusão de uma pessoa com autismo seja fácil. Pelo contrário: exigiu muita dedicação e trouxe muitas situações adversas. Mudanças de posto de trabalho, adequação de demanda de trabalho, de horário de entrada e construção de relacionamento com os colegas — essa última a mais desafiadora — foram algumas das barreiras que surgiram. “Eu tive que entender meus limites, até onde eu conseguia ir no trabalho, nos ambientes. Tive muita sobrecarga, cheguei a ter sintomas mais sérios, e foi quando eu comecei a prestar mais atenção nisso.” Autoconhecimento é a palavra que define essa trajetória, porém, para Luciane, a palavra que define um bom programa de inclusão é escuta. Ser ouvida, ver as coisas mudaram quando ela apontava um problema, foi o que mais fez diferença para ela. “Tudo era novo, tanto para a empresa como para mim, a gente estava descobrindo os problemas juntos”, ela relata, trazendo junto a dica de “nunca impor as coisas para as pessoas com autismo, sempre ouvi-las antes, elaborar as estratégias junto”. Mais que tudo isso, a ideia que concretiza a história de Luciane é pertencimento.

Como é bom ser uma pessoa aceita em um time de trabalho, perceber que as pessoas estão ouvindo você com atenção, cuidado, com dedicação de ambas as partes, isto nos faz ter o sentimento de pertencimento. Na análise desse relato identificamos que o sentimento de pertencimento e a tão famosa “empatia”, aconteceram quando, o autoconhecimento das pessoas que a receberam neste posto de trabalho e o autoconhecimento da própria Luciane possibilitaram que eles conhecessem quais eram os seus gatilhos inconscientes e reconhecessem os seus preconceitos, dificuldades e quando eles surgiam, conseguiram ter o gerenciamento individual para fazer uma autorreflexão e a análise dos seus comportamentos exclusivos. Além disso, compraram a proposta de compreender a essência dos preconceitos

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