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A MULTIRREFERENCIALIDADE E O CONHECIMENTO: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POSSIBILIDADES DE PESQUISA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS.

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Por:   •  8/12/2014  •  3.207 Palavras (13 Páginas)  •  496 Visualizações

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A MULTIRREFERENCIALIDADE E O CONHECIMENTO: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS POSSIBILIDADES DE PESQUISA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS.

Maria Léa Guimarães da Silva - UFBA – mlguima18@yahoo.com.br

Suzana Gade Silva Oliveira – FVC – su.gade@yahoo.com.br

Edileuza Alves Pereira – FVC – edileuzaalvesster@gmail.com

“Devemos interrogar a ciência na sua história, no seu desenvolvimento, no seu devir; sob todos os ângulos possíveis” (MORIN, 2001:126)

Introdução:

A trajetória humana desde os primórdios sempre foi marcada, no campo das ciências, pelas discussões acerca de como se origina ou como se adquire o conhecimento. Muitas teorias e correntes filosóficas têm surgido para tentar explicar e responder tais questões. Basicamente três grandes correntes filosóficas se destacam: o empirismo que parte da experiência sensorial e defende que todas as nossas ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais (audição, visão, paladar, olfato e tato); logo o conhecimento seria adquirido essencialmente a partir da apreensão do mundo pelos sentidos, pela experimentação. Segundo Locke apud Hessen (1999), defendendo a ideia do empirismo, “Nada vem à mente sem ter passado pelos sentidos”; para ele “Nossa mente é como um papel em branco, desprovido de ideias”; nossas ideias são provenientes de nossas percepções sensoriais, ou seja, sem a experiência de uma coisa não há ideia dessa coisa.

O empirismo durante muito tempo e ainda hoje, exerceu grande influência nas pesquisas realizadas no Brasil e no mundo, especialmente nas abordagens quantitativas e em áreas ditas mais objetivas e mensuráveis, como a saúde e as ciências “duras”. Na educação, somente a partir do século XX especialmente na década de 30, com a criação do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais e posteriormente do INEP – Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos é que estudos e pesquisas mais sistemáticas começam a se desenvolver, encontrando, segundo Gatti (2001) um espaço de produção, formação e de estímulo.

A segunda corrente, que se contrapõe completamente ao empirismo, é o racionalismo, de René Descartes, considerado o pai da filosofia moderna, para quem somente através da razão humana trabalhando com os princípios lógicos, é possível atingir o conhecimento verdadeiro e “universalmente” aceito. O racionalismo defende que os princípios lógicos fundamentais seriam inatos, isto é, eles já estão na mente do homem desde o seu nascimento. Segundo esta corrente, a razão deve ser considerada como a fonte básica do conhecimento.

As contribuições de Descartes foram importantes para o desenvolvimento da ciência e tiveram grande influência no modo de fazer pesquisas na modernidade (idade média), refletindo fortemente até os dias atuais. O método cartesiano, criado a partir das suas ideias, traz como base, dentre outros aspectos, o ceticismo metodológico não exatamente no sentido da descrença total e absoluta a tudo e a todos, mas no sentido de que se deve duvidar de tudo o que não seja claro e distinto. Descartes instituiu a dúvida como fundamental para se chegar ao conhecimento, à “verdade”: só existe aquilo que pode ser provado.

Uma terceira corrente que pretende estabelecer o equilíbrio entre as duas anteriores e que servirá de base para introduzir a nossa discussão sobre multirreferencialidade, é a chamada de apriorismo ou criticismo de Kant que situa-se entre a experiência e a razão. De acordo com Kant (1781), embora todo conhecimento inicie-se a partir da experiência, ela sozinha não gera o conhecimento; é necessária a ação do sujeito para organizar os dados da experiência. Em seus estudos, Kant (1781 e 1789) procurou saber como é o sujeito a priori, ou seja, como ele é antes das experiências e conclui que o homem possui certas estruturas ou faculdades, denominadas por ele de “formas da sensibilidade e do entendimento” que possibilitam a experiência e determinam o conhecimento. Nesta lógica, a experiência forneceria a matéria do conhecimento ao passo que a razão se encarregaria de organizar essa matéria, com suas próprias formas e estruturas já existentes a priori no pensamento, originando assim o termo “apriorismo”.

Após Kant, muitos estudiosos e pesquisadores continuaram (e ainda continuam) se debruçando sobre a questão do conhecimento e do fazer ciência, gerando sempre novas teorias e requerendo formas diversas de pesquisar, inquirir, analisar e conhecer os fatos a fim de entender e intervir no mundo em que vivem. Instituições especializadas e de maneira peculiar as universidades dedicam-se às pesquisas tanto como forma de entender e explicar os fatos quanto como forma de justificar a sua razão de ser.

A ciência na modernidade caracterizou-se essencialmente pelo paradigma da racionalidade linear, técnica, instrumental, cujo conhecimento era expresso através de sínteses explicativas, chamadas de metateorias e legitimadas como modelos científicos plausíveis, dominantes e intelectualmente aceitáveis (MATALLO JR., 1989a; MINAYO, 2000).

A crise da ciência clássica e a ciência na pós-modernidade.

A modernidade científica, influenciada pelas correntes filosóficas empiristas e racionalistas e pelos métodos cartesianos, inflexíveis e unilaterais tem sofrido duras críticas na sociedade contemporânea ou pós-moderna. Santos (2001) critica os princípios e métodos da racionalidade científica, refletindo que, em primeiro lugar, tal modelo pressupõe a previsibilidade do comportamento dos fenômenos e, em segundo lugar, que o conhecimento gerado com base nessa previsibilidade futura, fundamentado na formulação de leis gerais, traz como pressupostos a ideia da ordem e da estabilidade do mundo, ideia de que os atos do passado se repetem no futuro, como se a sociedade e os fatos fossem rotativos, totalmente previsíveis e perfeitamente controláveis, já que se pode antever-se a eles.

Ainda sobre a ciência clássica moderna, MORIN (1996) apresenta algumas reflexões importantes para compreendermos seus atributos e sua relação com as concepções científico-metodológicas nos dias atuais. Para ele, a ciência moderna: sustenta-se nos pilares da certeza, da ordem, na separabilidade e lógica; identifica-se da contradição com o erro científico e estabelece separação entre o sujeito e o objeto considerando a subjetividade uma considerável fonte de erros. Morin considera que a ciência moderna estabelece, controla o que se deve ver/compreender

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